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7 de fev. de 2010

Os lavradores mataram os servos e o Filho do dono da vinha.

05 Março-sexta


Mateus 21, 33-43.45-46

A liturgia da “vinha de Deus” para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.

Na primeira leitura, o profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua “vinha”. Esse amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de egoísmo e de injustiça… O Povo de Jahwéh tem de deixar-se transformar pelo amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia - a justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança.

Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos - e todos os que fazem parte da “vinha de Deus” - a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua “vinha”.

No Evangelho, Jesus retoma a imagem da “vinha”. Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que ele espera.

Primeira Leitura - Leitura do livro do profeta Isaías (Is 5, 1-7)

O encontro com o amor de Deus tem de significar uma efetiva transformação do nosso coração e tem de levar-nos ao amor, ao irmão... Quem trata os irmãos com arrogância, quem assume atitudes duras, agressivas e intolerantes, quem pratica a injustiça e espezinha os direitos dos mais débeis, quem é insensível aos dramas dos irmãos, certamente ainda não fez a experiência do amor de Deus.

Segunda Leitura - Carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses (Fl 4, 6-9)

Os cristãos não são pessoas fracassadas, alienadas, falhadas, mas pessoas com um objetivo final bem definido e bem sugestivo. O caminho de Cristo é um caminho de dom e de entrega da vida; não é um caminho de tristeza e de frustração.
Por quê, então, a tristeza, a inquietação, o desânimo com que, tantas vezes, enfrentamos as vicissitudes e as dificuldades da nossa caminhada?
Porque é que, tantas vezes, saímos das nossas celebrações eucarísticas cabisbaixos, intranqüilos, de semblantes tristonhos e ar irritado?
Os irmãos que nos rodeiam e que nos olham nos olhos recebem de nós um testemunho de paz, de serenidade, de tranqüilidade?

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mt 21, 33-43)

A parábola fala de trabalhadores da “vinha” de Deus que rejeitam o “filho” de forma absoluta e radical. É provável que nenhum de nós, por um ato de vontade consciente, se coloque numa atitude semelhante e rejeite Jesus.
No entanto, fica a pergunta no ar: As propostas de Jesus são, para nós, valores consistentes, que procuramos integrar na nossa existência e que servem de alicerce à construção da nossa vida, ou são valores dos quais nos descartamos com facilidade, sob pressão de interesses egoístas e de acomodação?

Comentário Quem são os amos da Vinha?

A tentação permanente de quem tem o “poder” é: apoderar-se do que não é seu! Isto se passa quase imperceptivelmente do serviço à posse. Os melhores servidores ou servidoras - se não prestarem atenção - acabam convertendo-se em proprietários ou proprietárias. E isso é muito perigoso!

Jesus exagera ao máximo essa possibilidade. Na parábola nos fala de "um proprietário" que plantou uma vinha e de alguns "lavradores" que trabalhavam na vinha. Estes, ao chegar o tempo da vindima (colheita das uvas), se apropriaram dela e começaram a impor seu poder, acabando com todos os que eram enviados a ela, até com o Filho do proprietário. Ao final estavam sós, impondo sua ditadura! ... Porém, fica no ar a grande pergunta: "quando voltar o dono da vinha, o que fará com aqueles lavradores?”

Todos nós somos Igreja! As mulheres e os varões! Os laicos e os ministros ordenados! Os seculares e os religiosos! Os jovens e as crianças, os adultos e os anciãos! Os casados e os celibatários! Os africanos, os asiáticos, os americanos e os europeus! Os grupos e os movimentos poderosos e também as comunidades pequenas sem muitos recursos! Todos nós somos Igreja, todos somos a Vinha amada de Deus! Nada, ninguém, senão Jesus é o centro da Igreja. Nada, nenhum grupo, deveria usurpar aquilo que foi concedido a todos em herança. Somos Corpo e cada um de nós é o membro. Cada um tem sua função, mas ninguém, nenhum grupo, deve “suplantar" aos demais. É necessário criar espaços para que todo o corpo funcione evitando áreas de paralisia, ou áreas de competitividade que elimina o "outro."

Os do "ordeno e mando", os que sempre tem razão, quem impõem seu poder, que introduzem uma ditadura na Vinha do Senhor e querem monopolizar tudo, absorver tudo, dirigir tudo, não completam a vontade do Proprietário. São como os lavradores da parábola. Sempre me pergunto: como é possível que em uma grande comunidade de irmãos, todos ungidos pelo Espírito de Deus, tenha alguns que se sintam tão "privilegiados" que querem supor que eles ou elas tenham toda a razão e que os demais devam aplaudir e aceitar o que eles dizem? Como é possível tanta hipocrisia, como para condenar os que não pensam como eu ou como o meu grupo, sem descobrir minha fraqueza, meu pecado e minha mentira? Ouço muitos irmãos e irmãs, em muitas partes da Igreja, reclamar de pequenas ditaduras às que são submetidos e que fazem a vida eclesiástica muito difícil; se sentem estranhos na própria casa, espancados na Vinha.

Não se pode impunemente dizer "em nome de Deus!", "em nome de Jesus Cristo!" para impor o próprio ponto de vista, para condenar o oponente, para defender interesses muito particulares. Se alguma vez se diz, que seja com medo e tremor. É que o Espírito envia mensagens e mensageiros que nós não esperamos. O mesmo Filho de Deus chega a nós com formas inesperadas, com expressões novas. Quem é movido pelo Espírito de Deus a reconhecem e acolhem.

Abbá nosso, como é fácil nós apropriarmos de teus dons! E quando isso acontece, não damos glória a Ti, mas nós apropriamos de tua Gloria. Tu nos ama a todos "Vinha tua”, sem lavradores proprietários... Todos nós somos partícipes da comunhão no serviço. Livra a tua Igreja de toda a ditadura, dos maus pastores que utilizam teu santo nome para impor sua vontade. Purifica os poderes, santifica os poderes, humaniza os poderes... que teu Espírito nos conceda o crescimento. Dá viabilidade também aos "novos poderes carismáticos" com que agracias a tua vinha: que sejam acolhidas e acolhidos os teus enviados... Com elas e eles nos chega teu Filho Amado, o que unicamente proclamamos nosso Senhor!.

José Cristo Rey Garcia Paredes

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