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27 de fev. de 2011

Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido do evangelho – Maria Regina

 

 

                                         O evangelho de hoje destaca  dialogo entre Jesus e  o jovem cujo atributo é "muito rico". Trata-se de alguém muito importante humanamente falando e que também poderia ser aproveitado para uma grande empresa como era o Reino de Deus. Parecendo que não, o episódio mostra que o Reino não só não consiste em bens materiais, como também exige o desprendimento deles. O diálogo entre Jesus e o jovem é profundo, como profundo, exigente e amável é o olhar de Jesus. O homem rico não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão desta segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não costuma ter esta preocupação. Mas pode haver pobres com cabeça de rico. Então, o desejo de riqueza cria neles uma dependência e faz com que eles também se tornem escravos do consumismo.

       

                               O jovem cumpria os mandamentos, Mestre, desde criança eu tenho obedecido a todos esses mandamentos. E por isso insiste. O que me falta ainda? Se de um lado vemos a preocupação do jovem pela sua salvação do outro vemos que não basta observar a lei para ser apto para o Reino de Deus. Falta muito mais do que se o jovem poderia imaginar:  Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga. Faltava o desprender-se das riquezas, a entrega, a generosidade, a alegria profunda de dar e de se dar sem pôr condições. A cena do jovem que se retirou triste oferece uma ocasião para Jesus voltar a expor a doutrina da pobreza evangélica e do desprendimento.

                          Jesus comentou a decisão dele: Como é difícil um rico entrar no Reino de Deus! Os discípulos ficaram admirados. Jesus repete a mesma frase e acrescenta: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino! A alusão à impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha  vem de um provérbio popular da época usado pelo povo para dizer que uma coisa era humanamente impossível e inviável. Os discípulos ficaram chocados com a afirmação de Jesus e perguntavam uns aos outros: "Então, quem pode ser salvo?" Sinal de que não tinham entendido a resposta de Jesus ao homem rico: "Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!"

                       O jovem tinha observado os mandamentos desde a sua juventude, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Eles já tinham abandonado todos os bens conforme o pedido de Jesus ao jovem rico, mas sem entender o porquê do abandono! Se o tivessem entendido, não teriam ficado chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! Jesus olhou para os discípulos e disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível.", pois Ele pode conceder a graça de uma pessoa usar bem as riquezas, ou mesmo até de renunciar radicalmente aos bens terrenos.

                                   O evangelho de hoje  exige de nós uma profunda reflexão do que somos e temos. Tanto ricos quanto pobres precisamos ir à busca das coisas do alto. Precisamos viver o desprendimento independentemente do estilo de vida que levemos. Que aqueles que se fizeram pobres, amem a sua pobreza, porque por que deles é o reino de Deus. Que aqueles que nasceram ou se tornaram ricos, descubram o valor da misericórdia, da generosidade, da partilha, da solidariedade, e, sobretudo se lembre de que de nada adianta ganhar o mundo, se depois perde a própria alma.
Amém
Abraço carinhoso

Maria Regina

 

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