27 de Abril de 2011: 4ª feira
Evangelho - Lc 24,13-35
Reconheceram-no ao partir o pão. E como poderiam não reconhecê-Lo, se sempre estiveram lado a lado nos mais diversos momentos de discipulado: evangelizando, pregando, profetizando, testemunhando e anunciando a Boa Nova do Senhor Jesus? Afinal, "Discípulo e Mestre" estão em comunhão, ou supõe-se que devam estar!
Mas o evangelista Mateus narra que, num primeiro momento, os dois discípulos apenas rememoravam o acontecido com o Mestre; pareciam consternados com tudo o que haviam vivido e presenciado naquela semana que antecedera a Páscoa, culminando com a morte de Jesus.
Mateus relata que a tristeza era tanta que eles estavam como que cegos: nada viam; não se davam conta de que ali se encontrava o Messias – aquele que fora vilipendiado, cuspido, açoitado, pregado numa cruz, morto e com eles ali, naquele instante, ressuscitado. Não o reconheceram de imediato, Ele era apenas mais um caminhante ao lado deles!
Atentemos então para o não reconhecimento, de imediato, da pessoa de Jesus naquele peregrino que caminhava com os seus próprios discípulos, e que à pergunta advinda dele sobre o que conversavam, ouve dos discípulos a revelação: "Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?" E prosseguem lamentando a crucificação de Jesus: "'O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram..."
Narrando, parte por parte, tudo o que acontecera com Jesus, os dois discípulos – num gesto de hospitalidade – convidam o peregrino para entrar, pois já estava tarde; a noite se achegava.
Jesus peregrino então senta com eles à mesa, gesto de comunhão característico da partilha com os irmãos, e naquela mesma atitude de tomar o pão em suas mãos, olha para o céu, abençoa o alimento e parte o pão, dividindo-o entre eles.
Eis que os discípulos caem em si, são libertos daquela cegueira e reconhecem que o peregrino que está ao lado deles é Jesus. Quão glorioso deveria ter sido esse encontro dos discípulos de Emaús com o mestre Jesus!
Jesus, entretanto, viera mesmo para dar cumprimento à sua missão, por isso retorquira: "Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?"
Jesus divino estivera sempre a serviço do Pai e precisava, pois, partir. Mas não sem antes partir o pão, que era Ele próprio como alimento perene. "Partir o pão" – gesto de doação e serviço; gesto sagrado da partilha do alimento de cada dia, exatamente como Jesus ensinava e fazia. Ele partia e repartia não apenas o pão material, mas também o pão espiritual que se proliferava qual fermento na massa num dia de calor, transbordante de amor incondicional.
Esse ato de partir o pão evoca em cada um de nós aquela melodia do Padre Zezinho, intitulada "Daqui do meu lugar", expressando brilhantemente a necessidade do pão para o sustento vital do ser humano, bem como o profundo significado desse pão – Jesus Cristo – na caminhada missionária de cada homem, de cada mulher.
Observemos atentamente as palavras dessa música do Padre Zezinho, constatando que dela brota uma fervorosa oração de comunhão com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo: a Trindade Santíssima.
"Daqui do meu lugar, eu olho teu altar,
E fico a imaginar aquele pão aquela refeição,
Partiste aquele pão e o deste aos teus irmãos,
Criaste a religião do pão do céu do pão que vem do céu,
Somos a igreja do pão,
Do pão repartido e do abraço e da paz,
Somos a igreja do pão,
Do pão repartido e do abraço e da paz,
Daqui do meu lugar,
Eu olho o teu altar,
E fico a imaginar aquela paz aquela comunhão,
Viveste aquela paz,
E a deste aos teus irmãos,
Criaste a religião do pão do céu do pão que vem do céu".
E nós, cristãos, do lugar em que estamos agora, podemos também reconhecer Jesus "vivo" em nosso viver? Olhamos para Jesus Cristo, reconhecendo-O como o pão estritamente necessário, sustentáculo nesta contemporaneidade? Vivemos, somos a igreja do pão repartido e do abraço e da paz? Ou ficamos apenas a imaginar aquele pão, aquela refeição, aquela paz, aquela comunhão? Imaginamos, apenas, toda esta religião cristã?
Que Maria, mãe de Jesus e da Igreja, interceda por todos nós junto ao seu Filho Jesus, para que possamos ver e sentir Jesus em cada irmão que sofre por exclusão material ou espiritual. Que tenhamos a graça de experimentar e testemunhar o mesmo sentimento dos discípulos, quando a presença de Jesus peregrinava com eles, reacendendo seus corações e declarando: "Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?"
Outros discípulos também O viram. Que conosco assim seja! Amém!
Abraços fraternos.
Nancy – professora
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