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10 de fev. de 2011

A cura do cego de Bartimeu - Pe. José Cristo Rey

3 de Março

Evangelho - Mc 10,46-52

Senhor, que eu veja!

A liturgia de hoje nos fala da preocupação de Deus em que o homem alcance a vida em abundância, a verdadeira e aponta o caminho que é preciso seguir para atingir essa meta. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, o homem chega à vida plena, aderindo a Jesus e acolhendo a proposta de salvação que Ele nos veio apresentar.

          No Evangelho, o evangelista propõe-nos o caminho de Deus para libertar o homem das trevas e para fazê-lo nascer para a luz. Como Bartimeu, o cego, os crentes são convidados a acolher a proposta que Jesus lhes veio trazer, a deixar decididamente a vida velha e a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Dessa forma, Jesus nos garante  como explica Marcos, que poderemos passar da escravidão à liberdade, da morte à vida.

          A Palavra de Deus que hoje nos é servida garante-nos: não estamos sozinhos frente aos nossos dramas e sofrimentos; Deus vai ao nosso lado e, com amor de pai, cuida de nós, dá-nos a mão, conduz-nos ao encontro da vida eterna e verdadeira. A nós resta reconhecer a sua presença (às vezes tão discreta que nem a notamos) e, com humildade e simplicidade, aceitar o seu amor.

          Os planos de Deus para salvar e libertar os homens concretizaram-se porque Cristo, o Filho, assumiu os projetos do Pai e viveu sempre na obediência incondicional às propostas de Deus. Hoje, os projetos de salvação e de libertação que Deus tem para os homens continuam a concretizar-se através daqueles que aderiram a Jesus e querem como Ele, viver na estrita obediência aos planos de Deus. Sinto-me, como Jesus, testemunha da salvação de Deus diante dos meus irmãos? O meu egoísmo e a minha acomodação alguma vez me desviaram do cumprimento dos projetos de Deus? Aqueles que eu encontro, a cada passo, nos caminhos do mundo, têm encontrado em mim uma proposta credível de vida e de libertação?

          A situação inicial do cego Bartimeu evoca uma realidade que conhecemos bem… Evoca a condição do homem escravo, prisioneiro do egoísmo, do orgulho, dos bens materiais, da preguiça, da vaidade; evoca a condição daquele que está acomodado na sua situação de miséria, instalado nos seus preconceitos e projetos pessoais, conformado com uma vida de horizontes limitados; evoca a condição daquele que se sente refém dos seus vícios, hábitos e paixões e que sente a sua incapacidade em romper, por si só, as cadeias que o impedem de ser livre… Esta situação será uma situação insuperável, a que o homem está condenado de forma permanente?

Jesus encabeça a marcha!

          São freqüentes em nossas sociedades essas "procissões seculares" que chamamos "marchas", "manifestações". Estas "manifestações" incitam centenas, milhares e até milhões de pessoas. Normalmente fazem uma "viagem" simbólica. Nelas há sempre uma cabeça: pessoas qualificadas que vão à frente da marcha e um grande cartaz expõe qual é o motivo social da marcha. Atrás vêem todos os participantes que às vezes clamam, ou fazem gestos simbólicos ou levam cartazes que expõe as razões da mobilização. Há marchas contra a fome, contra a violência, a favor da paz, para reivindicar a liberdade, marchas de solidariedade...

          Em não poucas marchas e manifestações de nosso tempo o motivo é a queda deditaduras, a interrupção de guerras, a queda de políticos corruptos, a liberdade de grupos reduzidos à marginalidade e sua aceitação social...

          As leituras de hoje nos falam também de marchas e manifestações: uma esta no relato de Jeremias, a outra no relato de Marcos. Ambas estão misteriosamente relacionadas: pois a segunda é o cumprimento dos sonhos expressos na primeira.

          Jeremias nos fala da "marcha da alegria": se trata de uma explosão de gozo coletivo, de uma grande manifestação festiva popular. Deus mesmo vai à frente da manifestação. Os participantes da marcha vieram desde o país do norte e congregados desde os confins da terra. Há entre eles cegos, coxos, grávidas, uma grande multidão. O objetivo da marcha é a terra da liberdade, as torrentes de água que enchem todos de vida, a casa do Pai, onde todos se sentirão filhos.

          Marcos nos fala da "marcha decidida para Jerusalém". Esta marcha estremece, dá medo. Não se realiza nas melhores condições. A encabeça Jesus. Em três ocasiões predisse sua paixão e morte em Jerusalém nas mãos das autoridades. Os discípulos tinham medo, porém foram capazes de superar, e seguiram -mesmo estremecidos- Pouco a pouco vão se somando mais pessoas: "uma multidão considerável", nos diz o evangelista.

          Ao longo da marcha o Mestre, o Rabi, vai transmitindo sua mensagem: essa preciosa mensagem que temos meditado nos últimos domingos!

          Ao sair de Jerico se integra à marcha um cego, Bartimeu. Ele se integra na manifestação com gritos muito estranhos: "Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim". Esse é o seu "cartaz" político e messiânico! Quem não via, viu algo muito especial. Aquele que passa é o Filho de Davi, o rei autêntico de Israel, o filho legítimo de José. O cego Bartimeu põe o acento político na marcha. Proclama que quem vai para Jerusalém, encabeçando a marcha é nada mais nada menos que "o rei dos judeus". Por outro lado, reconhece que Jesus tem poderes terapêuticos e que pode curá-lo da sua cegueira. Soa o primeiro "Kyrie eleison" que depois repetiremos constantemente na Igreja. Os guardiões da ordem querem silenciar esta voz incômoda. Mas o brado chega aos ouvidos de Jesus. Jesus se identifica com as palavras e "para". Não se aproxima, mais manda que o chamem e o integrem ao grupo. Estas palavras lhe soam muito semelhantes às que escutou de Maria de Betânia, na morte de Lázaro: "O          Mestre esta aí e te chama" (Jn 11,28). E ele, aproximando-se a Jesus, lhe diz palavras semelhantes às de Maria Madalena: "Rabbuni, Mestre meu, Senhor meu!". Quem vê com os olhos da fé, quer ver com os olhos físicos. Na verdadeira fé, a luz envolve o corpo. O cego pode ver. Jesus ilumina seus sentidos. O cego se incorpora à marcha e segue agradecido a quem a encabeça.

          Ser Igreja é ser povo peregrino, povo em marcha. Nossa marcha não deve ser "uma viagem a lugar nenhum", mais etapa de uma viagem com objetivos. Não é levar imagens sagradas pelas nossas, nem fazer manifestações de piedade que a não poucos incomodam e não entendem. Mas é seguir Jesus, nosso contemporâneo, ali onde Ele hoje se manifesta e marcha; ali onde hoje Ele reivindica a redenção realizada na cruz.

          Deve surgir e renascer a Igreja popular, a igreja das grandes causas, a igreja que se aproxima de todas as velhas "Jerusaléns" que matam os profetas e assassinam os enviados de Deus. Seguir Jesus não é turismo religioso, mas compromisso messiânico com as suas grandes causas.

Jesus, filhos de Davi! tem compaixão de mim!
E quando me ver cego, sentado no caminho,
descomprometido com tua causa,
temeroso e submetido aos poderes
da velha Jerusalém,
chama-me e dá-me forças para saltar,
para me afastar de meus maus pensamentos,
e segui-lo com alegria.
Quero me integrar na marcha dos redimidos
e perder o medo que me paralisa.
Jesus, filho de Davi!
tem compaixão de tua Igreja,
no inicio destes tempos.
A chame, a seduza, faz que venha.
Ponha-a em marcha
e que encabece, junto de Ti,
a grande Manifestação
de teu Reino que chega e tudo transfigura.

José Cristo Rey Garcia Paredes

 

 

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