Ai de vocês! Pelos profetas que os vossos antepassados mataram
Quinta-feira, 14 de outubro de 2010
"A cultura ajuda um povo a lutar com as palavras, em vez de o fazer com as armas." (Glugiermo Ferrero)
Lc 11,47-54
Peçam contas do sangue de todos os profetas, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias.
Neste Evangelho, Jesus continua fazendo críticas aos mestres religiosos do seu tempo. Críticas que valem também para nós, pois todos temos de prestar contas a Deus dos nossos atos.
O fato de os fariseus construírem túmulos para os profetas que os antepassados deles mataram, é como que a continuação do gesto criminoso dos antepassados.
Por outro lado, é uma hipocrisia porque agora, que os profetas estão mortos, são exaltados com belos túmulos, sendo que esta geração continuará o crime dos seus antepassados, matando o maior dos profetas, Jesus Cristo. É fácil exaltar um profeta que já morreu, porque não está aqui para nos cutucar e denunciar. Nós hoje continuamos essa pecado que, por exemplo, exaltamos os papas do passado e criticamos o atual; exaltamos os líderes antigos da nossa Comunidade e criticamos os atuais. O fato de construir belos túmulos para os profetas que foram assassinados no passado, mostra que os antepassados no fundo sabiam que o problema não estava nos profetas mas neles mesmos. Tanto que agora seus próprios filhos os exaltam, pintando seus túmulos.
Profetas são todos os que nos ensinam a Palavra de Deus, desde a catequista até o Papa.
O Antigo Testamento tinha grande veneração pelas três principais instituições que dirigiam o Povo de Deus: os profetas, os sacerdotes e os reis. Eles eram ministros de Deus no serviço de ensinar (profetas), de santificar (sacerdotes) e de governar (reis). Trabalhando em conjunto, essas três instituições deviam manter a Aliança com Deus.
A Bíblia enumera 104 profetas, dos quais 49 não são conhecidos pelo seu nome. Dezessete profetas deixaram-nos a sua mensagem por escrito. São os livros proféticos, entre os quais se destacam os livros dos quatro profetas chamados maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
De modo geral, todos os profetas sofreram perseguições e vários foram mortos violentamente. O que os profetas mais denunciavam era a separação entre a fé e a vida. E eles “davam nomes aos bois”, a começar pelos chefes do povo. Isso, é claro, resultava na perseguição a eles.
Jesus pediu, várias vezes, para acolhermos bem os profetas, pois é o próprio Deus que no-los envia. “Quem vos recebe, é a mim que está recebendo; e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou. Quem receber um profeta, por ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta” (Mt 10,40-41).
“Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar.” Eles impediam porque explicavam as Escrituras de forma tão elevada e teórica que acabavam impedindo o povo de entender as Escrituras.
“Quando Jesus saiu daí, os mestres da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal...” A reação foi negativa. Em vez de refletirem sobre as denúncias de Jesus, partiram logo para o ataque. E ainda um ataque covarde: Armando ciladas para pegar Jesus de surpresa. É sempre assim, as pessoas não ficam neutras diante de Jesus. Quem não está do seu lado, passa a lutar contra ele. E é bom lembrar que Jesus está presente hoje na sua Igreja, que é una e santa.
Que Maria Santíssima nos ajude a ser bons profetas e profetizas do Senhor.
Peçam contas do sangue de todos os profetas, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias.
Padre Queiroz
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