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21 de abr. de 2011

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Missionários Claretianos


Sexta-feira, 22 de abril de 2011


PAIXÃO DO SENHOR

Santos do Dia: Abdieso (diácono, mártir da Pérsia), Acésimo de Hnaita (bispo, mártir), Agapito I (papa), Aitala da Pérsia (mártir), Ambrósio da Pérsia (mártir), Apeles e Lúcio (mártires de Esmirna), Azadane, Azade e Companheiros (mártires da Pérsia), Caio (papa, mártir), Leão de Sens (bispo), Leônidas de Alexandria (mártir), Miles, Mareas, Bicor e Companheiros (mártires da Pérsia), Oportuna de Montreuil (virgem, abadessa), Parmênio, Helimenas, Crisóteles, Lucas e Múcio (mártires da Babilônia, na Pérsia), Rufo de Glendalough (eremita), Senorina de Basto (monja, virgem), Sotero (papa), Tárbula da Pérsia (virgem, mártir), Teodoro de Anastasiópolis (bispo), Teodoro de Sykeon (bispo).

Primeira leitura: Isaías 52, 13 – 53,12.
Ele foi ferido por causa de nossos pecados.
Salmo responsorial: 30, 2.6.12-13.15-17.25.
Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
Evangelho: João 18, 1 - 19, 42.
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João

O quarto poema do Servo de Javé (primeira leitura) mostra um personagem paciente e glorificado. Trata-se da narração que se faz da paixão, morte e triunfo da personagem, caracterizada por uma introdução e epílogo que o autor coloca na boca de Deus.


O conteúdo é claríssimo. A doutrina da retribuição considera o sofrimento como conseqüência do pecado; aqui um inocente sofre, enquanto que os culpados são respeitados. Mais surpreendente ainda é que o humilhado triunfe e que um morto continue vivendo. O mesmo texto proclama que se trata de algo inaudito.

A biografia do servo é apresentada de uma maneira resumida: nascimento e crescimento (15,2), sofrimento e paixão (3,7) condenação e morte (8), sepultura (9) e glorificação (10-11ª). Os que narram os acontecimentos participam deles; são transformados e se dão conta dessa transformação.

Deus confirma a mensagem com seu oráculo. Anula o juízo humano declarando inocente a sua paixão e morte foi como uma intercessão pelos demais e o Senhor escutou. O triunfo do Servo é a realização do plano do Senhor (v. 10).

Se depois de ler o texto nos perguntamos: quem é esse personagem que sofre até a morte e continua vivo? Quem ele nos lembra? Sem dúvida, a figura se parece com Moisés, ou Josias, talvez Jeconias, o desterrado, ou o profeta Jeremias.

Alguns pensam que é o mesmo servo dos cantos precedentes, outros o identificam com o profeta Isaias II, para outros é o povo judeu e o pequeno resto de Israel. Um coisa é evidente: Jesus, o Messias, quis modelar sua vida de acordo com o servo de Isaias 53.

Cristo tinha muito clara a idéia de que ele devia sofrer e morrer e estes eram elementos de sua missão redentora. Sua identificação com o servo de Javé em Mc 14,24 e seus paralelos, sacrificado por todos, é evidente. O Filho do Homem vem cumprir sua missão de Servo de Javé. A partir de que momento se reconhece Cristo como Servo de Javé?

Desde o Batismo (Mc 1,11 paralelo Is. 42,1). Em João também aparece muito a idéia da identificação de Cristo com o Servo. Então não é uma identificação posterior feita pela comunidade cristã, mas é anterior a ela. É possível que o autor não tenha compreendido a significação completa e total, talvez não tenha pensado em Cristo, porém sim em um personagem posterior que realizaria a intercessão total.


Hebreus 4,14-16; 5,7-9: Deus o proclamou sacerdote segundo a ordem de Melquisedec

O autor da carta aos Hebreus apresenta Jesus como Sumo Sacerdote, não somente como o responsável pelo sacrifício, como era no AT, mas como o homem cheio de misericórdia, que assumiu todos os sofrimentos do ser humano até a morte, de tal maneira que se converteu em modelo para todos os homens. Sua vida esteve sempre condicionada à vontade do Pai, mesmo no sofrimento.

A este sumo sacerdote podemos nos aproximar com liberdade, sem medo, porque seu trono está repleto da graça e por sua misericórdia podemos conseguimos o apoio necessário.

Cristo foi chamado por Deus da mesma maneira que Aarão e segundo a ordem de Melquisedec, porém já não para oferecer sacrifícios e oblações, porque ele mesmo é a vítima. É o novo tipo de sacerdote que proporciona a salvação a quantos se aproximam dele e sua grande tarefa é conduzir-nos ao Pai.

Leitura da Paixão: Jo 18,1-19,42

A narrativa da paixão, segundo João, nos apresenta a imagem de Jesus que o evangelista quis estabelecer através de todo o seu evangelho: um Jesus que é a revelação do Pai, ao mesmo tempo a plenitude do amor. Ainda pendente da cruz, sua vida e sua morte é uma vitória, porque "tudo está consumado" como era a vontade do Pai.


As Orações Comunitárias

As orações que a liturgia nos propõe expressam os sentimentos que movem a comunidade cristã. A universalidade dessa oração inclui ainda as pessoas que não pertencem à Igreja e que não acreditam em Deus. A morte de Jesus é uma proposta para que todos, unidos, participemos realmente da nova história que surge da cruz vitoriosa.

Reflexão para hoje

A morte foi o grande mistério que preocupou o homem através de toda sua história. Pois, ainda que se tenha pretendido negar todas as verdades, contudo há uma que sempre o persegue e nunca conseguiu rejeitar: a realidade da morre. Nem sequer os ateus mais recalcitrantes se atreveram a negar que eles também devem morrer.

Para o pagão, a morte era uma tragédia; os pagãos não tinham idéias claras sobre o além, por isso nem mesmo admitindo uma existência no além da tumba, dita existência estava rodeada de obscuridade e enigmas. Além disso, nem todos admitiam ama vida depois da morte pois a morte era um desaparecer total, o fim de todas as esperanças, a frustração de todos os anseios. Os próprios judeus aceitavam a ressurreição, porém a dilatavam até o fim da história.

Para os discípulos, a situação era muito desalentadora; eles esperavam um Messias terreno que iria reviver as glorias do reinado de Davi e Salomão. Porém, suas ilusões se desvaneceram como a espuma. Essa sensação de desalento está claramente expressa em um dos discípulos de Emaús:

Nós esperávamos que ele iria resgatar Israel; contudo, já se passaram três dias eu estas coisas acontecera (Lc 24,21).

A morte de Jesus havia sido um acontecimento trágico. Os seus inimigos haviam alcançado o seu objetivo: tirá-lo do meio. Os fariseus o queriam longe, porque havia desmascarado sua hipocrisia; os sacerdotes, porque havia denunciado o vazio de um culto formalista; os saduceus, porque havia refutado a negação da ressurreição; os ricos, porque Jesus havia condenado a injustiça praticada; os romanos, porque pensaram que era um sedicioso.

Jesus morreu abandonado por todos; seus discípulos fugiram, os judeus o desprezavam; o Pai se fez surdo ao seu clamor; essa tarde na cruz carregava o corpo de um injustiçado, condenado pela injustiça humana e rejeitado por seu povo.

Parecia que o ódio tivesse vencido sobre o amor; o poder sobre a debilidade do homem; a treva sobre a cruz; a morte sobre a vida. Aquela tarde, quando as trevas caíram sobre o monte Calvário, parecia que tudo havia terminado e os inimigos de Jesus tinham colocado um fim e agora poderiam descansar tranqüilos.

Porém, eis que do mais profundo dos acontecimentos, a realidade era diferente. Jesus não era um vencido, e sim um triunfador; não foi aprisionado pela morte, mas que se havia libertado de seu abraço mortal; o que parecia ignomínia se transformou em glória; o que muitos pensavam que era o fim, não era senão o começo de uma nova etapa da história da salvação. A cruz deixou de ser um instrumento de tortura, para converter-se no trono da gloria do novo rei e a coroa de espinhos colocada em sua cabeça é agora um diadema de honra.

Ao morrer, Jesus deu um novo sentido à morte, à vida e à dor. A pergunta desesperada do homem sobre a morte encontrou uma resposta. Porém, isto não significa que possamos cruzar os braços e contentar-nos com mostrar que a morte de Jesus significou uma mudança na vida da humanidade.

Essa mudança deve manifestar-se em nossa existência porque ele não aceitou sua morte com a resignação de quem se submete a um destino fatal, mas como quem aceita uma missão de Deus.

Por isso, sua morte condena a injustiça dos crimes e assassinatos, porém nos pede para fazer algo contra a injustiça porque não somente condena a exploração dos oprimidos, mas que pode melhorar sua situação. A morte de Jesus,por um lado é uma rejeição do abandono das multidões.

Por outro, exige de nós que nos aproximemos do desvalido, daquele que jaz nas trevas, que mora à margem da sociedade, presente nos seqüestrados, nos prisioneiros, nos enfermos e nos ignorantes. Toca a nós assumir o grito de desespero que Jesus pronunciou quando disse "Pai, por que me abandonaste?" e convertê-lo em grito de esperança: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito".

 

Missionários Claretianos

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