Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2011
Evangelho - Mc 5,1-20
Este Evangelho narra o primeiro encontro de Jesus com o mundo pagão. O episódio mostra o poder de Jesus sobre o demônio
Possesso é alguém que não é dono de si mesmo, mas é possuído, conduzido pelas forças do mal: Paixões, posses, dinheiro, vícios... O espírito impuro é a força do mal que tira de nós a pureza de coração, que é uma bem-aventurança. É a malícia, a licenciosidade, a libertinagem, a maldade, as segundas intenções, enganos, mentiras.
"Nem correntes": O vício da impureza é difícil de ser vencido.
"Vieste aqui para nos destruir?" Ele percebeu que se não enfrentasse a Jesus, este o destruiria.
O porco era considerado um animal impuro, porque vive na lama e anda sempre sujo. Por isso os porcos foram escolhidos pelos espíritos impuros para sua morada. "Dize-me com quem andas e te direi quem és".
"E toda a manada de porcos atirou-se no mar e se afogou". Os espíritos impuros são assim: só querem prejudicar as pessoas.
O demônio é um vírus terrível, que se aloja no nosso espírito, no nosso pensamento, na nossa mentalidade, e contamina a sociedade inteira, criando uma cultura de pecado. É daí que nascem todos os males do mundo.
Aquele possesso vivia no meio dos túmulos. Os mortos querem viver entre os mortos, isto é, em más companhias. Os perversos facilmente se agrupam, em quadrinhas etc. Eles tem medo da luz, por isso preferem lugares escuros.
"Qual é o teu nome? O homem respondeu: Meu nome é Legião". Os perversos não querem se identificar, tem medo da verdade. Jesus quer transparência, quer que se tire o véu do engano e da mentira. Uma sociedade anônima atual, que pratica injustiças com os funcionários ou com os que usam seus produtos, às vezes chega perto dessa "Legião". Se o funcionário vai reclamar, aquele que executou a injustiça fala que a ordem veio de cima; o gerente fala que veio do comitê gestor da empresa; o comitê gestor fala que a determinação veio da assembléia dos acionistas...
O possesso era tão violento que ninguém conseguia amarrá-lo. Os possuídos são violentos, praticam a violência física ou moral. Já quem tem Deus no coração é pacífico.
"Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo?" Os possessos não querem ser curados. As estruturas do mal conhecem quem é mais forte que elas e tem poder de destruí-las. A sociedade opressora se une para combater a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Até as religiões se unem contra ela. Aliás, este é o único ponto em que as "religiões" se unem. As pessoas possessas de hoje não querem o terço, as rezas, a leitura da Bíblia, a oração às refeições...
"Gritando e ferindo-se com pedras". É uma referência ao tormento do inferno, que já é antecipado aqui na terra pelos possessos.
Os porcos se atiraram no mar e morreram. A criação de porcos era a principal economia daquela região. A libertação do pecado tem um preço: a diminuição da renda em dinheiro, especialmente se esta era ilícita.
Os habitantes preferiram ficar com o "deus dinheiro", por isso pediram a Jesus que se retirasse. Jesus já estava sendo rejeitado em seu país, agora também no país vizinho.
Na verdade, todos os habitantes da cidade eram possessos. Eles preferiram o dinheiro (porcos) a Jesus. Colocaram o bem material acima do espiritual. Deus é Pai, nunca vai deixar faltar o que comer e tudo o que for necessário para que seus filhos e filhas tenham uma vida digna. "Quem não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo".
"Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti. O homem foi e começou a pregar..." A situação ali se inverteu. Agora só não é possesso o ex-possesso, que quer seguir a Jesus.
A presença do mal dentro e fora de nós é, infelizmente, algo sempre atual. São legiões de "demônios" do mal que tentam avassalar-nos e com freqüência o conseguem: o consumismo, o rendimento econômico, a alienação, a exploração dos pobres, a violência...
Mas Jesus é mais forte que o nosso pecado e os nossos erros. Junto com Jesus, nós temos condições e nos libertar e de colaborar na libertação dos nossos irmãos e irmãs.
Certa vez, uma folha de papel estava em cima de uma mesa, junto com outras folhas exatamente iguais a ela. De repente alguém pegou uma caneta de pena, mergulhou-a no tinteiro ao lado e sujou toda a folha de tinta, escrevendo diversas palavras. "Será que você não podia ter me poupado dessa humilhação?", disse o papel para a tinta.
"Espere", respondeu a tinta. Eu não estraguei você, mas fiz o contrário. Agora você não é mais uma simples folha de papel, mas um documento precioso.
Pouco depois, alguém foi arrumar a mesa e apanhou todas as filhas de papel e as jogou na lareira, menos esta que se transformara em um documento.
Agora sim, ela entendeu que não existia para si, mas para servir, mesmo que perdesse um pouco de sua beleza. Nós não queremos ser escravos do egoísmo, o qual não realiza a pessoa humana.
Maria Santíssima acolhia sempre seu Filho com amor de mãe. Que ela nos ajude a recebê-lo bem e segui-lo.
Espírito impuro, sai desse homem!
Padre Queiroz
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