Sábado, 23 de abril de 2011
VÍGILIA PASCAL
Santos do Dia: São Jorge (mártir), Santo Adalberto (bispo e mártir), Félix, Fortunato e Aquiles (mártires), Geraldo de Toul (bispo), Ibar de Meath (bispo), Marolo de Milão (bispo).
Primeira leitura: Gênesis 1, 1-31; 2, 1-2.
Deus viu tudo quanto havia feito e eis que tudo era muito bom.
Salmo responsorial: 103, 1-2.5-6.10.12-14.24.35.
Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai.
Segunda leitura: Gênesis 22, 1-18.
O sacrifício de nosso pai Abraão.
Salmo responsorial: 15,5.8-11.
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio.
Terceira leitura: Êxodo 14,15 - 15,1.
Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto.
Salmo responsorial: Êxodo 15,1-6.17-18.
Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!
Quarta leitura: Isaías 54, 5-14.
Com misericórdia eterna, eu o teu Senhor, compadeci-me de ti.
Salmo responsorial: 29, 2.4-6.11-13.
Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!
Quinta leitura: Isaías 55, 1-11.
Vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno.
Salmo responsorial: Isaías 12, 2-6.
Com alegria bebereis do manancial da salvação.
Sexta leitura: Baruc 3,9-15.32-4,4.
Marcha para o esplendor do Senhor.
Salmo responsorial: 18, 8-11.
Senhor, tens palavras de vida eterna..
Sétima leitura: Ezequiel 36,16-17a.18-28.
Derramarei sobre vós uma água pura e dar-vos-ei um coração novo.
Salmo responsorial: 41, 3.5; 42,3-4.
A minh'alma tem sede de Deus.
Epístola: Romanos 6,3-11.
Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais.
Salmo responsorial: 117, 1-2.16-17.22-23.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!.
Evangelho: Mateus 28, 1-10.
Ele ressuscitou e vai à frente para a Galiléia.
A vigília pascal tem início com a experiência do fogo novo. Luz e fogo iluminam, pouco a pouco, o recinto sagrado. Nossa história tem sido uma história de trevas e de morte, uma história que parece não poder ver uma saída.
Mas da tumba vazia surge a luz; da morte surge o fogo-luz que nos faz acreditar na vida, que podemos encontrar o caminho em meio à escuridão, que a morte não é a última palavra para o homem. Pelo fogo novo, pela luz do Círio Pascal, pela lua cheia que ilumina o firmamento nesta noite pascal, experimentamos em nossa vida as conseqüências da Ressurreição de Jesus.
As leituras nos conduzem da experiência da criação à tumba vazia, porque Ressurreição é agradecer aos irmãos pelos dons gratuitos de Deus que rodeiam nossa existência. É viver, como o povo de Israel, a experiência da saída da escravidão à liberdade, uma experiência que passa pelo contato com a água do Mar Vermelho e, para nós, pelas águas batismais; um caminho guiado pela coluna de fogo e pela nuvem que conduz Israel da experiência da morte à vida.
A benção do fogo novo
Em meio às trevas do pecado e da morte, a benção do fogo novo tem como finalidade proporcionar a chama para acender o Círio Pascal, que representa o Cristo Ressuscitado. À medida que o Círio avança, o Templo vai sendo iluminado e da chama do Círio se acendem as velas dos presentes; as trevas se dissipam quando se propaga a salvação a partir do Ressuscitado. O Círio Pascal permanecerá no Templo o ano todo, como símbolo e memorial da celebração pascal.
A proclamação da Ressurreição
O canto da Proclamação Pascal (Exsultet) é o ponto culminante da liturgia da luz. Nele se proclama a propagação da luz no mundo que dissipa as trevas do pecado, guia os hebreus na saída do Egito, devolve aos homens a Graça, restaura a inocência aos caídos e aos tristes a alegria, enterra os ódios, prepara a concórdia e dobra o orgulho.
A liturgia da Palavra
As diferentes leituras do Antigo Testamento permitem contemplar através da história de Israel como se propagou a luz salvífica desde a criação. Estas leituras nos recordam também que a história da salvação é nossa própria história e exorta ao compromisso de todos e de cada um com esta história. Aqui apresentaremos apenas quatro, das sete leituras que a liturgia compreende.
Primeira Leitura – Gênesis 1,1-2,2a – A Criação
Temos o primeiro relato da criação. Toda criação é a obra do amor de Deus Pai que quis preparar para o homem um lugar bonito e adaptado à sua dignidade de imagem de Deus. Ao ser humano corresponde o compromisso de continuar e conservar essa criação.
Segunda Leitura – Gênesis 22,1-18 – O sacrifício de Isaac
A leitura da salvação de Isaac nos coloca diante das exigências da experiência de fé de Abraão: aceitar que somente Deus sabe como dirige a história da salvação. Da mesma maneira que para o povo de Israel, nossa história deve se fundamentar única e exclusivamente na vontade daquele que livremente dispõe da história, e em virtude dessa liberdade deixou Isaac vivo.
Terceira Leitura – Êxodo 14,15-15,1 – A passagem do Mar Vermelho
Os israelitas eram escravos no Egito, era um povo submetido a outro povo. Mas Deus viu a miséria e as penalidades do povo, escutou seus clamores e abriu um caminho de salvação ao povo escravo, salvando Israel do poder do Faraó.
Quarta Leitura – Isaías 54,5-14 – Com misericórdia eterna te quer o Senhor
O Profeta Isaías nos descreve com belas figuras uma vida nova, essa nova criação que Deus Pai levou à plenitude em seu Filho Jesus Ressuscitado.
Hino do Glória
A alegria da comunidade pela ressurreição do Senhor se expressa com o Hino do Glória, hino de ação de graças em que o povo entoa ao mesmo tempo em que ressoam os sinos do Templo e se volta a ouvir a música. Com o canto dos anjos estamos confessando que Jesus, o Messias crucificado, segue vivendo porque foi ressuscitado por Deus que o glorificou para sempre.
Epístola – Romanos 6,3-11 – Cristo ressuscitado já não morre mais
Na carta aos Romanos, o apóstolo Paulo nos ensina que pelo batismo também o cristão passa da morte à vida. Esse mistério pascal de Jesus, mistério de morte e ressurreição é nosso próprio mistério, porque o cristão, mediante o batismo, está morto para o pecado e vivo para Deus.
Em Cristo Jesus o cristão vive o mistério de Cristo morto e ressuscitado cada dia nos momentos de tristeza e alegria, de enfermidade e saúde, quando pecamos e sentimos que Deus Pai nos acolhe com misericórdia. Essa realidade é vivida especialmente nos sacramentos. Cada sacramento que recebemos é uma re-atualização do mistério Pascal e isto vemos claramente no texto de Romanos que acabamos de ouvir.
Salmo 117,1-2.16-17.22-23
Só sentimentos de gratuidade a Deus se experimentam ao considerar sua obra em Jesus Cristo. A pedra angular do Templo de Jerusalém reconstruído foi a pedra de escândalo. Agora um universo novo, construído sobre a pedra angular, Cristo, se estabeleceu no dia em que Jesus ressuscitou.
Evangelho – Lucas 24,1-12 – Não está aqui, ressuscitou
A narração da tumba vazia do Evangelho de Lucas atribui à fala dos anjos o significado da Ressurreição de Jesus para as mulheres que foram ao sepulcro ao amanhecer do primeiro dia da semana, e para todos nós: não podemos buscar Jesus entre os mortos, porque está vivo no meio de nós.
Somente nos cabe descobrir o rosto de Jesus nas inúmeras pessoas que passam pela fome, nas crianças tristes e desnutridas, nas mulheres que necessitam de um pedaço de pão para elas e para seus filhos, no homem mal cheiroso que está ao nosso lado, em todos os homens e mulheres que, por diferentes caminhos, buscam Jesus.
A tumba vazia não é uma prova da ressurreição de Jesus, mas a pergunta que só terá resposta quando se aceita viver a experiência de Jesus ressuscitado.
Os apóstolos não acreditaram no que as mulheres narraram. Entre os judeus as mulheres não eram pessoas confiáveis: muita mulher, muita mentira, afirmava-se entre os judeus. Entretanto, viveram a experiência de Jesus vivo. Pedro comprovou que a tumba estava vazia. Assombra-se, mas não consegue viver a experiência pascal.
A liturgia batismal
Não há melhor ocasião do que a Vigilia Pascal para refletir sobre a nossa incorporação a Cristo e para fazer memória de nossa incorporação a ele. A Vigília Pascal é também celebração batismal: celebramos os batismos, renovamos as promessas batismais.
Nesse momento temos que ter em mente a melhor explicação sobre o batismo, dada pelo apóstolo Paulo na Epístola aos Romanos, lida na Liturgia da Palavra. São Paulo ensina que ser batizado significa passar com Cristo da morte à vida e assinala as conseqüências éticas desta conformação com o destino histórico de Cristo: se morremos com Cristo, já não devemos mais pecar, porque entramos em uma nova vida.
Liturgia Eucarística
Repletos de sentimento de alegria, compartilhamos a Eucaristia, por meio da qual realizamos o mandamento que recebemos do Senhor de fazer memória dele: Fazei isto em minha memória.
A recordação que agora fazemos de Jesus, o Senhor, não consiste na pura evocação de uma história perdida no passado. Recordar agora significa para nós fazer a experiência da vida nova. Jesus, mesmo tendo morrido, vive para sempre.
Jesus, ressuscitado, está vivo junto de Deus Pai para todo o cosmos. Cada vez que compartilhamos este pão e este cálice, como irmãos, queremos comungar com a vida que Ele vive e que Ele quer também para todos para sempre.
No hemisfério norte, de onde provém o cenário da vida histórica de Jesus, a primavera chega agora à sua plenitude: estamos no chamado equinócio da primavera. A celebração da ressurreição de Jesus tem, por isso, sabor de primavera, de água fresca, brotos que surgem por todas as partes nas plantes; e o perfume das flores de todas as cores.
A natureza nos presenteia com a impressão de um mundo que começa a germinar a nova vida. A celebração da ressurreição de Jesus tem lugar também no dia da lua cheia, na festa da luz.
Assim como os cristãos de todos os tempos, queremos também nós amanhecer nesta festa num mundo novo, que poderá se tornar realidade se assumirmos o projeto de Jesus de Nazaré, que é o evangelho. Deus é o fundamento da permanência da vida, mesmo que a partir da morte, de uma forma que não conhecemos e que não tem expressão.
Missionários Claretianos
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