2 de Maio de 2011: 2ª feira
Evangelho - Jo 3,1-8
"SE ALGUÉM NÃO NASCE DA ÁGUA E DO ESPÍRITO, NÃO PODE ENTRAR NO REINO DE DEUS" – Nancy
Que maravilha: nascer da água e do Espírito! Como podemos interpretar o ato de nascer de novo após o nascimento do ventre materno?
O evangelista João narra neste texto o diálogo de Jesus com Nicodemos – chefe judaico, do grupo dos fariseus – que não conseguia compreender direito o que Jesus Cristo queria falar, referindo-se a "SE ALGUÉM NÃO NASCE DA ÁGUA E DO ESPÍRITO, NÃO PODE ENTRAR NO REINO DE DEUS."
Nicodemos se parece como muitos de nós, cristãos, que interpretamos as palavras de Jesus literalmente, ao pé da letra, como se nascer fosse restrito apenas, e tão somente, ao ato de expulsão do útero materno, num processo de parto natural.
Oras! O que Jesus falava estava muito aquém de tudo isso, era mais profundo e possuía um sentido figurado, pois a dimensão semântica do "nascer de novo da água e do Espírito Santo", enfatizada pelo Mestre, era uma frase expressiva com diferentes sentidos naquele contexto. Queria sim falar do nascer, do parto. Parto que dói na alma, que rompe barreiras, derruba estruturas, que exige mudanças de postura diante da sociedade... Talvez um parto muito mais demorado e doloroso do que o parto natural!
O nascer de novo para Jesus abarcava todo o nascer do espírito – nascer um "novo homem novo". Na verdade, uma conversão total: despir-se de tudo o que estava envelhecido, corrompido; morrer para todas as coisas materiais mundanas, e resplandecer num homem novo, renovado, restaurado, com novas posturas... Uma verdadeira metamorfose, similar à lagarta que perfura o casulo e, com uma nova roupagem, voa e encanta, livre de toda e qualquer amarra, transformada em linda borboleta.
Entretanto, diante da atitude precavida de Nicodemos, preso ao casulo, e indo à procura de Jesus à noite, para não ser visto pelo povo, questionamos: "Nicodemos não compreendia a proposta de Jesus Cristo sobre o Reino de Deus, ou o medo da represália dos israelitas o afastava da adesão ao projeto do Messias?"
Podemos até supor que o medo do martírio e os privilégios materiais, momentâneos, de ser do grupo dos fariseus, o impedia de ser um discípulo de Jesus. Mas Nicodemos sabia do poder e autoridade do Messias, humano e divino, dizendo, inclusive: "Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele."
Nicodemos, em seu íntimo, sabia que Jesus era o Messias, o enviado de Deus. Mas não o declarava "Rei e Salvador do Povo de Israel." Para isso, cremos, era necessário de sua parte: ousadia, coragem, determinação e muita fé para abandonar o grupo dominante, politicamente no poder, e optar por Jesus!
No entanto, a água que recebemos no batismo nos sinalizou com a identidade de cristãos, e o Espírito Santo nos foi soprado ao recebermos o dom da vida, razão mais que suficiente para seguirmos Jesus Cristo.
Como podemos avaliar a nossa caminhada como cristãos: já nascemos da água e do Espírito? Estamos nos preparando para entrar no Reino de Deus? Ou ainda permanecemos como Nicodemos num casulo, com medo de nos transformarmos livremente numa borboleta e voar pelos quatro cantos do universo como missionários de Jesus?
Que Jesus Cristo nos acolha em sua divina e infinita misericórdia, e nos agracie com as virtudes da fé e da coragem, a fim de que possamos afirmar, à sua semelhança, que "SE ALGUÉM NÃO NASCE DA ÁGUA E DO ESPÍRITO, NÃO PODE ENTRAR NO REINO DE DEUS"
Fraternalmente, abraços carinhosos.
Nancy – professora
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