“Ó Deus, vós tendes compaixão de todos e nada do que criastes desprezais: perdoais nossos pecados pela penitência porque sois o Senhor nosso Deus”
(cf. Sb. 11,24s.27).
Com a quarta-feira de cinzas, inicia-se o tempo da Quaresma. São quarenta dias, de um grande retiro de penitência e conversão, que vai até a 4a. feira santa. Na solenidade de cinzas o tema central é a penitência. A liturgia insiste, hoje, na autenticidade da penitência, como “rasgar o coração, não apenas as vestes”, como anuncia a primeira leitura, retirada da profecia de Joel (cf. Jl. 2,12-18). Também, a Liturgia ressalta o caráter interior do jejum, juntamente com as outras “boas obras”, como a esmola e a oração, conforme o ensinamento do Evangelho. A segunda carta de são Paulo aos Coríntios, por sua vez, proclama o “tempo da reconciliação” com Deus, pregada por são Paulo com vistas à iminência da parusia.
Na primeira leitura – Jl. 2,12-18 – ouvimos o convite: “Rasgai vossos corações, não as vestes” – Trata-se de uma santa exortação à penitência, ao jejum e à súplica orante. Evidentemente os judeus usando deste triple de santidade foram ouvidos. Penitência é voltar ao encontro de Deus. O jejum é tão geral que mesmo os recém-casados não são excusados pela lei judaica. Os sacerdotes articulam este ritmo comunitário. E Deus, cioso para “salvar a sua boa reputação” junto às nações, teve compaixão de seu povo.
A segunda leitura – 2Cor. 5,20-6,2 – nos apresenta o tempo favorável. Apaixonado pelo ministério apostólico da reconciliação, quando São Paulo exorta os coríntios a aproveitar a reconciliação oferecida por Nosso Senhor Jesus Cristo, que assumiu nosso pecado e a não deixar passar a oportunidade já que agora é o tempo oportuno, ou seja, o tempo favorável para a mudança de vida.
O Evangelho – Mt. 4,17 – sublinha a esmola, o jejum e a oração no oculto. Aqui temos três reflexões de Jesus com relação às boas obras judaicas – a esmola, a oração e o jejum – e de uma parte mais nova intercalada – o Pai Nosso. Essas boas obras devem ser feitas pelo seu valor intrínseco, que só Deus vê, e não para serem vistas pelos homens.
A simbologia do número quarenta na Sagrada Escritura é vasta e rica de significados. Quarenta foram os dias em que Jesus jejuou e rezou no deserto(cf. Mt 4,3), antes de começar a sua vida pública de anúncio do Reino de Deus. Quarenta foram os dias em que Moisés permaneceu no monte em diálogo com Deus (cf. Ex. 24,18), antes de receber as tábuas da Lei, que significavam a aliança de Deus com o povo. Quarenta anos foram o tempo em que o povo judeu perambulou pelo deserto rumo à Terra prometida (cf. At. 7,36). Quarenta foram os dias que os ninivitas fizeram penitência de seus pecados (cf. Jn. 3,4) e quarenta foram os dias que Jesus permaneceu na terra depois de ressuscitado, confirmando os apóstolos na continuidade de sua missão redentora e salvadora.
Assim vamos viver os quarenta dias da Quaresma deste ano lembrando de nossa condição de pecadores, em profundo jejum e continuada oração, aspirando um dia gozar das alegrias eternas, em perfeita sintonia na fidelidade à aliança com Deus, preparando-nos para uma nova missão, que é a purificação de nossos pecados e a conseqüente penitência, numa palavra especial: a conversão sincera, isto é, o retorno a Deus, que implica um voltar-se também para as necessidades do próximo.
Ao impor as cinzas nos fiéis o Celebrante irá anunciar: “Lembra-te que és pó e ao pó tornarás” ou a outra antífona: “Convertei-vos e crede no evangelho!” A primeira alocução nos liga ao início da Sagrada Escritura, quando se diz que Deus fez o homem de barro, e lembra muito concretamente o que sobra do corpo humano. Viemos do barro e voltaremos ao pó. Mas sobre o barro que somos, Deus soprou sua vida divina (cf. Gn. 2,7) e nele plantou sementes incorruptíveis (cf. 1Pd. 1,23). Nosso destino nunca foi o pó e nem será. Nosso destino é o horizonte da imortalidade, a vida eterna. Por isso, a ressurreição de Jesus é a garantida da nossa sobrevivência, se formos fiéis ao seu Evangelho de Salvação, conversão sincera e a reta mudança de vida e de comportamento.
As cinzas nos alertam para as nossas origens e para a nossa morte corporal, nossa origem divina e destino eterno.
O Tempo da Quaresma tem exatamente o significado de morrer para a velha vida e renascer para a vida da santidade. Ou como nos ensina São Paulo, Apóstolo das Gentes, de “nos despojar do homem velho e corrompido... para nos revestir do homem novo, criado segundo Deus, em justiça e verdadeira santidade”(cf. Ef. 4,22-24).
O homem, quando queima no fogo da penitência seus apetites mundanos e seus ídolos, o que sobra são cinzas castas, um coração puro, inteiramente pronto para, da morte, passar para a vida eterna. Devemos gemer de dor pelos dores dos pecados e erros cometidos. Por isso, as cinzas devem significar uma morte a um passado errado e o compromisso de uma vida nova para o dia de amanhã. Causa dor a muitos que, vendo o erro, mesmo procurando uma conversão sincera, não conseguem de muitos irmãos e irmãs de caminhada uma compreensão de sua conversão sincera e de seu propósito de vida. E isso brada aos céus, que pede que perdoemos os pecadores arrependidos quantas vezes forem necessárias, para que sejam associados ao Reino de Deus.
A cinza, simbolizando a dor e o sofrimento dos pecados, nos quer lembrar que a Quaresma quer ser um retorno aos valores duradouros. É um propício templo de reflexão sobre a transitoriedade das coisas, por mais ricas, preciosas e caras que sejam. As coisas deste mundo, lembra o salmista “são como a erva: de manhã floresce e viceja, de tarde murcha e seca” (cf. Sl. 90,6). Também a palavra e as promessas humanas passam. Viva e eterna é a palavra Salvadora de Deus (cf. 1Pd. 1,23). O tempo da Quaresma, portanto, é propício para fazermos um balanço das coisas perecíveis e das coisas eternas.
Que as cinzas, impostas em sinal de cruz na fronte de cada fiel, oriundo dos ramos do domingo de Ramos do ano precedente, nos lembre a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, nos lembrando que é preciso morrer para o pecado, porque é morrendo que se vive para a vida eterna.
Com a Quaresma se inicia a Campanha da Fraternidade de 2011, tem como Tema: “FRATERNIDADE E VIDA NO PLANETA” e como Lema “A CRIAÇÃO GEME EM DORES DE PARTO” (Rm. 8,22). A conscientização sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas está entre os principais objetivos da Campanha. A busca de ações que preservem a vida no planeta é outra meta da CF. A fé nos torna específicos numa discussão como essa. A nossa fundamentação é teológica e se baseia no próprio projeto de Deus para com a criação e para com o ser humano. A ecologia humana é um tema fundamental trazido pelo papa João Paulo II e, depois, por Bento XVI. De acordo com o papa, o centro do universo está na pessoa humana e, muitas vezes, as políticas públicas não levam em conta esses dois pontos, principalmente as pessoas mais vulneráveis, os mais pobres. A preocupação da Igreja com o meio ambiente está ligada à sua missão de defender a vida. A Igreja demonstra suas preocupações com o estado de nosso planeta, que precisa de cuidados para que continue a oferecer as condições necessárias para a vida nele instalada.
O Jesus que jejua, o Jesus que se dedica à oração, deve ser visto à luz do Cristo transfigurado. Toda a caminhada de conversão dos cristãos só tem sentido à luz da ressurreição pregustada no Tabor. Celebremos, pois, com estas cinzas a vocação do ser humano, chamado à imortalidade feliz, contanto que realize o mistério pascal de morte e vida em sua vida terrena.
padre Wagner Augusto Portugal
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A Quaresma é o tempo de conversão
Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes (Cl. 2,12)
Com a quarta-feira de cinzas, iniciamos o tempo da Quaresma. A Quaresma é o tempo litúrgico que remete aos 40 dias que Jesus passou no deserto em oração. Também lembra os 40 anos da marcha do povo de Deus pelo deserto em busca de libertação. É um tempo de deserto, de arrependimento, de conversão, de transformação, de purificação. São 40 dias (tirando os domingos) que nos conduzem à celebração da maior festa cristã: a Páscoa de Jesus. A Quaresma nos prepara a experimentar mais plenamente o mistério da redenção, a vida nova em Cristo Jesus, vida esta que já nos foi transmitida no nosso batismo.
O Evangelho da quarta-feira de cinzas sempre é tirado do Sermão da Montanha do Evangelho de Mateus e quer nos oferecer um ensinamento sobre a prática das três práticas fundamentais do cristão: a esmola, a oração e o jejum. Embora ao longo dos séculos, tenha mudado o modo de praticar tais obras de piedade, permanece a obrigação humana e cristã de partilhar os bens com os mais pobres, com o próximo (esmola), viver em comunhão com Deus (oração), e saber reconhecer, controlar os nossos desejos, relação com nós mesmos (jejum).
As palavras de Jesus que meditamos devem fazer surgir em nós a criatividade necessária para encontrarmos novas formas de viver estas três práticas tão importantes para a nossa vida cristã. A esmola, a oração e o jejum eram as três práticas de piedade dos judeus. Mas Jesus critica o fato de que algumas pessoas “hipócritas” as pratiquem somente para serem vistas e elogiadas pelos outros. Ele não permite que a prática da justiça e da piedade seja usada como um meio para a promoção social na comunidade, pelo contrário, deve ser usada em favor da comunidade.
Nas palavras de Jesus, aparece um novo tipo de relação com Deus que se abre para nós. Ele diz: “o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. Isto desfavorece o egoísmo e favorece o altruísmo, o que Jesus quer que entendamos. Jesus nos oferece um caminho de acesso ao coração de Deus. A meditação das suas palavras com relação às práticas de piedade poderá ajudar a descobrir este novo caminho: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes visto por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus”. Ao ler esta frase, não devemos pensar somente aos fariseus (os hipócritas) do tempo de Jesus, mas, sobretudo ao fariseu, ao impostor, ao aparente que talvez sobreviva em cada um de nós. Devemos construir a nossa segurança desde dentro, não naquilo que fazemos para Deus, mas naquilo que Deus faz por nós. É este o ponto chave para entender o ensinamento de Jesus sobre as práticas de piedade. Desta forma, Mateus explica este princípio geral à prática da esmola, da oração e do jejum, dizendo antes como isto não deve acontecer e logo em seguida, como devemos fazer.
De que modo não devemos dar esmola (caridade)? O modo errado, seja naquele tempo e que vale para hoje, é usar um modo vistoso, para ser reconhecido e aclamado por todos como faziam os hipócritas que tocavam as trombetas nas praças para que todos vissem. Jesus diz, aquele que age assim, já recebeu a sua recompensa que era exatamente ter a divulgação de seu nome.
Como devemos dar a esmola? O modo correto é “que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita”. Ou seja, devo dar a minha esmola de modo que nem eu mesmo devo ter a sensação de que mereça uma recompensa da parte de Deus ou elogio da parte dos outros. Como diz o Papa Bento XVI na sua mensagem para a Quaresma de 2011: “No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projetos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia”.
Como não se deve rezar? Falando do modo errado de rezar, Jesus menciona alguns usos e costumes estranhos daquela época. Quando a trombeta tocava para as orações, tinha gente que rezava solenemente na rua para ser vista e considerada piedosa.
Mas como rezar? Para não deixar sombra de dúvidas, Jesus exagera sobre o modo correto de rezar. Diz que é necessário rezar, no escondido, somente diante de Deus Pai para que ninguém nos veja. Fazendo isto, talvez nos considerem como alguém que não reza. Não importa! Até de Jesus caçoaram: “Não é de Deus!”. E isto porque Jesus rezava muito à noite em lugares afastados e não se importava com a opinião dos outros. O que importa é ter a consciência tranquila e ter a certeza que Deus é o Pai que nos acolhe, e não a partir da satisfação que procuro no fato que outros me apreciem como uma pessoa piedosa e que reza. Quem tem que escutar nossas orações é Deus e não as pessoas.
Ainda na mensagem para a Quaresma 2011, Bento XVI lembra: “Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciamos no dia do Batismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de fato, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que “as suas palavras não passarão” (cf. Mc. 13,31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele “que ninguém nos poderá tirar” (cf. Jô 16,22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna”.
Como não se deve jejuar? Jesus critica as práticas erradas do jejum. Havia gente que jejuava ou até nem fazia isso, mas fazia cara de tristeza, não tomava banho, usava roupas sujas, não penteava os cabelos, de modo que todos pudessem achar que estavam jejuando de modo perfeito.
Mas como fazer o jejum? Jesus recomenda o modo contrário. “Quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto” de modo que ninguém perceba que você esteja jejuando, mas só teu Pai que está nos céus. Hoje uma maneira muito válida de jejuar é evitar o consumismo desenfreado, incluindo a ingestão exagerada de alimentos que prejudicam a nossa saúde.
Com relação a isso, o papa escreve: “O jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso “eu”, para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos.
Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc. 12,31)”
Enfim, Jesus apresenta um caminho novo de acesso ao coração de Deus aberto a cada um de nós. A esmola, a oração e o jejum não são dinheiro para comprar a graça de Deus, mas são a resposta da gratidão ao amor recebido e experimentado. Finalmente, o Papa conclui: “Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo... Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor, o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos percorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é batizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele”.
Que através da prática do jejum, da esmola e da oração, encontremos o caminho de conversão que nos leve a redescobrir o nosso batismo que nos traz à Páscoa de Nosso Senhor, a vida em abundância.
padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento
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Cinzas
Com o rito das cinzas, iniciamos hoje o tempo sagrado da Quaresma.
A Bíblia usa com freqüência o período de 40 dias (ou 40 anos) para indicar períodos especiais, que criam um clima adequado para algo que vai acontecer.
- O Povo caminha 40 anos no deserto, antes de entrar na Terra Prometida. Foi uma experiência de purificação dos falsos deuses, de adesão aos mandamentos (aliança) e de solidariedade no deserto;
- Elias caminha 40 dias e 40 noites até o monte sagrado de Oreb;
- o dilúvio: 40 dias para purificar a humanidade corrompida;
- Moisés: 40 dias no Sinai antes de receber a Lei.
- Jesus: 40 dias no deserto antes de iniciar a vida pública.
- Quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à Páscoa.
A liturgia nos aponta o espírito que deve animar esse tempo.
Na 1ª leitura, o profeta Joel convoca o povo de Israel em assembléia e o exorta à conversão: "Rasgai os vossos corações, não as vossas vestes". (Jl. 2,12-18)
A Quaresma é tempo de rasgar o coração e voltar ao Senhor. Tempo de retomar o caminho de se abrir à graça do Senhor, que nos ama e no socorre.
O Salmo 50 é um forte apelo penitencial: Pequei, Senhor, misericórdia".
Na 2ª leitura são Paulo exorta os Coríntios e hoje a nós: "Reconciliai-vos com Deus... Eis agora o tempo favorável." 2Cor. 5,20-6,2)
No Evangelho Jesus apresenta três práticas religiosas dos judeus (a esmola, a oração e o Jejum), que devem ser realizadas com autenticidade, sem exibicionismo. São também os três caminhos quaresmais apontados pela Igreja:
- a oração nos leva a uma experiência pessoal com Deus;
- o jejum nos leva a um gesto concreto de conversão: privar-se de algo para uma liberdade interior maior;
- a esmola nos leva a nos doar aos irmãos, no serviço fraterno, em gesto de solidariedade e de partilha.
Nesse espírito, a Igreja no Brasil nos propõe todos os anos na Quaresma
a Campanha da Fraternidade, apontando um ponto de fraternidade que merece uma atenção especial.
Diante da situação preocupante do meio ambiente, a Igreja nos propõe o tema: Fraternidade e a vida no planeta. Com o lema "A criação geme em dores de parto" (Rm. 8,22), a Campanha denuncia a realidade que criamos e as conseqüências vindas dela: o planeta terra é a nossa casa comum, pela qual todos devemos zelar.
O problema é que, em lugar de cuidar, estamos abusando, explorando e destruindo a Terra. Temos "o dever de cuidar do meio ambiente, tão ameaçado por interesses econômicos e tecnológicos" (DGAE 85). Somos todos irmãos e irmãs, temos todos a responsabilidade de usar de forma adequada o que Deus nos deu como dom. Quem explora a natureza diminui a vida no planeta, e prejudica a toda a humanidade, a começar por aqueles que vivem à margem do desenvolvimento.
O objetivo geral dessa campanha é: contribuir para o aprofundamento do debate e busca de caminhos de superação dos problemas ambientais provocados pelo aquecimento global e seus impactos sobre as condições da vida no planeta.
Objetivos específicos são:
- viabilizar meios para a formação da consciência ambiental em relação ao problema do aquecimento global e identificar responsabilidades;
- promover a discussão sobre o problema do aquecimento global;
- mostrar a gravidade e a urgência dos problemas ambientais provocados pelo aquecimento global e articular ações concretas;
- trocar experiências e propor caminhos para a superação dos problemas ambientais relacionados ao aquecimento global.
A Campanha propõe umas Estratégias para atingir os objetivos:
- denunciar situações e apontar responsabilidades no que diz respeito aos problemas ambientais decorrentes do aquecimento global.
- propor atitudes, comportamentos e práticas fundamentadas em valores que tenham a vida como referência no relacionamento com o meio ambiente.
- mobilizar pessoas, comunidades, Igrejas, religiões e sociedade para assumirem o protagonismo na construção de alternativas para a superação dos problemas sócio-ambientais decorrentes do aquecimento global.
Não podemos calar!
Não podemos calar diante do desmatamento irracional, da poluição das fontes, dos rios e dos mares, da degradação da biodiversidade, da extinção de espécies animais, da depredação das reservas ecológicas, do acúmulo de lixo, do descarte de resíduos tóxicos, do uso abusivo da terra, da dependência crescente dos combustíveis fósseis, da intoxicação dos alimentos.
“Como profetas da vida, devemos insistir na denúncia de quem abusa da natureza em prejuízo de nações inteiras e da própria humanidade” (DA 471).
Que as cinzas, que hoje recebemos com devoção na fronte, sejam um sinal externo de nossa adesão sincera e ardorosa em defesa do Planeta, que recebemos de Deus.
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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