Quarta-feira, 08/06/2011
Jo 17,11b-19
Neste Evangelho, dentro da semana de oração pela unidade dos cristãos, Jesus pede a Deus Pai para nós a mesma unidade que existe dentro da Santíssima Trindade: três pessoas tão unidas que formam um só Deus.
Quando a Bíblia fala que Deus nos criou à sua imagem, refere-se também a essa unidade que deve haver na família, na Comunidade cristã e em toda sociedade. Só assim reproduziremos em nós a imagem de Deus.
Por isso que Jesus disse: "Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome, eu estou aí no meio deles" (Mt 18,20). E o evangelista João explica: "Deus é amor, onde existe amor, Deus aí está" (1Jo). Se estivermos unidos no amor, Deus está presente em nós; se, ao contrário, estivermos desunidos, Deus fica longe de nós. E, sem ele, é claro, nada dá certo. A nossa unidade é como um novo Natal: Jesus nasce no meio de nós.
"Eu digo estas coisas para que eles tenham em si a minha alegria em plenitude." A união entre nós é o caminho, o único, para encontrarmos a alegria e a felicidade plenas.
Na Igreja primitiva, houve uma divisão entre os cristãos a respeito da necessidade ou não de circuncidar os cristãos vindos do paganismo. Fizeram uma reunião e chegaram a um acordo: não é necessária a circuncisão. Como é importante a reunião, para resolver as desavenças e os conflitos! Quanto desentendimento do passado a cinza já cobriu sem ser esclarecido! Na maioria dos casos, o que faltou foi uma informação correta sobre os fatos e as motivações, o que acontece na reunião. Quantas Comunidades vivem divididas em panelinhas e facções, e ninguém toma a iniciativa de convocar uma reunião, ou de chamar as partes, para que expliquem as suas posições!
Até casais às vezes ficam longo tempo emburrados um com o outro, unicamente por falta de diálogo e de esclarecimento mútuo!
"Que o vosso amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal e apegai-vos ao bem..." (Rm 12,9-21). Parece que S. Paulo resumiu nessas palavras as principais virtudes que sustentam a união da Comunidade.
Buscar a unidade é saber intuir quando o outro está alegre ou triste, e com ele partilhar, seja de sua alegria, seja de sua dor. É aprender a ver o bom e o belo que existe em cada um, e se admirar; é pedir perdão e esquecer as ofensas; é agradecer; é fazer o outro feliz; é permanecer junto com quem já não tem esperança...
Se estudarmos a História da Igreja, veremos que todos os santos e santas se destacaram pela busca da unidade.
Unidade não é uniformidade, isto é, querer que todo mundo seja igual. Isso destrói a unidade, pois cada um tem seu jeito e suas características. A união é a força que nos leva a passar por cima das diferenças, e até vê-las como um enriquecimento do grupo. "O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor não acaba nunca!" (1Cor 13).
"Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno." Nós fomos enviados ao mundo como luz; a luz é necessária justamente onde ela não existe. O importante é não sermos contaminados pelo mundo pecador, que é conduzido pelo Maligno. Somos fermento; o fermento deve estar misturado na massa, para fermentar, não para ser fermentado. "Tomai cuidado com o fermento dos fariseus".
Certa vez, uma tartaruga estava andando em uma estrada, à beira de um riacho, olhou para cima e viu uma águia voando lá nas alturas. A tartaruga sentiu inveja e quis voar também. Mas, por mais que se esforçasse, não conseguia nem sair do chão. Pediu, então à águia: "Águia, desça aqui e me leve para cima. Eu quero aprender a voar também!"
A águia veio, segurou a tartaruga com suas longas garras e foi para os ares. Lá em cima, a tartaruga contemplou as montanhas, as paisagens, as flores, as casas, os rios... Ficou deslumbrada. Antes ela não via mais que um palmo na frente do seu nariz, e agora teve uma nova visão do mundo.
Quando estava bem alto, ela disse à águia: "Águia, pode me largar agora, que eu vou voar sozinha". A águia a soltou. Adivinhe o que aconteceu. A tartaruga caiu e se esburrachou no chão! Por isso que até hoje as tartarugas têm o casco todo amassado.
Esta é uma fábula oriental. Viver na unidade é uma graça de Deus, que só conseguimos através da oração. Precisamos estar sempre apegados em Deus e nunca querer voar sozinhos pela vida. Se alguém disser: eu não preciso de Deus (Missa, comunhão, oração) para ser feliz, vai se esburrachar como a tartaruga. "Sem mim nada podeis fazer".
A mãe é o centro de unidade da família. Que a nossa Mãe Maria Santíssima, neste mês dedicado a ela, nos ajude a vivermos tão unidos que nos tornemos imagens vivas da Santíssima Trindade.
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