SEGUNDA-FEIRA 10/01/2011
Evangelho - Mc 1,14-20
Hoje nós celebramos com alegria a festa da Conversão de S. Paulo, Apóstolo. Como a festa caiu no domingo, ela seria omitida. Mas este ano é especial, porque estamos celebrando o Ano Paulino, que é a comemoração dos dois mil anos do nascimento de S. Paulo. Ele nasceu em Tarso, na Cilícia, que pertence à atual Turquia.
A primeira Leitura narra um discurso que Paulo fez no Templo de Jerusalém, diante de uma multidão agitada que queria matá-lo. Paulo começa dizendo: “Eu sou judeu, nascido na Cilícia, mas fui criado aqui nesta cidade. Como discípulo de Gamaliel, fui instruído em todo o rigor da Lei de nossos antepassados, tornando-me zeloso da causa de Deus, como acontece hoje convosco” (At 22,3). Em seguida, Paulo narra a sua conversão.
Mais tarde ele dirá: “Fui constituído arauto e apóstolo, mestre dos pagãos na fé e na verdade” (1Tm 2,7). Era assim que S. Paulo entendia a sua vocação. Hoje nós entendemos que ele era mestre não só para a sua geração, mas para todas as gerações posteriores, é nosso mestre.
Nós não estamos, neste Jubileu, festejando alguém do passado, em sim um irmão atual, presente todos os dias em nossa vida e nos orientando.
Quem é S. Paulo? O que ele me fala? Vejamos alguns textos: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). Tudo o que Paulo faz, parte desta sua experiência de ser amado por Jesus de um modo pessoal; parte da consciência que Cristo morreu por amor a ele, Paulo. Portanto a sua fé não é uma teoria, mas uma experiência, uma experiência de amor.
Paulo é um homem forte e combativo, que sabe manejar a espada da palavra. “Apesar de ter sofrido maus tratos e ultrajes em Filipos... o nosso Deus nos deu coragem e segurança para vos anunciar o seu Evangelho... Aliás, sabeis muito bem que nunca bajulamos ninguém, nem fomos movidos por alguma ambição disfarçada” (1Ts 2,2.5). Para ele, a verdade era por demais grande e sagrada, e não a sacrificava por nada. A verdade que ele descobriu no encontro com o Ressuscitado merecia, por ela, toda luta, toda perseguição, todo sofrimento. Mas o que mais o motivava era a certeza de ser amado por Jesus.
S. Paulo era um homem livre. Para ele, o que vale é o amor. “Ama, e faze o que queres” (Santo Agostinho). Quem ama a Cristo como Paulo amava, pode realmente fazer o que quiser, porque o amor liga a nossa vontade à vontade de Cristo.
No caminho de Damasco, Cristo fala a Paulo: “Por que me persegues?” Paulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?” Cristo responde: “Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo” (At 9,7-8). Cristo se identifica com a Igreja. Ele se tornou carne, e a Igreja continua sendo a sua carne. A partir dessa experiência, Paulo vê a Igreja como Corpo de Cristo. Servir à Igreja é servir a Cristo, entende Paulo.
Concluamos com uma frase de Paulo a Timóteo, que vale para nós: “Não te envergonhes de testemunhar a favor de Nosso Senhor Jesus Cristo... pois Deus nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras, mas por causa do plano salvífico e da sua graça, que nos foi dada no Cristo Jesus” (2Tm 1,8-9).
Uma das qualidades mais admiráveis de S. Paulo é a garra com que ele assumia as coisas. Quando, seguindo as idéias do seu professor Gamaliel, achava que o cristianismo era um mal, ele o perseguiu de corpo e alma. Quando, iluminado por Cristo, percebeu que o cristianismo era um bem, dedicou-se de corpo e alma a esta nova religião. O mundo precisa de pessoas assim, que não ficam apenas em teorias, mas se dedicam a transformar o mundo, de acordo com as convicções que têm.
Nós agradecemos a Deus ter chamado Paulo e tê-lo feito Apóstolo dos pagãos e nosso Mestre. E lhe pedimos que nos ajude a amar muito a Cristo e ser suas testemunhas.
Havia, certa vez, na periferia de uma cidade grande, uma Comunidade cristã que, por não ter onde se reunir, fazia as celebrações no centro comunitário do bairro, que pertencia à prefeitura.
A assistente social da prefeitura procurou a líder da Comunidade e lhe pediu que no próximo domingo avisasse o povo que aquela seria a última celebração no centro comunitário, pois dali para frente estava proibido. A líder, angustiada, passou a rezar muito pedindo a Deus que a iluminasse como dar esse aviso.
Antes de iniciar a celebração, ela teve uma idéia. Conversou com a equipe coordenadora e todos concordaram. Então, no final da celebração, ela deu o seguinte aviso:
“A assistente social nos proibiu de reunir aqui. Nós não vemos motivo para isso, pois no domingo de manhã não há atividades no centro comunitário. Amanhã, às oito horas da manhã, ela estará aqui. Nós, a coordenação da Comunidade, convidamos alguns de vocês para virem aqui a fim de conversarmos com ela.” Três pessoas levantaram a mão.
Um senhor de barba e bigode disse: “Se não mudar de idéia, daqui mesmo iremos à prefeitura conversar com o sr. Prefeito”.
Mas no dia seguinte, quando a assistente social chegou ao centro comunitário, estavam ali reunidas perto de oitenta pessoas. A maioria ela conhecia, pois eram mães e pais de crianças que freqüentavam o centro. Havia inclusive um alto-falante portátil já preparado para animar a caminhada até a prefeitura.
Ao ver aquele povão e saber do plano, a assistente social tremia como vara verde. Ela pegou o microfone e disse: “Não! Não há problema! Podem continuar usando o centro comunitário para as celebrações. Fica o dito por não dito”. Evidentemente, ela viu o seu emprego ameaçado, caso aquele povo fosse até a prefeitura.
S. Paulo era um líder cristão, que assumia a dianteira em todas as causas a favor de Cristo e da Igreja. Que ele interceda por nós!
S. Paulo tem um texto belíssimo sobre Nossa Senhora: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher... e assim todos nós recebemos a dignidade de Deus” (Gal 4,4-5). Nós agradecemos também a Maria ter assumido ser Mãe de Jesus, dando-nos este presente de sermos filhos e filhas de Deus.
Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho.
Padre Queiroz
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