5 de Abril de 2011: 3ª feira
Evangelho - Jo 5,1-16
Jesus Cristo nos fala diariamente através da natureza, desde o nascer do sol que explode em energia e nos aquece, a cada nova manhã, até o irradiar da luz celestial que é a sua própria luz.
À luz do evangelho somos infinitamente agraciados por Deus, diariamente! E hoje, Jesus vem nos falar através do evangelho narrado por São João, um dos mais queridos discípulos do Mestre.
Neste cenário literário podemos refletir sobre a forte influência da vinda do Messias, encarnado aqui na Terra e ungido pelo Senhor, com a precípua finalidade de salvar não apenas o povo de Israel, mas toda a humanidade.
Tentemos nos aprofundar um pouco mais sobre esse fato misterioso e histórico, para compreendermos a revolução oriunda dessa vinda do Filho do Homem entre os judeus, naquele tempo e contexto em que as leis mosaicas do Antigo Testamento eram rigorosamente cobradas, cumpridas, principalmente a referência ao sábado, considerado o Dia do Senhor.
Lembremos que o sábado era um dia dedicado à oração, à adoração ao Senhor, subentendendo que nenhum trabalho deveria se realizar nesse dia. Era um dia de descanso! A observância do sábado para os judeus sobrepujava tudo e todos, até mesmo a promoção pela vida.
Jesus, o enviado do Pai, respeitava o sábado. Orava constantemente, anunciava a Boa Nova, mas acima de tudo cumpria a Lei integralmente: "Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo." Estes eram e permanecem inalteráveis como preceitos fundamentais da Lei de Deus e do seu amado filho Jesus.
Oras, podemos dizer, nesses mandamentos jazia a maior virtude humana: o amor! O amor a Deus, o amor por si mesmo e pelo irmão que sofre, independentemente de dia, hora, local, classe social, raça, cor... Nenhuma lei poderia ser maior que o amor. Amor pregado e praticado por Jesus em manifestações visíveis aos irmãos curados, libertados, restaurados, salvos pelas suas mãos redentoras.
Pois sim! Jesus cura o paralítico que estava à espera de uma oportunidade de ser lançado à piscina milagrosa, no remover das águas, quando os anjos ali estariam presentes, como inúmeros outros excluídos da sociedade que também tinham a mesma expectativa daquele paralítico. Eles acreditavam e esperavam, esperavam, esperavam... Esperavam ser o primeiro para alcançar a graça, pois: "De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse."
Há trinta e oito anos aquele paralítico, excluído de participar das festas judias, esperava por um milagre, conforme dissera a Jesus: "Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente."
E eis que chega o Filho do Homem, que se compadece de sua angústia, curando-o apenas com uma ordem, obedecida sem qualquer questionamento ou dúvida: "Pega tua cama e anda." E ele andou.
Realmente era sábado, mas curar era obra expressiva de oração a Deus, acolhendo os mais necessitados e promovendo a vida. Que outra oração poderia ser tão agradável a Deus além do "servir" aos pobres e necessitados, devolvendo-lhes a dignidade e o direito ao convívio social?
Vemos aqui Jesus, de um lado, misericordioso e aberto ao dom do amor incondicional, servindo. O judeu, do outro lado, fechado às coisas do coração, vivendo a Lei Mosaica como o maior dom do amor a Deus, mas de forma rigorosa, sem precedentes.
Caros irmãos e irmãs, perguntamos: o que era mais importante, praticar atitudes de misericórdia com o próximo ou deixá-lo padecer sem atendimento, adorando o dia do sábado?
Esta é uma reflexão para nós cristãos nesta quaresma: Quantos de nós não estamos cegos, surdos, mudos, paralíticos diante das situações sociais do nosso próximo? Até que ponto nós não nos acomodamos, esperando acontecer um milagre similar ao remover das águas da piscina (Betsda) para que nossos irmãos sejam curados, libertados? Até que ponto, nós cristãos, participando ativamente da sociedade, sabendo da realidade sofrida dos nossos irmãos carentes, abrimos ou cruzamos os braços para servir?
Nesta contemporaneidade necessitamos de um grandioso milagre de Jesus: o milagre da sensibilização espiritual. Peçamos, pois, a intercessão de Maria Santíssima – mãe do Filho de Deus e nossa – que a misericórdia divina nos liberte das amarras do egoísmo e do comodismo, para que possamos celebrar a Páscoa do Senhor, convertidos, libertos de toda e qualquer cegueira, surdez, mudez, paralisia que nos impedem de "amar e servir" ao nosso irmão.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!
Fraternos abraços.
Nancy – professora
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