8 de Abril
Evangelho - Jo 7,1-2.10.25-30
Jesus, é o nosso libertador
O povo de Israel esperava um guerreiro que os libertasse dos seus opressores. Jesus pregava o amor irrestrito e o Reino de Deus na terra. Saiba mais sobre o choque inevitável entre duas visões tão diferentes. Jesus foi identificado com o Messias por seus seguidores. Esse título - Cristo, em grego - designava o indivíduo escolhido por Deus para desempenhar uma missão especial junto ao povo. A palavra vem do hebraico Mashiah, que significa "Ungido". E era originalmente utilizada para designar o sumo sacerdote, sobre cuja cabeça se derramava o óleo santo, como consagração de sua liderança espiritual e política. A unção foi estendida depois aos reis de Israel. Esperando um guerreiro invencível. No tempo de Jesus, a expectativa em relação à volta do Messias tornou-se extraordinariamente intensa. Era a resposta do imaginário popular frente a um contexto de aguda opressão econômica, social e política e profunda crise dos valores tradicionais. Como enviado de Deus, o Messias deveria liderar uma revolução capaz de enxotar os dominadores romanos e derrubar a corrupta dinastia herodiana, restaurando uma realeza legítima em Israel. Isso era o que o povo esperava de Jesus. Na condição de Messias, ele foi recebido em triunfo em Jerusalém, no início de sua última semana de vida. Mas a rápida evolução dos acontecimentos frustrou essa expectativa guerreira, nacionalista e monárquica. E a frustração popular foi habilmente explorada pelos inimigos de Jesus (especialmente os saduceus), que o condenaram à morte. Por que o povo abandonou Jesus? No famoso livro Jesus Cristo Libertador, o teólogo brasileiro Leonardo Boff analisa essa contradição entre a atuação do mestre e as ilusões messiânicas de seu tempo. A prática de Jesus, diz Boff, contesta as estruturas da sociedade e da religião da época. Ele "não se apresenta como um reformista ascético à maneira dos essênios, nem como observante da tradição como os fariseus, mas como um libertador profético". No entanto, prossegue o teólogo, "Jesus não se organizou para a tomada do poder político". Pois "sempre considerou o poder político como tentação diabólica, porque implicava uma regionalização do Reino, que é universal". A revolução de Cristo. A revolução messiânica que muitos aguardavam tinha um caráter imediatista e limitado. Bastava libertar o país da dominação estrangeira, restabelecer a legitimidade política e tudo estaria resolvido. A revolução proposta por Jesus era um processo de longo prazo, incomparavelmente mais amplo e profundo. Ela deveria ocorrer no interior das consciências, exteriorizando-se como transformação radical de toda a existência. Sua meta: realizar o "Reino de Deus" na Terra. "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância", afirma Jesus, no evangelho de João. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário