Sábado, 25 de Dezembro de 2010
Evangelho - Lc 2,1-14
A Palavra se fez carne e habitou entre nós.
Este Evangelho, do dia do Natal, nos apresenta, numa visão mais ampla, o maior acontecimento da História: a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
João chama o Filho de Deus de Palavra, porque a sua missão junto a nós é parecida com a função da palavra. A palavra, falada ou escrita, é algo sensível que nos leva à idéia, algo abstrato. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade tornou-se visível para manifestar a nós Deus e as realidades transcendentes, que não estão ao alcance dos nossos sentidos.
O centro do Evangelho é a frase: “A Palavra se fez carne e habitou entre nós”. Este foi o jeito inventado por Deus para nos libertar do grande abismo em que a humanidade caiu, com o pecado. A porta do Céu se fechou para todos os seres humanos. Quando Jesus entrou no Céu, após a sua Ascensão, ele foi o primeiro ser humano a entrar no Céu, pois, devido ao pecado de Adão e Eva, o Céu fora fechado aos homens. Jesus entrou e abriu a porta, que permanecerá para sempre aberta.
“No princípio era a Palavra... tudo foi feito por ela.” Jesus, junto com o Pai e o Espírito Santo, são um só Deus. Todas as ações externas a Deus são realizadas pelas três Pessoas divinas juntas, embora haja atribuições. A criação é atribuída a Deus Pai, a redenção a Deus Filho e a nossa santificação ao Espírito Santo.
“Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; ultimamente, falou-nos por meio do seu Filho” (1ª Leitura). A Encarnação não foi a primeira tentativa de Deus de comunicar-se com os homens. Ele já lhes nos havia mostrado o seu rosto através da natureza, dos acontecimentos da história, dos profetas... Como não obteve uma resposta plena, veio pessoalmente falar conosco.
Numa comparação, podemos dizer que primeiro Deus mandou sinais aos homens (natureza e acontecimentos). Depois escreveu uma carta (Bíblia). Em seguida mandou recados (profetas). Por último veio pessoalmente.
“A Deus ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.”
“A luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la”. As forças do mal quiseram sufocar a luz, mas não conseguiram, e não conseguirão jamais.
“Veio para o que era seu e os seus não a acolheram.” Que constatação triste! Que os maus não acolham a Palavra encarnada, e a combatam, ainda vá lá. Mas os de dentro casa de Jesus, “os seus”, não o acolherem, é de se lamentar e muito. Que pelo menos agora no Natal, em meio às festas, não nos esqueçamos do Aniversariante!
“De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça.” Assim o evangelista descreve a riqueza de dons que Deus concede aos que acolhem o seu Filho.
O mal do pecado é principalmente a ingratidão. Mais do que por medo de castigo, devemos evitar o pecado para não ofender a Deus, pois amor com amor se paga, não com ingratidão.
No Natal, nós damos presentes. É para nos lembrarmos do grande presente que Deus Pai nos deu, o seu Filho. Receber esse presente é acolher bem a Jesus em nossa casa e em nosso coração. Desembrulhá-lo é procurar conhecer melhor a Jesus e o seu Reino, que tem a maior expressão na Igreja una, santa, católica e apostólica. Dizer muito obrigado é celebrar a liturgia do Natal, rezando e cantando com alegria.
Os agricultores usam uma técnica para reter a água da chuva quando o terreno é inclinado. É a chamado curva de nível. Fazem sulcos perpendiculares à inclinação jogando a terra para o lado de baixo. Assim, a água da chuva vai parando naqueles sulcos e regando toda a plantação.
Que bom se nós fizéssemos em nosso coração alguns sulcos. Vai doer, mas compensa, porque assim a chuva da graça de Deus não vai escorrer e ir embora. Muitos fazem o contrário: usam guarda-chuva, ou capa de chuva, para que a graça não os molhe.
“Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus nos enviou o seu Filho, nascido de uma Mulher” (Gl 4,4). Em Maria, nós temos o melhor exemplo de como acolher bem o Filho de Deus encarnado. Que ela nos ajude a celebrar bem o Natal.
A Palavra se fez carne e habitou entre nós.
Padre Queiroz
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