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16 de jan. de 2011

O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado-Padre Queiroz

TERÇA FEIRA- 18/01/2011

Mc 2,23-28

 


 

Este Evangelho narra a cena dos discípulos de Jesus, em um sábado, arrancando espigas de trigo e comendo, porque estavam com fome. Diante do protesto dos fariseus, pois era proibido trabalhar no sábado, Jesus justifica a atitude, apresentando outro caso em que Davi desobedece à outra lei ainda mais rigorosa, pelo mesmo motivo: ele e seus companheiros estavam com fome. E arremata: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado".

O ensinamento de Jesus é claro: A vida humana está em primeiro lugar. O direito à vida precede quaisquer leis, mesmo as leis religiosas mais sagradas.

Segundo a Mishná, que era uma recompilação das tradições rabínicas, trabalhar na colheita era uma das trinta e nove maneiras de violar o sábado. E os fariseus elevaram esse gesto de colher espigas para comer, como um trabalho formal de colheita! Mas a reação de Jesus foi clara e enérgica. Superando as discussões de escolas, ele partiu para a defesa da vida.

E Jesus apresentou o exemplo de Davi e seus companheiros que, para saciar a fome, desobedeceram a uma lei muito mais sagrada: comeram os pães consagrados, que só os sacerdotes podiam comer (Cf 1Sm 21).

"O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado", diz Jesus. Esta foi a intenção do legislador da lei do sábado: a necessidade que o homem tem de descansar. Foi uma lei feita para celebrar a libertação da escravidão egípcia, e não havia tempo de descanso (Cr Dt 5,12; Ex 20,8). Portanto, a lei do sábado era uma lei de liberdade, não de escravidão.

E, para concluir, Jesus, referindo-se a si mesmo, fala: "O Filho do Homem é senhor também do sábado". Todo o Antigo Testamento, ao se referir ao Messias, fala que ele é "O Senhor". Ele é o Senhor de tudo, inclusive do sábado. Portanto, pode modificar ou esclarecer a lei.

Em todo o episódio, sobressai a vida humana como valor maior a ser protegido e defendido. O homem deve obedecer à lei do sábado só e enquanto protege a vida humana. Se acontecer, como nesta cena do Evangelho, de esta lei se voltar contra o homem, desviou-se de sua finalidade e não obriga ao seu cumprimento.

É farisaísmo tentar ganhar a salvação, absolutizando ou sacralizando leis. Neste caso a lei se transforma de libertadora em escravizante. O único sagrado, depois de Deus, é o próprio homem, pelo qual Cristo morreu.

"A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo (Jo 1,17). O cristão sabe sua única lei e o seu único Senhor é Jesus Cristo. Cristo foi o sim total a Deus, e o seu discípulo deve seguir o seu exemplo. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".

Certa vez, em um curso de batismo, um professor perguntou aos pais e padrinhos por que queriam batizar seu filho ou afilhado. As respostas foram as mais variadas.

Um deles disse: "É porque todo mundo batiza". Esse vai na onda; o que os outros fazem ele faz também.

Outro respondeu: "É porque eu fui batizado". Quer dizer que, se fizeram uma coisa errada com ele, quando criança, ele vai fazer agora com as outras crianças?

Houve outro que falou: "A gente batiza porque não presta ficar pagão". Esta resposta é supersticiosa, porque a expressão "não presta" significa aí: "dá azar".

Claro que houve também respostas bonitas e acertadas.

Pelo batismo nós nos tornamos continuadores de Cristo no mundo, seguindo-o como o nosso caminho, verdade e vida.

Maria Santíssima é a mãe de vida, porque nos deu Jesus que é a Vida. Que ela nos ajude a colocar a vida humana acima de tudo.

O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.


Padre Queiroz

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