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27 de dez. de 2010

Encontraram Maria e José e o recém-nascido --Missionários Claretianos

Sábado, 1 de janeiro de 2011

SANTA MARIA MÃE DE DEUS

Outros Santos do Dia: Basílio d’Aix-en-Provence (bispo), Claro de Saint-Marcel (abade), Concórdio de Spoleto (presbítero, mártir), Eugênio de Condat (abade), Félix de Bourges (bispo), Fulgêncio de Ruspe (monge, bispo), Guilherme de Dijon (abade), José Maria Tommasi (cardeal), Justino de Chieti (bispo), Odilo de Cluny (abade), Pedro de Atroa (abade), Telêmaco (monge, mártir em Roma), Vicente Strambi (bispo de Macerata e Tolentino).

Primeira leitura: Números 6,22-27.
Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei.
Salmo responsorial: 66,2-3.5-6.8.
Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção.
Segunda leitura: Gálatas 4, 4-7.
Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher.
Evangelho: Lucas 2, 16-21.
Encontraram Maria e José e o recém-nascido. E, oito dias depois, deram-lhe o nome de Jesus.

Liturgicamente, hoje é a festa de “Santa Maria, Mãe de Deus”; é também a “Oitava do Natal” , festa na qual recordamos a “circuncisão de Jesus”. A festa tem sua origem no judaísmo e é celebrada no oitavo dia do nascimento dos meninos. Era a celebração da imposição do nome. Esses três componentes da festividade litúrgica de hoje estão muito distantes do homem e da mulher de hoje, tanto pela linguagem que expressam, quanto pelo “imaginário religioso” que evocam.

Mas hoje é também o primeiro dia do ano civil, “Ano Novo”, e o Dia Mundial da Paz, uma iniciativa originalmente católica, mas que alcançou uma notável aceitação na sociedade, gozando já de certo estatuto civil.

Como podemos notar, há uma boa distancia entre a comemoração litúrgica e os motivos modernos de celebração. Esta distância, que se repete em outras festas com muita freqüência, fala por si mesma da necessidade de atualizar o calendário litúrgico e, enquanto essa tarefa não seja efetuada oficialmente por quem a compete, será preciso que os agentes de pastoral tenham criatividade e audácia para reinterpretar o passado, abandonar o que está morto e recriar o espírito das celebrações. Vejamos os textos bíblicos.

Em Números 2,22-27 temos a chamada Benção de Aarão, porque se afirma que Deus a revelou a Moisés para que este, por sua vez, ensinasse à Aarão e a seus filhos, os sacerdotes de Israel, para que com ela abençoassem o povo. Seguramente foi usada amplamente no Antigo Israel. Inclusive fora encontrada em plaquetas metálicas para levar junto ao pescoço, ou atada de algum modo ao corpo, como uma espécie de amuleto. Arqueologicamente, as ditas plaquetas datam da época do 2º Templo, quer dizer, do ano 538 a.C. adiante.

É bem vinda uma benção de Deus para se começar o ano: que seu rosto amoroso brilhe sobre todos nós como presente de paz. A paz tão sonhada pela humanidade inteira, e lamentavelmente tão esquiva. Porém, não nos basta que Deus nos abençoe por meio de seus sacerdotes. Não basta que nos mostre seu rosto. Aqui não se trata de bênçãos mágicas, mas de um chamado a nos empenharmos também nós na execução e construção da paz: conosco mesmo, em nosso entorno familiar, com os próximos e distantes, com a natureza tão maltratada por nossas cobiças; paz com Deus, Paz de Deus.

Bom começo de ano este da benção. O refrão popular consagrou esse desejo de “recomeço” que sentimos ao chegar nesta festa: “Ano novo, vida nova”. Uns querem esquecer os erros, limpar-se das culpas que molestam a própria consciência, estrear uma página nova do livra de sua vida e começar com pé direito, dando vazão aos melhores desejos de nosso coração. Por isso é bom começar o ano com uma benção nos lábios, depois de escutar a benção de Deus em sua Palavra.

Bendigamos ao Senhor por tudo o que temos vivido até agora, e pelo novo ano que coloca ante nossos olhos: novos dias adiante, novas oportunidades, tempo a nossa disposição. Agradeçamos ao Senhor pela misericórdia que teve conosco até agora. E também porque nos permitiu ser nós mesmos uma benção neste novo ano que começa: benção para os irmãos e benção para Deus mesmo. Ano novo, vida nova, benção de Deus.

Gálatas 4,4-7 é uma síntese do que Paulo nos ensina em tantas outras passagens de suas cartas. Em primeiro lugar, nos diz que o tempo que vivemos é de plenitude, porque nele Deus enviou seu Filho, não de qualquer maneira, mas “nascido de mulher e nascido sob a lei”, quer dizer, semelhante em tudo a nós, em nossa humanidade e em nossos condicionamentos históricos. Mas esta condição do Filho de Deus nos torna capazes da maior das graças: de sermos, todos nós, sem exclusão alguma, filhos de Deus, capazes de chamá-lo de “Abba”, quer dizer, Pai.

Nossa condição filial fundamenta uma nova dignidade de seres humanos livres, herdeiros do amor de Deus. Pareceriam belas palavras, nada mais, frente a tantos sofrimentos e misérias que, todavia experimentamos, mas se trata do que fazemos de nossa parte para que a obra de Jesus Cristo se torne realidade.

Temos que nos apropriar da nossa dignidade de filhos livres, rechaçando os males pessoais e sociais que nos sufocam, lutando juntos contra eles. Isto implica uma tarefa e uma missão: a de nos fazermos verdadeiros filhos de Deus, a nós e a nossos irmãos que desconhecem sua dignidade.

Paulo nos recorda que Jesus nasceu de uma mulher, sob a lei. Nasceu na debilidade, na pobreza, fora da cidade, na manjedoura, porque não teve lugar para ele na estalagem. Nasce na mesma situação que o conjunto do povo, os simples, os humildes, os sem poder.

Este nascimento real e concreto é assumido por Deus para abrasar no amor todos os que a tradição deixou de fora. É a visita real daquele que, por simples misericórdia, nos da a graça de poder chamar Deus com a familiaridade de “Abba” – paizinho – e a possibilidade de considerar a todos os homens e mulheres como irmãos muito amados.

Em Jesus, nascido de Maria, a mulher que aceitou ser instrumento nas mãos de Deus para iniciar a nova historia, todos os seres humanos são declarados filhos e não escravos, são declarados co-herdeiros, por vontade do Pai. A benção ou benevolência de Deus para os seres humanos da um grande passo: Deus já não abençoa apenas com palavras, mas abençoa a todos os seres humanos e ainda toda a criação com a mesma pessoa de seu Filho, que se faz irmão de todos. E ninguém fica marginalizado de seu amor.

“Apareceu a bondade de Deus” em Jesus, e é hora de alegria estremecida, para fazer saber ao mundo – e a toda criação – que Deus floresceu em nossa terra e todos somos depositários dessa herança de felicidade.

Lucas 2,16-21, faz parte do chamado “evangelho da infância”, trata-se de um gênero literário que faz uso de variados símbolos. Jesus não nasce entre os grandes e poderosos do mundo, bem na linha de Lucas, nasce entre os pequenos e humildes; como os pastores de Belém que não são meras figuras decorativas de nossos presépios, mas que eram, nos tempos de Jesus, pessoas mal vistas, com fama de ladrões, de ignorantes e de incapazes de cumprir a lei religiosa judaica. Os anjos os chamam em primeiro lugar para saudar e adorar o Salvador recém nascido. Eles se convertem em pregadores das maravilhas de Deus que puderam ver e ouvir por si mesmos.

Algo similar se passa com Maria e Jose: não eram nobres, nem tinham posses, eram apenas um humilde casal de artesãos, sem poder nem prestigio algum. Mas Maria, a mãe, “guardava e meditava estas coisas em seu coração”, e seguramente se alegrava e dava graças a Deus por elas, e estava disposta a testemunhar diante dos demais, como o fez diante de Isabel, entoando o Magnificat.

Tudo isso dentro de uma composição teológica mais elaborada do que sua aparente ingenuidade poderia insinuar. Em todo caso, a simplicidade, a pobreza, a clareza do relato e do relatado casam perfeitamente com o espírito do Natal.

A “maternidade divina de Maria”, motivo oficial da celebração litúrgica de hoje, e um dos três “dogmas” marianos, é uma formulação que a tempo se fazia ouvir nos ouvidos de quem a escuta desde uma imagem de Deus adulta e critica. Como ocorre com tantos outros dogmas e tradições tidas como tais, o povo cristão amalgamou-as fantasticamente com os evangelhos, chegando a pensar que provém diretamente deles.

O versículo Gl 4,4 lido hoje, é tudo o que Paulo diz de Maria. Nem sequer cita o seu nome. A maternidade divina de Maria no cristianismo é, claramente, uma construção eclesial. Os evangelhos não dizem nada dela, e não será formulada e declarada até o século V.

Neste contexto, é importante desempoeirar e recordar a historia do dogma, com a conhecida manipulação do concilio de Efeso, no ano 431, quando Cirilo de Alexandria forçou e conseguiu a votação ates que chegassem os padres antioquenhos, que representavam no Concilio a opinião contraria.

Fala-se de que o povo cristão acolheu com entusiasmo esta declaração mariana, porém é preciso acrescentar que se trata dos habitantes de Éfeso, cidade da antiga "Grande Deusa Mãe", a originaria deusa-virgem Artemis, Diana. A formula de Éfeso, em qualquer caso, foi sempre tida como suspeita de conceber a filiação divina e a encarnação em termos monofisitas, que até coisificam a Deus, como se Deus pudesse procriar e não mais um homem no qual, enquanto Filho de Deus, Deus mesmo se nos faz patente na fé (Referimo-nos ao que diz Hans Kung, em Ser Cristiano,Cristandad, Madrid 1977, pag. 584ss).

O título "mãe de Deus"não é bíblico, como é sabido. Para o evangelho, Maria é sempre a mãe de Jesus, nada mais, nada menos; título tão entranhável, real e histórico, que acabará sepultando na historia um monte de outros títulos e invocações construídos eclesiasticamente.

Santo Agostinho (sec. IV e V) ainda não conhece hinos nem orações nem festividades marianas. O primeiro exemplo de uma invocação direta a Maria a encontramos no século V, no hino latino Salve Sancta Parens. A Idade Média européia Dara asas ao seu imaginário teológico e devocional em relação a Maria.

Enquanto os primeiros padres da Igreja ainda falam das imperfeições moais de Maria, no século XII aparece a opinião de sua isenção do pecado, tanto do pessoal como do "original". No mesmo século XII aparece a Avemaria. O ângelus aparece no século XIII. O rosário no século XIII-XIV.

O mês de Maria e o mês do rosário aparecem nos séculos XIX-XX. Os pontos culminantes desta evolução serão a definição da "imaculada conceição de Maria" (1854, por Pio IX) e a definição da "assunção de Maria em corpo e alma ao céu" (1950, por Pio XII). Momentos finais deste apogeu Mariano são a "consagração do mundo ao Coração de Maria" em 1942 e 1954, por Pio XII.

Porém, todo este marianismo cedeu espaço, com surpreendente rapidez, no Concílio Vaticano II, que renunciou a novos "dogmas" marianos, desfez-se da mariologia anterior, a chamada "cristotípica"(característica da escola mariológica espanhola, pré-conciliar), dando lugar a uma compreensão mariológica muito mais sóbria, bíblica e histórica, na linha "eclesiotípica"(da escola alemã, principalmente).

Ainda que a veneração de Maria (hiperdulia), superior à tributada aos santos (dulia), sempre foi distinta da atribuída a Deus (latria), o certo é que na religiosidade popular, muitas vezes Maria desempenhou o papel de verdadeiro "correlato feminino da divindade", e sua condição de criatura e de discípula de Jesus e membro da Igreja quase foi

esquecida (de forma paralela ao que ocorreu com Jesus em relação à sua humanidade).

Hoje, a imagem conciliar de Mariana da Igreja é da "mãe de Jesus", desmistificada, despojada de tantas aderências fantásticas como se lhe havia atribuído ao longo da história: Maria é uma criatura, muito próxima de Jesus, uma discípula sua, um destacado membro da Igreja: a "mãe de Jesus", é um título insubstituível que o próprio evangelho lhe atribui; muitos o preferem, em relação ao criado no século V.

A Constituição dogmática Lumen Gentium,do Concílio Vaticano II, em sua capítulo oitavo (nn. 52-69), oferece ainda a melhor síntese da mariologia para nossos tempos. O Concílio Vaticano II continua marcando o caminho também em mariologia. Na hora da pregação sobre Maria, não podemos esquecer essa referencia.

Concluindo: Continuamos no tempo de Natal, tempo em que a ternura, o amor, a fraternidade, o carinho familiar se tornam mais palpáveis que nunca. A ternura de Deus para conosco, manifestada na criança de Belém, inunda nossa vida, nas luzes coloridas, nos adornos natalinos, nas novenas e reuniões familiares. Tudo ajuda a isso neste tempo ainda de Natal. Deixemos intensificar esses sentimentos em nossos corações para que perdurem ao longo do ano.

Ao começar o ano, ao colocar o pé pela primeira vez neste ano novo como um presente do Senhor em nossa vida, vamos agradecer de todo coração a alegria de viver, a oportunidade maravilhosa que nos oferece de continuar amando e sendo amados, e a capacidade que nos oferece para mudar e corrigir o que não está bem.

Outro enfoque válido e proveitoso na homilia poderia orientar-se para o tema do Dia Mundial da Paz assim como para o fato do Ano Novo, que, mesmo sendo algo simples e convencional, astronomicamente insignificante, tem o valor simbólico inevitável e profundo de lembrar a inexorável passagem do tempo.

Missionários Claretianos

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