Sexta-feira, 25 de Março
Evangelho - Lc 1,26-38
Deus quis que uma mulher contribuísse bem de perto na redenção da humanidade, já que uma mulher, Eva, havia colaborado no pecado. E a mulher que Deus escolheu não podia ser vítima de pecado, pois seria um sinal de fraqueza de Deus, diante das forças do mal. Como Davi venceu o gigante Golias (1Sm 17,49), Jesus derrotou o tentador. Não só derrotou, mas arrasou com ele completamente. Nem junto à sua mãe ele teve vez. Após o dilúvio, uma pomba trouxe em seu bico um raminho verde para Noé (Gn 8,11). Aquela pomba não estava suja de barro, ela n fora atingida pelo dilúvio.
Nós também somos chamados a colaborar na redenção, libertando-nos cada vez mais do tentador. Deus não gosta de gente manchada e suja. Como podemos anunciar a vitória de Cristo, se até nós, os anunciadores, somos vítima do tentador? Pecadores todos nascemos. Mas temos condições de nos purificar, usando os meios que Jesus nos deixou, entre os quais se destaca a Igreja, da qual Maria é Mãe. Assim, tirando a trave do nosso olho, temos condições de tirar o cisco que está no olho do nosso irmão. "Felizes os puros de coração, porque verão a Deus" (Mt 5,8).
A concepção imaculada de Maria nos mostra que Deus não quer conviver com pecado. Ele quer o pecado longe dele. Ele nos suporta, quando pecamos, mas não queria isso, como qualquer pai que não quer ver o filho ou filha no caminho errado. Como podemos dizer a Deus: "Senhor, eu vos amo sobre todas as coisas", e depois viramos as costas e já começamos a colocar outras coisas acima dele? Por isso que Deus fala na Bíblia: "Estou para vomitar-te da minha boca" (Ap 3,16).
A Imaculada Conceição foi um fruto antecipado da redenção realizada por Jesus, o seu Filho. E o fato de ela ter sido isenta do pecado, já na sua concepção, mostra que a força da graça redentora supera infinitamente a força do pecado. "Onde abundou o pecado, superabundou a graça" (Rm 5,20).
"Quando éreis escravos do pecado, praticáveis ações das quais hoje vos envergonhais. Agora, porém, libertados do pecado e como servos de Deus, produzis frutos para a vossa santificação, tendo como meta a vida eterna. Com efeito, a paga do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6,20-23). Antes, quando reinava o pecado, o carro estava na frente dos bois, e dava tudo errado. Cristo veio, colocou os bois na frente do carro, e na direção certo, que é a nossa felicidade.
Deus realizou plenamente a redenção na Mãe do seu Filho, para nos mostrar o que ele quer de todos nós. Ela se tornou assim para nós uma seta indicando-nos o caminho. Ela é a estrela da esperança, que nos anima a sempre nos levantar a caminhar.
Santo Agostinho, quando estava mergulhado no pecado, leu, por sugestão de sua mãe, muitas biografias de santos. Um dia ele disse para si mesmo, em latim, que era a sua língua: "Potuerunt ii, potuerunt ee; cur non tu, Agostiné?" Em português: "Puderam estes, puderam aquelas, por que não tu, Agostinho?" Impulsionado por este lema, venceu.
Daqui a exatamente nove meses, celebraremos o nascimento de Maria. Rezemos, neste tempo, pelos nascituros, a fim de que sejam protegidos por suas mães. Este é também um bom modo de nos prepararmos para o Natal.
Certa vez, um pai deu para a sua filha, como presente pelo aniversário de quinze anos, um colar de diamantes, de alto preço. A mocinha ficou muito feliz. Mas, alguns dias depois, o colar desapareceu. Por mais que a família o procurasse não encontrou. O pai, então, ofereceu uma grande recompensa a quem o encontrasse, ou devolvesse. A notícia se espalhou e muitas pessoas começaram a procurar o colar.
Um dia, um rapaz passava na beira de um lago e viu lá no fundo o colar. Apesar de a água ser suja, poluída e estar cheirando muito mal, ele, pensando na recompensa, venceu o nojo e introduziu a mão na água para pegar o colar. Mas não conseguiu pegá-lo, parece que fugia de sua mão. Entrou dentro do lago, sujando-se todo, mas também sem sucesso. Por fim, ele mergulhou no lago para olhar bem no fundo. Entretanto, mesmo assim o colar sempre escapava.
Todo enlameado, desistiu de procurar e decidiu voltar para casa, a fim de tomar um banho e trocar de roupa. Nesse momento, apareceu um velhinho, o qual perguntou ao moço por que estava tão sujo. O rapaz explicou. O velho apontou para cima e mostrou-lhe o colar pendurado no galho de uma árvore. O que ele via no lago era apenas o reflexo. Certamente algum pássaro grande, atraído pelo seu brilho, o levou para lá. Foi só subir na árvore, pronto, o jovem pegou o colar e ganhou o prêmio.
O reflexo do colar na água suja representa as nossas buscas ilusórias do tesouro da felicidade. Para encontrar a felicidade verdadeira, precisamos olhar para o alto, para cima, para os valores do céu, como Maria Santíssima fez, evitando todo pecado e tornando-se imaculada.
Peçamos a Nossa Senhora da Conceição que interceda por nós, a fim de que sejamos cada vez mais parecidos com ela, imaculados.
Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!
Padre Queiroz
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