QUARTA-FEIRA- 06/10/2010
Jesus ensina a orar
Lc 11,1-4
Quer falar com Deus? Desligue o piloto automático.
Pense rápido: me ensina a rezar! Agora pense com calma em algo que você saiba fazer muito bem. Algo que você faça tão bem, que seja praticamente automático pra você. Andar de bicicleta! Dirigir um carro! Digitar no computador! Me ensina a fazer isso! Bem mais fácil, né? Não foi tão grande o susto, quanto no primeiro pedido. Por que será?
Quando começamos a fazer algo novo, temos que prestar atenção em cada passo do processo. E à medida que vamos adquirindo prática, vamos automatizando algumas etapas, e nos tornamos mais ágeis! Esse é o processo natural para quase tudo na nossa vida. Veja que nem tudo pode ser automático... Por exemplo: quando você vai conversar com uma pessoa, você precisa pensar no que vai dizer, e precisa pensar no que está escutando. Não tem como ligar no automático para isso, a não ser que você fale, SEM PENSAR, um texto que esteja gravado na memória, como uma música, uma poesia que você decorou, ou UMA ORAÇÃO.
Você já teve aquela aula em que o professor mostra um esquema de tópicos, ou um texto, e simplesmente lê o que tem lá escrito, e quando você pensa que ele vai explicar o que é aquilo, ele dá a aula por encerrada? Aí você fica sem entender nada do assunto, porque parece que nem o professor entendeu o que leu... E mesmo que você pergunte, não adianta, porque ele não sabe mesmo, e só vai tentar lhe "enrolar"... A mesma coisa acontece quando recitamos uma oração sem prestar atenção ao que estamos dizendo. Deus fica igual a nós, naquela sala de aula: escutando o que estamos dizendo, e esperando a parte em que nós vamos explicar com as nossas palavras o que nós realmente queremos...
No começo da reflexão eu pedi que você me ensinasse a rezar. Foi exatamente assim que os discípulos fizeram com Jesus. No momento em que Ele estava voltando do seu momento de oração, os discípulos pediram que o Mestre os ensinasse a rezar também. A Oração do Pai Nosso do Evangelho de Lucas é bem resumida, mas aborda os principais pontos:
Pai (para nos aproximar do nosso Criador, e acabar com a imagem do Deus vingativo, mas trazer a imagem do misericordioso), santificado seja o teu nome (este é o primeiro mandamento, e observe que não é um pedido, mas é uma lembrança para nós mesmos honrarmos o seu nome). Venha o teu Reino (também não é um pedido; se fosse um pedido, seria "Manda o teu Reino"; para vir o Reino é preciso que também seja feita a nossa parte, a dEle já foi feita). Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos (agora sim, um pedido... mas veja que não é pedido nada além do que o necessário... então o pão que você pegou a mais, é o que vai faltar para outra pessoa), e perdoa-nos os nossos pecados (quando devemos algo a alguém, e não temos com o que pagar, só nos resta pedir que perdoe as nossas dívidas, e ficamos devendo a nossa própria vida), pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores (onde está a consciência de quem tem a cara-de-pau de pedir perdão da sua dívida, sem ter perdoado a dívida que alguém possa ter com ele?); e não nos deixes cair em tentação (esse depende mais de nós do que dEle... afinal, Ele nos deu o livre arbítrio, e quando nos coloca em provação, testando a nossa fidelidade, é porque Ele quer nos dar algo maior, como fez com Jó).
Fica claro que o "Pai Nosso" não "nasceu" como uma fórmula a ser decorada e recitada, como fazemos. Assim também rezamos a Ave Maria, a Oração do Santo Anjo, o Credo, e tantas outras... Falamos a oração no nosso idioma, mas nem nós sabemos o que estamos dizendo... Para Deus vale muito mais aquela oração que sai do fundo do coração, e expressa a nossa verdadeira necessidade...
Se praticarmos a oração diariamente, como Jesus fazia, chegaremos a uma conclusão: tudo o que precisamos conversar com Deus, está na oração que Jesus ensinou... Inclusive, todos os nossos pedidos poderiam se resumir nestes três: dá-nos o pão necessário para cada dia, perdoa os nossos pecados e não nos deixes cair em tentação.
Jailson Ferreira
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