Buscar o Senhor na aflição - Alexandre Soledade
Bom dia!
Tiberíades era uma cidade muito importante para o império romano,
durante certo tempo foi a capital da Galiléia. Foi de lá que Jesus vinha antes
de chegar a Cafarnaum, cidade esta considerada a “base” de Jesus, pois lá
residiu e de sua redondeza saíram boa parte dos apóstolos.
Muitos milagres foram vistos em Cafarnaum; Jesus a considerava como sua
cidade, mas mesmo assim, mesmo com tantas demonstrações de amor, o povo
insistia em não se arrepender sendo talvez por isso justificado a forma mais
enérgica e exortativa ao se referir aos que o procuravam apenas por interesses.
“(…) Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês estão me procurando porque
comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus
milagres”.
E hoje, o que mudou? Jesus continua a operar, continua a curar, a fazer
milagres no nosso meio, mas a quantas anda nosso arrependimento?
É duro dizer isso, mas o texto do evangelho de hoje demonstra um Jesus
profundamente chateado com a demagogia na fala das pessoas ao omitir seus
verdadeiros interesses. Pessoas essas, e infelizmente ainda hoje, que vão à
busca de situações favoráveis transitórias, esquecendo do que pode ser
permanente e duradouro.
Quando buscamos ao Senhor, apresentamos o que na real queremos? E quando
recebemos ou somos atendidos, permanecemos junto dele ou também partimos até a
próxima vez que precisarmos?
Buscar o Senhor na aflição é bíblico e amplamente orientado nas
passagens do novo e antigo testamento; é bom, prudente e valioso esse contato
íntimo, mas não podemos ter Jesus como milagreiro e sim como Senhor. Temos a
ingrata “mania” de procurá-lo e logo em seguida esquecê-lo. Quantas pessoas
lotam reuniões e grupos onde se lê “semana da graça”, “corrente dos milagres” e
ao terminar somem?
Precisamos repensar essas concentrações sobre a ótica de alguns pontos
de vista:
O movimento interessante é ainda viável, mas precisamos repensar de quem
estamos fazendo propaganda: Jesus ou do milagre?
É importante que continuem acontecendo, mas saber de fato o que
esperamos: adoradores ou quantidade de gente?
Que tipo de pessoa queremos que surja desses encontros?
Adoro a idéia de acampamentos de oração promovidos pela Canção Nova.
Pessoas que se reúnem para louvar e ouvir a palavra de Deus. Ao se encontrar
assim deixamos sob a vontade plena de Deus tudo que ali acontecer.
Criamos concepções que geram expectativas nas pessoas. Precisamos
ensinar as pessoas que tudo acontecerá a seu tempo, pois Deus deseja muito o
nosso bem. Ouço essa política milagreira muito bem definida nas igrejas
neopentecostais, uma política onde o Espírito Santo é “empregado” com hora e
lugar marcado para “realizar” milagres mediante a NOSSA vontade (hunf!). É esse
tipo de respeito que temos com Deus?
“(…) Considerai os lírios, como crescem; não fiam, nem tecem. Contudo,
digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles. Se
Deus, portanto, veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã se lança ao
fogo, quanto mais a vós, homens de fé pequenina! Não vos inquieteis com o que
haveis de comer ou beber; e não andeis com vãs preocupações. Porque os homens
do mundo é que se preocupam com todas estas coisas. Mas vosso Pai bem sabe que
precisais de tudo isso. Buscai antes o Reino de Deus e a sua justiça e todas
estas coisas vos serão dadas por acréscimo. NÃO TEMAIS, PEQUENO REBANHO, PORQUE
FOI DO AGRADO DE VOSSO PAI DAR-VOS O REINO”. (Lucas 12, 27-32)
Um imenso abraço fraterno