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19 de jan. de 2011

O cego ficou curado - Sal

 

16 de Fevereiro

Evangelho - Mc 8,22-26

 

A noite cai. Céu nublado em pouco tempo a escuridão acontece, estrada desconhecida, cheia de curvas e sem acostamento. O motorista vai ligar os faróis e percebe que está sem luz. Fica tenso, quase em pânico nunca esteve diante de uma experiência daquela. Não pode parar o carro porque o que vem atrás vai certamente bater nele. Dirigir assim é um tiro no escuro, é como que estivesse cego...

            Nossa vida é como uma estrada. Só vemos adiante um certo trecho, mesmo com a luz do dia. Mesmo se estamos sendo iluminados pela luz divina, não sabemos o que virá depois desse trecho. Mais com a iluminação de Deus, acreditamos que chegaremos no final da viagem. Quando contamos com a luz poderosa na nossa vida, muito embora não sabemos se morreremos no dia de hoje, temos a certeza de contar com Deus para tudo até mesmo se for este dia o nosso último. Planejamos os nossos afazeres, e confiamos na providência divina. Andando sempre que possível na sua presença, fazendo o bem e evitando o pecado.

            A luz celestial vem para todos, porém, alguns se recusam a estar debaixo dela. Preferem viver segundo os ditames de satanás, seguindo puramente os seus instintos tal como os animais, ignorando que somos criaturas de Deus dotadas de corpo e alma, e predestinados a voltar para o Pai, desde que nesta vida façamos por merecer a vida eterna.

Aqueles  que fogem da luz de Deus vivem ou trafegam por esta estrada da vida como que estivessem viajando em uma estrada escura sem faróis. É a cegueira do espírito que invade o seu ser, é o que vemos nos noticiários no final do dia. Crianças estupradas, mulheres violentadas, crimes bárbaros como o assassinato dos próprios pais, tudo isso realizados por seres humanos que deixaram de serem humanos porque se afastaram da luz de Deus e se aproximaram das trevas, tornando-se cegos, monstros que ameaçam a nossa existência o tempo todo.

            Como evitar que cheguemos a esse ponto? Precisamos ser vigilantes e cuidar da preservação da nossa fé.  Cultivando a prudência de evitar tudo aquilo que possa nos desviar da luz de Deus e de nos tornar cegos do espírito. Devemos  alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que se lhe opõe. Pois há diversas maneiras de pecar contra a fé. Por vezes podemos ser assaltados de dúvidas e questionamentos de fé. Como é o caso da dúvida voluntária sobre a fé que fica negligenciada por falta de oração e caridade, produz a  recusa de aceitar  O Deus que nos foi revelado na pessoa de Jesus Cristo, e que é mostrado hoje pela Igreja.  A dúvida involuntária provoca ou produz  a hesitação em crer, a dificuldade de superar as objeções ligadas à fé ou, ainda, a ansiedade suscitada pela obscuridade da fé que é a cegueira que invade a nossa mente e não conseguimos mais ver esse mundo com os olhos de Deus. Se essa atitude de indiferença for deliberadamente cultivada, o que geralmente acontece pela influência das más companhias, a dúvida pode levar à cegueira do espírito, que é como viajar em uma estrada escura sem as luzes do veículo.

Jesus liberta o cego da sua cegueira física, porque ele não possuía a cegueira do espírito. Aquele homem, apesar de ser cego, ele via o poder de Deus se aproximando dele pela força invisível aos cegos que enxergam. Ele percebeu e viu a luz daquele que fora enviado pelo Pai, e que podia libertá-lo da cegueira física.

Os milagres realizados  por Jesus testemunham que Ele fora enviado pelo Pai. E nos convidam a não ser cegos, mas sim  a  crer nele e nos seus mistérios. Aos que a Ele se dirigem com fé, é concedido o que pedem. Assim, os milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus.

Meu amigo, minha amiga. Vamos anunciar os milagres de Jesus, para que as pessoas não sejam cegas, mas sim acreditem e andem na luz de Deus. Amém.

Sal.

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A VIDA: DIFÍCIL ESCOLHA

À primeira vista, a Campanha da Fraternidade deste ano parece nos apresentar uma opção muito simples. Quem não está disposto a escolher a vida?

Mas, não é bem assim! Para entrar no caminho da vida é preciso tomar o acesso verdadeiro. Caso contrário, enveredamos pelo caminho da morte, muitas vezes sem retorno.

Se não percebemos a complexidade desta escolha, que precisa ser feita com conhecimento de causa e com discernimento, corremos o risco de ficar na superficialidade, e o que é pior, acabar contrariando a verdadeira causa da vida.

O apelo do Deuteronômio, no Antigo Testamento, parece ser de uma clareza meridiana: Deus coloca diante de nós dois caminhos, um de morte,  e outro de vida, com a sensata recomendação para escolher o caminho da vida:
"Escolhe, pois, a vida!".

No Novo Testamento, Jesus nos alerta de que esta escolha não é tão fácil. Inclusive pode ser equivocada e trágica. Pensamos estar escolhendo a vida, e na verdade entramos no caminho que leva para a morte.

São palavras dele:
"Quem quiser salvar sua vida, a perderá. E quem perder sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 23-24).

O  que Jesus nos quer dizer com esta advertência?  Sem dúvida, ele nos faz pensar nos equívocos que podemos estar cometendo, quando fazemos nossas opções de viver.  Pois aparentemente os caminhos que levam para a frustração da vida, começam com aparências de verdade, e com ofertas de abundâncias e exuberâncias. Feita a escolha equivocada, muitas vezes não há mais retorno.

A realidade hoje está cheia de exemplos, infelizmente corriqueiros, que mostram o desfecho trágico de pessoas que se equivocaram em procurar a vida, entrando pelo caminho insidioso das falsas aparências.

Quantos jovens morrem, por exemplo, vítimas de acidentes. Vai se conferir, estavam bêbados. Morreram porque foram imprudentes, dirigindo embriagados. Onde começou o  erro?  Dá para flagrar um erro grave no fato de dirigirem embriagados. Mas a causa principal vem antes. Existe um erro anterior, pior que este. Quem disse que se embriagar é optar pela vida? 

Mas, se conferimos melhor, percebemos que o erro começou ainda antes. Entrou pela mentalidade equivocada que foi se implantando na mente, oferecida com insistência pela sociedade envolvente, que propõe abertamente contra valores, que acabam sendo impostos pela força dos costumes, diante dos quais as famílias desistem de reagir , e as pessoas sucumbem vencidas.

Pois bem, não basta proibir que um bêbado pegue o volante. Há erros que precisam ser corrigidos bem antes.

Assim podemos entender como entram os equívocos na vida das pessoas. Achamos que o erro está na causa imediata que precede a tragédia. Não. Os erros começam antes.

Quando uma sociedade propaga a banalização do sexo, quando as instituições sociais incentivam a promiscuidade, quando a política tolera a corrupção, quando a economia produz acúmulos injustos e misérias imerecidas, quando a cultura propaga leviandades e irresponsabilidades, quando o Estado se omite diante de suas obrigações públicas, quando a Igreja deixa de profetizar, fica pavimentado o caminho da morte, mesmo que em sua fachada se proclame com solenidade a opção pela vida!

Esta campanha nos faz um sério alerta, parecido com o de Cristo: "nem todos os que me dizem 'Senhor, Senhor", entrarão no reino de Deus".

Nem todos os que se declaram a favor da vida estão a serviço dela!

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)


 

 

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