Evangelho (João 13,21-33-38)
Terça-Feira 19 de Abril de 2011.
Antes de ser preso e crucificado, Jesus reuniu os seus apóstolos em torno da mesa e começou a despedir-se deles, e comovido testemunhava que um dos seus o entregaria. Imagina a cena, os discípulos se olhando, e buscando saber de quem Jesus estaria falando, alguns se perguntando: serei eu? Outros talvez por curiosidade ou por vontade de defender o seu mestre buscavam saber quem era, mas como está escrito nenhum dos presentes compreenderam a ordem que Jesus tinha dado a Judas Iscariotes: "O que tens a fazer, executa-o depressa". Na verdade naquele momento pairava no ar uma mistura de dúvida e insegurança, pois os discípulos já sentiam dentro de si que logo perderiam aquele que é a força, a coragem, e a luz em seus caminhos.
Jesus era o Bom Pastor que os acolhera, como também acolhera a muitos naqueles tempos difíceis, e sempre tinha uma palavra de conforto de fé e esperança. E agora como ficariam se levassem o seu mestre e pastor? Acostumados a ficarem com Jesus, a quem sempre recorriam nos momentos de dificuldades e dúvidas, e que sempre tinha uma resposta positiva para os seus problemas, não seria nada fácil ficar sem o seu líder.
Jesus estava dizendo que ficaria pouco tempo com eles, e que para onde Ele estava indo os seus não poderiam segui-lo, naquele momento, e isto talvez soasse de maneira confusa aos seus ouvidos naquele instante, e só mais tarde entenderiam a mensagem de Jesus. Simão Pedro seria capaz de tudo fazer por seu mestre, mas quando chegasse o momento oportuno ele o negaria e três vezes para seu próprio desespero.
Pedro era fiel ao seu mestre, e assim pretendia ser por toda a vida, mas humano como era possuía as suas limitações, estava sujeito a errar e a errar muito mesmo não querendo. Negaria Jesus por medo ou covardia? Não nos cabe aqui este julgamento, cabe a cada um de nós uma reflexão profunda sobre os nossos pensamentos e atitudes, que nos levam a praticar aquilo que não queremos praticar. Bem disse São Paulo: "Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero". O que nos leva a praticar o mal que não queremos, e deixar de fazer o bem que queremos?
São Paulo nos ajuda nesta reflexão, nos dizendo que se fazemos o mal que não queremos, não é por nós mesmos que fazemos, mas é por causa do pecado que mora em nós. E Jesus como filho de Deus entendia perfeitamente as nossas limitações humanas, e, por isto perdoava e ensinava sempre a importância do amor e do perdão.Só quem ama é capaz de perdoar, só quem ama é capaz de compreender as falhas humanas e ainda ajudar o outro a sair do caminho do pecado.
Judas com o seu gesto de traição deixa toda a humanidade perplexa diante do fato. Como pode um homem fazer tal atrocidade com uma pessoa tão boa como Jesus? Como pode alguém trair o mais puro de todos os homens, o filho de Deus, e, ainda por trinta moedas de prata? Ficamos sempre a questionar este fato, e repetidas vezes o julgamos e o condenamos. Por tradição o povo festeja a condenação de Judas queimando bonecos nas praças, e ruas das cidades. Quem somos nós para julgar e condenar alguém? Jesus antes de morrer na cruz, olhou para os Céus e ainda pediu perdão a Deus por todos os que o humilharam e contribuíram para a sua morte, com a célebre frase: "Pai perdoai-os porque não sabem o que fazem".
E muitas vezes não sabemos mesmo o que fazemos quando praticamos o mal para alguém, pode ser até mesmo um ato involuntário movido por sentimentos, por paixões incontroláveis, que fogem ao nosso entendimento. Por isto que Jesus nos ensina a importância da prática do amor em nossas vidas: "Amai os vossos inimigos". O amor é sofredor, é benigno, o amor não é invejoso, o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se importa inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera tudo suporta.
E para concluirmos esta reflexão, devemos lembrar ainda que Jesus foi humilhado diante dos homens, foi torturado e morto numa cruz porque muito amou. Fez isto por toda a humanidade, para que todos fossem livres do pecado e ganhassem a vida eterna. Cabe agora a cada um de nós fazer a nossa parte, aceitando o sacrifício de Jesus por nós, reconhecendo que Ele é o nosso Senhor e Salvador.
Deixemos, pois, o julgamento e a condenação para Deus que é Amor, e só Ele é capaz de praticar a verdadeira justiça no meio dos homens.
Amém.
Newton
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