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29 de mai. de 2011

A ação do Espírito Santo na vida das comunidades -Frei Carlos Mesters, O.Carm

 

* Nos capítulos 15 a 17 do Evangelho de João, o horizonte se amplia para além do momento histórico da Ceia. Jesus reza ao Pai "não só por estes mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles" (Jo 17,20). Nestes capítulos, é constante a alusão à ação do Espírito na vida das comunidades depois da Páscoa.

* João 15,26-27: A ação do Espírito Santo na vida das comunidades

A primeira coisa que o Espírito faz é dar testemunho de Jesus: "Ele dará testemunho de mim". O Espírito não é um ser espiritual sem definição. Não! Ele é o Espírito da verdade que vem do Pai, será enviado pelo próprio Jesus e nos introduzirá na verdade plena (Jo 16,13). A verdade plena é o próprio Jesus: "Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida!" (Jo 14,6). No fim do primeiro século, havia alguns cristãos de tal modo fascinados pela ação do Espírito que já não olhavam para Jesus. Afirmavam que agora, depois da ressurreição, já não era preciso fixar-se em Jesus de Nazaré, aquele "que veio na carne". Dispensavam Jesus e ficavam só com o Espírito. Diziam: "Anátema seja Jesus!" (1Cor 12,3). O Evangelho de João toma posição e não permite separar a ação do Espírito da memória de Jesus de Nazaré. O Espírito Santo não pode ser isolado como uma grandeza independente, separada do mistério da encarnação. O Espírito Santo está inseparavelmente unido ao Pai e a Jesus. É o Espírito de Jesus que o Pai nos envia, aquele mesmo Espírito que Jesus nos conquistou pela sua morte e ressurreição. E nós, recebendo este Espírito no batismo, devemos ser o prolongamento de Jesus: "E vós também dareis testemunho!" Não podemos esquecer nunca que foi precisamente na véspera da sua morte que Jesus nos prometeu o Espírito. Foi no momento em que ele se entregava pelos irmãos. Hoje em dia, o movimento carismático insiste na ação do Espírito, e faz muito bem. Deve insistir cada vez mais. Mas deveria ter a mesma insistência para afirmar que se trata do Espírito de Jesus de Nazaré que, por amor aos pobres e marginalizados, foi perseguido, preso e condenado à morte e que, por isso mesmo, nos prometeu o seu Espírito, para que nós, depois da sua morte, continuássemos a sua ação e fôssemos para a humanidade a mesma revelação do amor preferencial do Pai pelos pobres e oprimidos.

 

* João 16,1-2: Não ter medo

 

O evangelho adverte que ser fiel a este Jesus vai trazer dificuldades. Os discípulos vão ser expulsos da sinagoga. Vão ser condenados à morte. Com eles vai acontecer o mesmo que aconteceu com Jesus. Por isso mesmo, no fim do primeiro século, havia pessoas que, para evitar a perseguição, diluíam a mensagem de Jesus transformando-a numa mensagem gnóstica, vaga, sem definição, que não contrastava com a ideologia do império. A estes se aplica o que Paulo dizia: "Eles têm medo da cruz de Cristo" (Gl 6,12). E o próprio João, na sua carta, dirá a respeito deles: "Há muitos impostores espalhados pelo mundo, que não querem reconhecer que Jesus Cristo veio na carne (se fez homem). Quem assim procede é impostor e Anticristo" (2Jo 1,7). A mesma preocupação transparece na exigência de Tomé: "Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei." (Jo 20,25) O Cristo ressuscitado que nos prometeu o dom do Espírito é Jesus de Nazaré que continua até hoje com os sinais da tortura e da cruz no seu corpo ressuscitado.

 

* João 16,3-4: Não sabem o que fazem

 

* Tudo isso acontece "porque não reconhecem o Pai nem a mim". Estas pessoas não têm a imagem correta de Deus. Têm uma imagem vaga de Deus na cabeça e no coração. O Deus deles já não é o Pai de Jesus Cristo que congrega todos na unidade e na fraternidade. No fundo, é o mesmo motivo que levou Jesus a dizer: "Pai, perdoa, eles não sabem o que estão fazendo' (Lc 23,34). Jesus foi condenado pelas autoridades religiosas porque, de acordo com o pensamento deles, ele teria uma falsa imagem de Deus. Nas palavras de Jesus não transparece ódio nem vingança, mas compaixão: são irmãos ignorantes que não sabem nada do nosso Pai.

 

Para confronto pessoal

 

1) O mistério da Trindade está presente nas afirmações de Jesus, não como uma verdade teórica, mas como expressão do compromisso do cristão com a missão de Jesus. Como vivo em minha vida este mistério central da nossa fé?

 

2) Como vivo a ação do Espírito na minha vida?

 

Oração final

 

Cantai ao Senhor um cântico novo, ressoe o seu louvor na assembléia dos fiéis.

Alegre-se Israel em seu criador, exultem em seu rei os filhos de Sião (Sl 149, 1-2).

 

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