21 de Agosto de 2011
Evangelho Lucas 1, 39-56 Festa da Assunção de Nossa Senhora
Lembro que na minha infância, vivida nos anos 60 na rua empoeirada da velha Vila Albertina em Votorantim, no auge da era Pelé, o nome do rei do futebol era invocado, tanto no campo de futebol como em qualquer esquina, pelos meninos que corriam atrás de uma bola e que traziam no coração o desejo e o sonho de ser bem sucedido na carreira futebolista, como o Sr. Edson Arantes do Nascimento. Olhando para alguém que é bem sucedido, que venceu e conseguiu ir além da média, o ser humano alimenta ou até faz nascer os ideais. Nos esportes, na arte, na cultura, na política, na ciência, todos os que venceram e chegaram ao cume, acabam confessando que alguém os inspirou. Pois na vida religiosa também é assim, sendo exatamente essa a razão porque temos em nossa igreja os santos e santas de Deus, não para serem adorados ou idolatrados, mas para ser uma indicação, uma referência, um sinal seguro a indicar o caminho.
Claro que Maria de Nazaré, a mãe de Jesus é para nós a referência máxima, ela não é o fim, mas o meio, não é a meta, mas o caminho, pois nessa serva, que podemos chamar de nossa querida irmã, tudo aponta para o filho Jesus, nosso Senhor, salvador e redentor! Se em nossa história temos tantas referências humanas que nos ensinam a viver melhor e a ser mais feliz, quando se trata de buscar a verdadeira santidade que brota do coração de Deus e chega a nós em Jesus, a pessoa mais indicada para nos ensinar o caminho, é indiscutivelmente Maria de Nazaré! Não é ela que nos santifica nos redime ou nos salva, mas ela com sabedoria e ternura maternal, nos conduz ao seu Filho, o Salvador. Maria é, sem nenhuma sombra de dúvidas, a primeira mulher do povo da nova aliança, a professar a sua fé no Salvador, porque foi a primeira a aderir ao projeto de Deus, e se nós a chamamos e veneramos como mãe, é porque ela é de fato e de direito. Em Cristo renascemos, tivemos a vida nova, ao sermos destinados a eternidade, esta vida nova foi gerada no ventre de Maria, pois em Cristo ela gerou uma nova humanidade, não mais destinada ao fracasso como os filhos de Eva, mas a plenitude da salvação.
É neste contexto que o evangelista João, anima e encoraja as suas comunidades falando-lhes do sinal que ele viu no céu, uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. A mulher confronta-se com o dragão cor de fogo, que quer devorar-lhe o Filho, mas ela sai vitoriosa. Essa revelação deu ânimo novo às comunidades que estavam quase sucumbindo diante da perseguição romana, nos primeiros séculos da igreja!
Os pequenos pobres e simples do tempo de Maria estavam também quase perdendo a esperança e, de repente, um encontro entre duas mulheres mudou totalmente o panorama. Não foi na corte palaciana, onde as celebridades em meio à riqueza e o poder tomam decisões importantes, mas em uma cidade da periferia, na região da Judéia, onde Maria entrou na casa de Isabel, que é também a primeira pessoa a manifestar a sua fé em Jesus, ao perceber a sua presença em Maria ao chamá-la de bendita!
Ao cantar as obras de Deus no "Magnificat", Maria atribui tudo a ele e ratifica a sua posição de serva, mas muito mais do que isso, o canto é um alegre anúncio a todos os pobres e pequenos, de que um tempo novo irá começar, onde o que vai valer realmente não é mais a lógica dos homens, mas sim a de Deus, que em Jesus inverte a ordem estabelecida, fazendo aliança com gente simples do povo como Maria e Isabel, capaz de mudar a sorte de toda humanidade, os soberbos de coração foram dispersos e perderam a força, os poderosos perderam o seu lugar, agora são com os humildes que ele irá contar para fazer acontecer à obra da salvação, os que tinham fome de um Deus cheio de amor e misericórdia, saciaram-se plenamente em Jesus, mas os ricos, os que se julgavam salvos e justos diante de Deus, ficaram de mãos abanando. Israel, pequeno resto desprezado e humilhado pelas grandes nações, torna-se a "bola da vez" porque Deus faz valer a sua misericórdia e cumpre as promessas feitas aos antepassados, que os homens de coração duro, desacreditaram. Atravessamos o vale tenebroso desta vida, com tantos sinais de morte e aridez das discórdias, mas chegaremos na plenitude da salvação, porque nossa querida irmã e mãe Maria, já está lá, a nossa espera, para nos introduzir para sempre no templo de Deus!
José da Cruz - Diácono permanente da
Paróquia Nossa Senhora Consolata- Votorantim
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