O evangelho de hoje traz a parte final do Discurso do Pão da Vida. Trata-se da discussão dos discípulos entre si e com Jesus (Jo 6,60-66) e da conversa de Jesus com Simão Pedro (Jo 6,67-69). O objetivo é mostrar as exigências da fé e a necessidade de um compromisso firme com Jesus e com a sua proposta. Até aqui tudo se passava na sinagoga de Cafarnaum. Não se indica o lugar para esta parte final.
João 6,60-63: Sem a luz do Espírito não se entendem estas palavras. Muitos discípulos achavam que Jesus estava indo longe demais! Estava acabando com a celebração da Páscoa e estava se colocando a si mesmo no lugar mais central da Páscoa. Por isso, muita gente se desligou da comunidade e não ia mais com Jesus. Jesus reage dizendo: "É o espírito que dá vida, a carne para nada serve. As palavras que vos disse são espírito e vida". Não devem tomar ao pé da letra as coisas que ele diz. Só mesmo com a ajuda da luz do Espírito Santo é possível entender o sentido pleno de tudo que Jesus falou (Jo 14,25-26; 16,12-13). Paulo dirá na carta aos coríntios: "A letra mata, é o Espírito que dá vida à letra!" (2Cor 3,6).
João 6,64-66: Alguns de vocês não acreditam. Em seu discurso Jesus tinha se apresentado como o alimento que sacia a fome e a sede de todos aqueles e aquelas que buscam a Deus. No primeiro Êxodo, aconteceu a prova de Meriba. Diante da fome e da sede no deserto, muitos duvidavam de que Deus estivesse com eles: "Javé está ou não está no meio de nós?" (Ex 17,7) e murmuravam contra Moisés (cf. Ex 17,2-3; 16,7-8). Queriam romper e voltar para o Egito. Nesta mesma tentação caem os discípulos, duvidando da presença de Jesus na partilha do pão. Diante das palavras de Jesus sobre "comer minha carne e beber o meu sangue", muitos murmuravam igual ao povo no deserto (Jo 6,60) e tomam a decisão de romper com Jesus e com a comunidade. "voltavam atrás e já não andavam mais com ele" (Jo 6,66).
João 6,67-71: Confissão de Pedro. No fim sobram só os doze. Diante da crise provocada por suas palavras e seus gestos, Jesus se volta para seus amigos e amigas mais íntimos, aqui representados pelos Doze, e diz para eles: "Se quiserem, podem ir embora!" Jesus não faz questão de ter muita gente. Nem muda o discurso quando a mensagem não agrada. Ele fala para revelar o Pai e não para agradar a quem quer que seja. Prefere permanecer só, do que estar acompanhado por pessoas que não se comprometem com o projeto do Pai. A resposta de Pedro é bonita: "A quem iremos! Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus!" Mesmo sem entender tudo, Pedro aceita Jesus como Messias e crê nele. Em nome do grupo ele professa sua fé no pão partilhado e na palavra. Jesus é a palavra e o pão que saciam o novo povo de Deus (Dt 8,3). Apesar de todos os seus limites, Pedro não é como Nicodemos que queria ver tudo bem claro de acordo com as suas próprias idéias. Mesmo assim, entre os doze havia quem não aceitava a proposta de Jesus. Neste círculo mais íntimo existia um adversário (diabo) (Jo 6,70-71) "que come do meu pão, mas levanta o calcanhar contra mim" (Sl 41,10; Jo 13,18).
Para um confronto pessoal
1) Coloco-me na posição de Pedro diante de Jesus. Que resposta dou a Jesus que me pergunta: "Você também quer ir embora?"
2) Coloco-me na posição de Jesus. Hoje, muita gente está deixando de andar com Jesus. Culpa de quem?
Oração final
SENHOR, sou teu servo, sim, sou teu servo, filho de tua serva:
quebraste as minhas cadeias.
Vou te oferecer um sacrifício de louvor e invocarei o nome do Senhor. (Sl 115, 16-17)
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