Podemos correr o risco de achar que o evangelho e o próprio Jesus é propriedade nossa - Newton

 

Marcos 9,38-40

Evangelho do dia 23 de fevereiro de 2011.

 

Às vezes nos preocupamos demais com quem, e, a forma como os outros fazem a obra de Jesus, porque achamos que somos os únicos herdeiros do Reino de Deus, por professarmos a nossa fé na Igreja onde atuamos. Devemos tomar o devido cuidado ao lidar com esta situação. Nós não podemos ter a pretensão de nos considerarmos os únicos com direito a falar de Jesus, de ensinar o evangelho, e os únicos com direito à salvação.

 

O evangelho de hoje nos faz ter uma reflexão mais profunda sobre a nossa posição de seguidores de Jesus. Podemos correr o risco de achar que o evangelho e o próprio Jesus é propriedade nossa.  Devemos tomar cuidado ao criticar outras religiões ou pessoas que não fazem parte da nossa Igreja. E esta não é a melhor forma de se viver o cristianismo.

 

Às vezes perdemos tanto tempo, nos preocupando com os outros, ou com a religião dos outros que deixamos de viver na prática os ensinamentos de Jesus. Falamos da necessidade do ecumenismo, mas não conseguimos colocar em prática, falamos de diálogo inter-religioso e também não conseguimos colocar em prática. Na prática funciona bem diferente.

 

Há necessidade de entendimento, precisamos saber respeitar a religião dos outros, até mesmo aprender deles, e, entender, sem deixar de viver a nossa prática religiosa, isto é sem deixar de seguir os ensinamentos da nossa Igreja. Podemos conviver com os nossos irmãos e até aprendermos juntos sem ferir a Igreja que seguimos, isto pode acontecer nos dois lados. Doutrinas à parte somos todos filhos do mesmo Pai que está no Céu.  Acredito nesta possibilidade, ninguém precisa deixar de ser católico ou deixar de professar uma outra religião, para se entender como cristão, ou como irmão.

 

Se nós conhecemos e vivemos verdadeiramente o evangelho, deveríamos saber que Jesus Cristo veio para todos, e que a salvação é para todos. Precisamos tomar consciência de que Jesus Cristo é o salvador da humanidade inteira. O homem e a mulher que Cristo veio salvar não deve buscar a si mesmo e aos seus interesses, mas deve voltar-se para Deus, amando-O de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.

 

A lei e a tradição são importantes, à medida que não me escraviza e me impede de seguir a lei do amor. Como Francisco de Assis saibamos viver a nossa fé em Cristo, com estas palavras de sabedoria: "Onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união, onde houver dúvida que eu leve a fé, onde houver erro que eu leve a verdade, onde houver trevas que eu leve a luz".  E conforme Mateus 22,40: "Do amor a Deus e ao próximo dependem toda a Lei e os Profetas".

 

Por que perder tempo em discutir se o outro deve ou não realizar curas em nome de Jesus? Por que perder tempo discutindo se a religião do outro é certa ou errada? Por que perder tempo discutindo se o outro é contra nós? Façamos então a nossa parte e bem feito. Procuremos dar verdadeiro testemunho de fé, praticando a verdadeira caridade, principalmente com os que mais precisam de nosso apoio.

 

Newton