Evangelho - Jo 11,45-56
Muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria
e viram o que Jesus fizera, creram nele. Assim, para toda regra tem exceção. Nem todos os judeus eram indiferentes a Jesus. E, ao longo do seu trabalho não só por palavras mas por demonstração de seu poder, muitos judeus passaram a acreditar no Filho de Deus.
Dessa forma, aconteceu um pré-julgamento de Jesus. Porque os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e tomaram a decisão de matar Jesus. Assim, o Filho de Deus que só fez o bem, foi condenado à morte antes do seu próprio julgamento.
Os sumos sacerdotes e os fariseus não conheceram e não quiseram reconhecer a divindade de Jesus, não souberam perceber o tempo em que foram visitados pelo próprio Deus.
Hoje também muitos não querem reconhecer a presença de Deus através da Igreja, através dos seus representantes, e através dos catequistas. Quem conhece reconhece a presença de Jesus entre nós, no meio de nós, o Deus da Vida, constrói a sua vida baseada nos seus ensinamentos. Mas quem não o conhece, planeja matá-lo também!
Prezado leitor. Evangelizar significa também apresentar Jesus como o Deus da Vida presente no meio de nós, a fim de que, ao reconhecer essa presença, as pessoas entendam que ser cristão significa ser compromissado com a vida e ser capaz de transformar essa sociedade de morte, em uma sociedade voltada para a vida eterna.
Sal.
Quaresma é um tempo da verdade.
O cristão, de fato, chamado pela Igreja à oração, à penitência e ao jejum, ao despojamento de si mesmo, interior e exterior, ao pôr-se diante de Deus, reconhece-se e redescobre-se a si próprio.
"Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás-de voltar"
(Quarta-Feira de Cinzas - cerimônia da imposição das cinzas).
Lembra-te, homem, de que foste chamado para alguma coisa diferente destes bens terrenos e materiais, que comportam o risco de te afastar daquilo que é essencial. Lembra-te, homem, da tua vocação primária: tu provéns de Deus; e tu voltas para Deus caminhando no sentido da Ressurreição, que é a via traçada por Cristo. "Quem não carrega a sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo" (Lucas 14, 27).
Tempo de verdade profunda, que converte, restitui esperança e, levando a repor tudo no seu lugar, traz serenidade e faz nascer o otimismo.
Tempo que nos leva a refletir sobre as nossas relações com o nosso Pai, e restabelece a ordem que deve reinar entre irmãos e irmãs; tempo que nos torna co-responsáveis uns em relação aos outros; ele nos desapega dos nossos egoísmos, das nossas pusilanimidades, das nossas mesquinhez as e do nosso orgulho; tempo, enfim, que nos esclarece e nos leva a compreender melhor que devemos, à imitação de Cristo, empenhar-nos em servir.
"Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros". (João 13, 34). "E quem é o meu próximo?" (Lucas 10, 29).
Tempo de verdade que, como o bom Samaritano, nos faz parar no caminho, reconhecer o nosso irmão e pôr o nosso tempo e os nossos bens ao seu serviço, numa partilha quotidiana. O bom Samaritano é a Igreja! O bom Samaritano é cada um de nós! Por vocação! Por dever! e o bom Samaritano vive a caridade.
São Paulo diz: "Somos embaixadores ao serviço de Cristo" (2 Cor 5,20). Está nisto a nossa responsabilidade! Nós somos enviados ao encontro dos outros, ao encontro dos nossos irmãos. Correspondamos generosamente a esta confiança que Cristo depositou em nós.
Sim, a Quaresma é um tempo da verdade! Examinemo-nos com sinceridade, franqueza e simplicidade! Os nossos irmãos estão ao nosso lado, na pessoa dos pobres, dos doentes, dos "marginalizados" e dos velhinhos. A que ponto estamos com o nosso amor? E com a nossa verdade?
Por ocasião da Quaresma, por toda a parte - nas vossas dioceses, nas vossas paróquias, nas vossas comunidades - vai ser feito um apelo a esta Verdade que está em vós e à Caridade que há-de ser a sua comprovação.
Procurai, pois, abrir o vosso entendimento para reparar bem à vossa volta, abrir o vosso coração para compreender e vos compadecer, abrir as vossas mãos para socorrer. As necessidades são enormes, vós bem o sabeis; exorto-vos, portanto, a participar com generosidade nesta partilha fraterna; e dou-vos a certeza das minhas orações por vós, com a minha Bênção Apostólica.
João Paulo II |
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