Segunda-feira, 15 de Agosto de 2011
Evangelho - Mt 19,16-22
Essa mesma passagem de hoje pode ser encontrada, de modo levemente distinto, no Evangelho de Marcos 10, 17-27 e no Evangelho de Lucas 19, 16-22.
O relato de Mateus nos deixa todos perplexos, exatamente pelo teor de radicalidade exigida pelo Mestre para o seguimento. Se quisermos seguir o Cristo e concretizar o seu Reino, teremos de fazer escolhas árduas, abrindo mão de muitas aspirações pessoais.
Um jovem rico (sendo um príncipe, em Lucas, e um homem maduro, em Marcos) foi ao encontro de Jesus, com muita sinceridade de coração, esperando obter uma resposta afirmativa do Mestre. Jesus, de fato, fica admirado pela fé e pela experiência religiosa do jovem, e o vê como um discípulo em potencial. Mas Jesus ainda quer expor mais uma condição, e a principal: para segui-lo, exigir-se-á muito esforço e abnegação.
Ninguém quer perder os bens que adquiriu, talvez com muito suor. À época de Jesus, ser rico era ser abençoado por Deus. A teologia do judaísmo sacerdotal pregava exatamente isto: se você é pobre, você é amaldiçoado! O jovem não entende esse projeto revolucionário de Jesus, nem nós entendemos, ainda!
Por comparação, a hierarquia da Igreja, com o passar dos anos, nasceu exatamente para servir aos seguidores de Jesus. Sendo desapegada, ela mostraria à humanidade a verdadeira pessoa de Jesus. Mas não vemos isso, hoje. Em certo sentido, muitos de nossos pastores se assemelham àquele jovem rico, pois não são capazes de abrir o coração para uma nova proposta de libertação. O jovem não entendeu a nova sugestão de Jesus, e muitos de nossos pastores também não entendem os novos caminhos de libertação da Igreja. Isso é o que Jesus não sonhou!
A passagem sobre a qual nos debruçamos nos ensina uma valiosa lição: cumprir ordens e regras, cultos e ritos, não nos dará a plenitude da vida. É muito mais difícil perdoar um irmão do que participar de uma missa; é muito mais árduo abraçar o pobre do que tomar a refeição na casa de um rico; em suma, é muito mais fácil se esconder atrás de regras e rubricas do que ser cristão, seguidor de Jesus Cristo.
Se nós entendêssemos a importância de ser cristão genuíno, dando os nossos bens aos pobres, não só materiais, mas os bens intelectuais e relacionais, não teríamos em nossas igrejas a presença de ditadores, que comandam sozinhos a vida da comunidade, da paróquia, da diocese ou do espaço em que nos reunimos.
Se fôssemos viver na radicalidade que Cristo nos propõe, sairíamos tristes e de cabeça abaixada, pois muitas das nossas mordomias e burocratizações desapareceriam. E como é bom se proteger com o escudo do rigorismo e das regras inflexíveis! Jesus sonhou diferente: sonhou que pessoas se reunissem como irmãos para construir um mundo menos opressor e mais agradável de viver! Lutemos por esse sonho!
Mt 19, 16-22 – JESUS NÃO QUIS DITADORES!
Fr. José Luís Queimado - E-mail: jlqueimado@ig.com.br
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