QUARTA-FEIRA 15/12/2010
Lc 7,19-23
O Evangelho de hoje tem duas partes. Na primeira, João Batista manda dois de seus discípulos perguntar a Jesus se é ele o Messias. E na segunda, Jesus responde de maneira prática, fazendo as ações que, segundo o profeta Isaías, eram próprias do Messias.
João mandou perguntar, não porque ele estivesse em dúvida, e sim para confirmar a fé dos seus discípulos, já que em breve ele iria morrer.
Antes de responder, e na presença dos emissários de João, Jesus curou muitos enfermos e deu vista a muitos cegos. Depois disse aos emissários: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes”.
Jesus tomou essa atitude porque sabia que João Batista conhecia o livro do profeta Isaías, e lá (Is 35,5-6; Is 61,1-2) está escrito que estas ações que Jesus fez são identificadoras do Messias. Foi uma resposta do jeito que Jesus gosta: mostrou com obras e não apenas com palavras.
Seria como hoje um grupinho de pessoas chegar a nossa casa e disser: “O nosso chefe nos mandou perguntar qual é a religião de vocês”. E nós, em vez de responder, pedirmos a eles que fiquem na nossa casa durante aquele dia. Verão que a família é unida; que existe espírito de oração e rezam o terço; que são preocupados com os necessitados; que existem nas paredes da casa o crucifixo, quadros e imagens de Jesus, de Nossa Senhora e dos santos... No fim, nós diríamos a eles: “Podem ir e contar ao seu chefe o que vocês viram e ouviram”. Diante disso, não há dúvida que a família é católica.
Jesus gosta desse jeito de mostrarmos quem somos: pela nossa vida. Se fé fosse apenas saber e acreditar, o demônio seria campeão de fé, pois sabe tudo e acredita. A diferença é que ele não vive o que sabe.
No caso de Jesus, havia outra prova clara de sua messianidade: os seus milagres.
Com Jesus está inaugurado o Reino de Deus, onde os cegos recuperam a vista, os aleijados andam, os famintos são bem alimentados, os pobres são amados e a Boa Nova é anunciada aos pobres. Quer dizer, ninguém fica marginalizado, inclusive do ponto de vista religioso do ponto de vista religioso.
“E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim.” Jesus está dizendo que é feliz aquele que acredita que as características do Messias são estas que Jesus apresenta, e não aquelas que o povo judeu esperava: um rei triunfalista e cheio de poder temporal. Escandalizar é não acreditar e negar que Jesus é o Messias, pela fato de se apresentar como o “Servo sofredor”.
Na sinagoga de Nazaré (Lc 4,16ss), Jesus disse quase a mesma coisa. Nas duas cenas percebe-se que Jesus não se atém a atos estritamente religiosos, como muitos querem ver a religião. Ele misturava o socorro humano e o divino, pois o homem é uma unidade: corpo e alma. Não separe o homem o que Deus uniu. Esse foi também o “escândalo” que Jesus deu. O “escândalo” de afirmar que Deus ama o homem todo e não apenas a alma.
Todos os cristãos que se preocupam com os marginalizados e fazem algo por eles, dão o autêntico testemunho de Jesus. Estes cristãos celebram verdadeiramente o advento.
Certa vez, dois irmãozinhos, um menino e uma menina, estavam conversando na varanda da casa. O pai, que fora tirar uma soneca depois do almoço, estava acordado, e ouvia a conversa.
A menina dizia: “Quando eu crescer, vou ser como a mamãe: serei leitora na hora da Missa”. O menino falou: “Eu não; quando ficar grande, vou ser como papai: nem à Missa eu irei mais”.
Depois de ouvir a conversa, o pai não conseguia mais dormir. Virava para cá, virava para lá, nada. Daí para frente, ele mudou de vida e se tornou um católico praticante.
Que bom se neste advento os pais refletissem sobre o tipo de exemplo que dão aos filhos! E também os filhos refletissem que tipo de exemplo estão dando na família, na escola etc.
Os personagens principais deste tempo sagrado do advento são: Jesus, Maria Santíssima, João Batista e o profeta Isaías. Nós pedimos a Jesus que, por intercessão de sua Mãe, nos ajude a celebrar bem a festa do seu aniversário.
Ide contar a João o que vistes e ouvistes.
Padre Queiroz
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