QUINTA-FEIRA- 16/12/2010
Lc 7,24-30
Este Evangelho narra a cena de uma mulher pagã que pede a Jesus a cura de sua filha. De início, Jesus recusa, dizendo que foi enviado primeiro para o povo de Israel. E ele fala uma frase que, à primeira vista, parece dura, mas era um dito popular: “Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”.
Entretanto, a mulher não se deixa vencer, e tem uma saída criativa. Ela responde na hora: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Jesus fica comovido e atende o pedido dela.
Ter fé é vencer os obstáculos, venham de onde vierem, até da parte do Enviado de Deus, como foi o caso. Exemplos de obstáculos que podem se chocar com a nossa fé: Aparente recusa de Deus em nos atender, como o caso de uma doença, que a pessoa pede para Deus curar e a doença até piora, ou a pessoa continua doente durante anos; um vício que a pessoa já tentou vencer e não conseguiu; uma tentação forte, diante da qual a pessoa se sente pequenina e impotente; alguma dificuldade de relacionamento em casa ou no trabalho, uma catástrofe, como por exemplo, um terremoto...
Jó (Cf seu livro na Bíblia) é um grande exemplo para nós nesse ponto. Exemplo de persistência.
A nossa fé não fica parada. Ela é como uma planta: ou cresce ou morre. E ela cresce na direção da fidelidade, isto é, da fé que ultrapassa os obstáculos.
Aquela mulher era pagã, isto é, não pertencia à descendência de Abraão, que era o povo eleito, com o qual Deus fez a primeira Aliança. Entretanto, ela tinha uma fé correta e bonita.
Pagãos para nós são os não batizados. É uma situação cuja superação é aberta a todos e é facílima: basta receber o batismo. Para os judeus do tempo de Jesus, ser pagão era um estigma indelével, uma barreira intransponível, pois dependia da raça, o que ninguém consegue mudar. Mas aquela primeira Aliança era provisória. Tinha o objetivo de preparar a nova e eterna Aliança feita por Jesus Cristo. Com a chegada de Jesus, a primeira aliança foi abolida e passou a valer a nova e eterna Aliança, com todos os homens e mulheres do mundo, Aliança que é baseada, não mais em raça, mas na fé em Jesus Cristo. Como disse S. Paulo: “Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo” (Gl 3,28).
Entretanto, apesar de o povo de Israel ter sido infiel à sua Aliança com Deus, Deus continuou fiel. Mesmo depois que a primeira Aliança foi superada, Jesus inicialmente deu preferência ao povo de Israel. Mas ele sempre acolhia bem os pagãos que o procuravam. Inclusive, várias vezes, elogiou a fé deles, como a do centurião romano: “Em ninguém em Israel encontrei tanta fé” (Mt 8,10).
A mensagem principal deste encontro de Jesus com a mulher nascida na Fenícia é a força que tem a oração perseverante e feita com fé. Ela é a nossa força; é mais forte que as estruturas, até religiosas. Pela oração, nós somos capazes de “transportar montanhas”, como disse Jesus. Cabe a nós, contra tudo e contra todos, continuar pedindo a Deus as coisas, com fé, mesmo que dê a impressão de que até Deus virou as costas para nós. E argumentar com Deus, como fez a mulher: “Os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”.
A mesma mensagem vemos em algumas parábolas de Jesus: a da viúva pedindo para o juiz a solução do seu caso judicial (Lc 18,1-8), a do vizinho que altas horas da noite batia na porta do outro, pedindo pães para a visita que acabara de chegar a sua casa; o que estava deitado certamente falou para a esposa: Vamos lá atendê-lo, senão ninguém dorme nesta casa (Lc 11,5-8).
Hoje é o dia de Nossa Senhora de Lourdes. Vamos recordar um pouco da história dela. As aparições aconteceram na cidade de Lourdes, na França.
Dia onze de fevereiro de 1858, uma mocinha de catorze anos, chamada Bernadete Soubirous, saiu de casa, com duas meninas crianças, a fim de buscar lenha.
Era uma família pobre, e Bernadete era analfabeta e doentia.
Andando pelo campo, quando passavam ao lado de um morro, Bernadete viu uma luz forte que saía de uma gruta. No meio da luz estava uma Senhora, vestida de branco, com uma faixa azul e o terço na mão.
Bernadete ficou muito feliz. Pegou o terço que trazia no bolso e o rezou, junto com as meninas. A Senhora também passava com o dedo as contas do seu terço. Quando terminaram o terço, a visão logo desapareceu.
Bernadete perguntou às duas meninas se tinham visto alguma coisa, disseram que não, e Bernadete lhes contou o acontecido.
Voltando para casa, uma das crianças, que era irmã de Bernadete, contou para a família o fato. Mas ninguém deu importância.
E as aparições se repetiram dezoito vezes, até dia dezesseis de julho. A partir da terceira aparição, Maria conversava com Bernadete. Ela lhe contou quem era, e disse: “Eu sou a Imaculada conceição”. Fazia apenas quatro anos que o Papa Pio IX havia proclamado o dogma da Imaculada Conceição.
Maria disse também a Bernadete: “Eu não lhe prometo a felicidade neste mundo, mas no outro”.
Numa das aparições, Maria pediu a Bernadete que arranhasse o chão com os dedos. Ela o fez, e começou a brotar água. Esta fonte existe até hoje em Lourdes.
Maria pediu a Bernadete que transmitisse a todos, os seus três pedidos: A conversão, mais oração, e a vivência da caridade. Pediu também que todos rezassem o terço.
Terminadas as aparições, Bernadete entrou em um convento das Irmãs da Caridade, onde ficou enclausurada até a morte, em 1893, com apenas trinta e cinco anos de idade.
Naquele mesmo local onde a Virgem apareceu, hoje existe um belo santuário. E Bernadete foi canonizada. Hoje é Santa Bernadete Soubirous.
Hoje é também o dia mundial do enfermo, devido ao cuidado que Maria Santíssima tem pelos enfermos, especialmente em Lourdes.
Nós queremos pedir a Deus, por intercessão de Nossa Senhora de Lourdes, que nos dê a todos saúde, do corpo, da alma e do espírito. Que evitemos o pecado, a fim de estarmos mais parecidos com a Imaculada Conceição. E que rezemos o terço.
E, voltando ao Evangelho de hoje, peçamos a Maria Santíssima: “Ensina teu povo a rezar, Maria Mãe de Jesus, que um dia teu povo desperta e na certa vai ver a luz!”
Padre Queiroz
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