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27 de abr. de 2011

Jesus aparece aos dois seguidores que estavam indo para um povoado chamado Emaús - Alexandre Soledade,

Partilha do Evangelho - 27/04/2011

(quarta-feira)

alexandre_soledade@hotmail.com

SOMOS DISCÍPULOS RUMO A EMAÚS

Lucas 24,13-35

Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que fica a mais ou menos dez quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, mas alguma coisa não deixou que eles o reconhecessem. Então Jesus perguntou: - O que é que vocês estão conversando pelo caminho? Eles pararam, com um jeito triste, e um deles, chamado Cleopas, disse: - Será que você é o único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá, nestes últimos dias? - O que foi? - perguntou ele. Eles responderam: - O que aconteceu com Jesus de Nazaré. Esse homem era profeta e, para Deus e para todo o povo, ele era poderoso em atos e palavras. Os chefes dos sacerdotes e os nossos líderes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram espantados, pois foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Voltaram dizendo que viram anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns do nosso grupo foram ao túmulo e viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus. Então Jesus lhes disse: - Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória. E começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os Profetas. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez como quem ia para mais longe. Mas eles insistiram com ele para que ficasse, dizendo: - Fique conosco porque já é tarde, e a noite vem chegando. Então Jesus entrou para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Então eles disseram um para o outro: - Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas? Eles se levantaram logo e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam: - De fato, o Senhor foi ressuscitado e foi visto por Simão! Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de hoje – Ed. Paulinas

Bom dia!

Tudo indica que um dos discípulos de Emaús (Cleófas) era o pai de Judas Tadeu e Tiago, ambos apóstolos. O que impedia, segundo estudos recentes, o próprio tio de Jesus de reconhecê-lo pelo caminho? E a nós? O que nos impede ainda de ver a Jesus ressuscitado?

Tristeza, a falta de fé, a descrença, o orgulho, a vaidade, o desamor, a perca da esperança, a decepção, a ansiedade, a urgência, (...) nos cobrem os olhos a graça da presença de Jesus em nosso meio. "(...) Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, MAS ALGUMA COISA NÃO DEIXOU QUE ELES O RECONHECESSEM". Em virtude disso, e de outros fatores, deixamos de ver Deus a nos cercar e também de vê-lo no irmão ao nosso lado.

Algo brotou nessa reflexão: O quanto sou igreja? Consigo ver no irmão de outra pastoral ou movimento a face de Jesus? Consigo ver no irmão que perambula pela rua a imagem do seu Senhor? Sou igreja ou uma identidade? Parecem perguntas desconexas, mas tem muito haver com a reflexão.

Alguns movimentos e pastorais sucumbem ou sofrem por falta de humildade ou de apoio. Muitos, como os discípulos de Emaus, andam com o Senhor, mas não o reconhecem, pois esquecem que são igreja quando se apegam a uma identidade pastoral para justificar suas faltas com a igreja como um todo. "Batem no peito" o nome do seu grupo ou movimento, esquecendo o principal: VER JESUS, A PRÓPRIA CABEÇA DA IGREJA.

Essa cegueira (ou seria miopia) que fez sucumbir a teologia da libertação, que apesar de ser muito preciosa e bem fundamentada, agarrou-se ao partidarismo político abandonando a oração e conseqüentemente a Jesus. Essa cegueira, como dos discípulos de Emaús, tem sinais bem clássicos:

Marcam reuniões nos horários de missas e celebrações, não participam e tão pouco ajudam nas festas comunitárias; não acatam ou aceitam regras de horários; nas missas esquecem da liturgia, não ajudam na campanha da fraternidade, no natal, no advento; não fazem ações sociais; mas no quesito "CRÍTICA", são imbatíveis! (risos).

Quando limito propositalmente meu olhar esqueço paulatinamente os propósitos de Cristo. Quando vejo que precisam do meu serviço, da minha ajuda, da minha atenção, mas limito a ajudar os meus, grandemente me equivoco.

Veja na primeira leitura. Se Pedro fingisse não ver o problema do coxo, não teria compreendido o quanto Deus habitava em seu coração

"(...) Quando viu Pedro e João entrando no Templo, o homem pediu uma esmola. Os dois olharam bem para ele e Pedro disse: 'Olha para nós!' 5O homem fitou neles o olhar, esperando receber alguma coisa. 6Pedro então lhe disse:'Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,levanta-te e anda!'". (Atos 3, 3-6)

Esse evangelho nos apresenta um alerta: MESMO CAMINHANDO COM JESUS, SENDO SEU PRÓXIMO, ESTUDANDO SUA PALAVRA, SEM A DIVINA SENSIBILIDADE E A DOCILIDADE EM OUVIR, NÃO CONSEGUIREMOS RECONHECÊ-LO.

Preciso rever minhas falas e meus conceitos sobre ser igreja. Será que ficar só numa sala rezando é ser igreja? Será que fazer uma ação social sem rezar é ser igreja? Em ambos os casos, é e não é! Frei Faustino Paludo (referencia em liturgia da CNBB) certa vez disse que receber a eucaristia sem meditar a consequência do nosso pecado "como" e "na" comunidade torna nossa comunhão incompleta. "Sou santo", mas não me misturo; vou à igreja todos os dias, mas não mudo minha forma de lidar com as pessoas... É preciso rever isso!

Ainda estamos vivendo a páscoa, a espera de Pentecostes, mas não podemos esquecer nossos dons, o que aprendemos, por medo ou preciosismo.

Sim, parece utopia, mas busquemos completar o gesto eucarístico de cada dia com ações, a começar enxergando o que minha comunidade igreja precisa.

Para terminar deixo a reflexão proposta pela CNBB

"(...) Este trecho nos mostra todas as etapas do trabalho evangelizador. Inicialmente, as pessoas estão caminhando em comunidade. NINGUÉM CAMINHA VERDADEIRAMENTE QUANDO ESTÁ SOZINHO. Jesus é o verdadeiro evangelizador, que entra na caminhada das pessoas, caminha com elas. DURANTE A CAMINHADA, FAZ SEUS CORAÇÕES ARDEREM, PORQUE DESPERTA NELES O AMOR, PERMANECE COM ELES, FORMANDO UMA NOVA COMUNIDADE, E SE DÁ VERDADEIRAMENTE A CONHECER QUANDO AS PESSOAS DÃO RESPOSTAS CONCRETAS AOS APELOS DO AMOR, fazendo com que elas sejam novas testemunhas da ressurreição". (CNBB)

Um imenso abraço fraterno.

Alexandre Soledade

Paróquia N. Sra. Aparecida

 

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