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31 de mar. de 2011

Um novo mandamento - Pe. José Cristo Rey


 
14 de Maio – 

Evangelho - Jo 15,9-17
"Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei."


O tema fundamental da liturgia de hoje é do amor: que identifica os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.

No Evangelho, Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o “mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.

Comentário
A amizade, energia da Missão.
O "como eu os tenho amado” de Jesus, tem muito que ver com a amizade. "Ninguém tem amor maior que aquele que dá a vida por seus amigos. Vos sois meus amigos!”. Jesus quer uma comunidade onde flua a amizade. Jesus quer uma missão iniciada, desenvolvida e cumprida, na amizade.

Se o Evangelho se tem espalhado por todo o mundo, tem sido graças à amizade! Os missionários e missionárias são pessoas que tem laços de amizade, que desprendem de seu coração um amor verdadeiro. Fazem amigos em todos os lugares: homens e mulheres, crianças, jovem, adultos, anciãos, enfermos e saudáveis, intelectuais e práticos. A amizade cria redes. As redes tornam possível, o que para um parece impossível. Onde há amizade, lá está a missão compartilhada. Quem entra em um lugar com um plano sem escrúpulo, é rejeitado.

A inimizade destrói as comunidades cristãs. A inimizade bloqueia os caminhos da missão. Somente pessoas amáveis e amigáveis contribuem na criação de comunidades. Somente pessoas amigáveis tornam acessível a maravilha do Evangelho. As amigos se diz a verdade e não se esconde o que se vive e se sente. Mas se aceitam.

A missão de Paulo e Barnabé, da qual nós fala hoje a primeira leitura, é todo um êxito, apesar das dificuldades encontradas. Estes dois "apóstolos" - de segunda hora - tinham carisma, atraiam as pessoas para o Evangelho, constituíam igrejas.  Paulo e Barnabé geraram em toda a Ásia menor uma grande rede de amigos e amigas; todos foram contaminados por seu espírito. O carisma se difunde através da amizade. 

Jesus, em seus últimos dias entre nós, não cessou de nos animar a viver no amor, a sermos amigáveis uns com os outros. Jesus nos convidou a fazer de nossa amizade a arma de missão mais poderosa. Quando nós nos fazemos amigos ou amigas de alguém, a transmissão do Evangelho encontra seu leito, a presença de Deus que é amor, é acolhida.

A "nova Jerusalém" é a cidade dos amigos: onde se superam as invejas, onde uns não controlam os outros, onde as leis não dividem ou enfrentam, onde as suspeitas se superam com o diálogo, onde se perdoa setenta vezes sete. A "nova Jerusalém” é a cidade da Amizade. As relações entre as pessoas são cordiais, fraternas. Não há diferenças entre as pessoas. Ninguém se coloca em um plano superior. Não há amizade onde nós olhamos o outro de cima, ou de abaixo. Só quando estamos no mesmo nível no mesmo plano! Uma igreja de desiguais nunca será a casa da amizade! "Todos vós sois irmãos!” - nos disse Jesus -. Lavamos os pés uns dos outros! Vos sois meus amigos!

A sociedade necessita de uma Igreja amigável, capaz de estreitar laços de amizade, de superar as inimizades. Temos que aceitar a quem chamamos de "inimigos". Às vezes encontramos muitos inimigos ao nosso redor. Há uma arrogância que nasce de nossa falta de humildade, de nossa impotência, de nossa desconfiança.  

A amizade com todo o mundo é possível, porque os seres humanos não são tão diversos uns dos outros. Todos somos filhos e filhas do nosso Abbá. Todos foram criados à sua imagem e semelhança.  Nós temos bases para a igualdade e a amizade. A verdade do Evangelho é mais bem acolhida quando funciona a amizade. O radicalismo de Jesus é melhor entendido e compreendido através dos laços da amizade.  

A Igreja encontra seu posto na sociedade quando é amigável, compreensiva; quando aparece como uma comunidade desinteressada, preocupada pelos demais, humilde e sincera, confiável, solidária e que preserva a amizade até o fim, até dar a vida pelos amigos.

Recordo uma frase latina, que se dizia em outros tempos, porém que nunca entendi de todo: "amicus Plato, sed magis amica veritas" (Platão é meu amigo; a verdade, porém, é minha maior amiga). Esta expressão utilizada como lei de formação espiritual, indicava que ante a verdade, toda a amizade deve ceder. É certo que a amizade deve ser fundamentada na verdade, e não na mentira. Porém, o que é a verdade? Pode um amigo fazer de sua verdade a arma que lhe leve a romper os laços de amizade? Não há amizade onde um ilumina e o outro é iluminado, quando um guia e o outro é guiado, um impõem e o outro obedece. A amizade é ecológica. Cria relações de interdependência, de influência mútua, de colaboração mútua. Ao amigo nunca se abandona.

A Igreja é, por vontade de Jesus, a amiga do mundo, de todas as sociedades. É portadora de uma mensagem de amizade para todas os povos, todas as culturas, todos os grupos políticos. A amizade que habita a Igreja a torna compreensiva, próxima, atenta.

Como bem entendeu nosso Mestre! Ele se propôs como exemplo de um amor mútuo, de uma amizade mútua, sempre confiante e criadora. É aqui que tudo se faz novo.
Pe. José Cristo Rey Garcia Paredes

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