5 de Fevereiro
Evangelho - Mc 6,30-34
Eram como ovelhas sem pastor.
Os apóstolos, depois se tornaram os primeiros padres, reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam vivenciado, experimentado nas suas primeiras santas aventuras como anunciadores do Reino do Céu. Estavam muito cansados, e Jesus os convida para um lugar à parte, distante da multidão que os seguiam, para descansar um pouco.
Os nossos padres atuais também se sentem muito cansados pela dedicação às coisas de Deus. Pois são poucos, para atender a tanta gente, uma verdadeira multidão, que são com ovelhas sem pastores! As suas agendas estão sempre lotadas.
O que eu e você estamos fazendo para resolver, ou pelo menos remediar tamanha pendência? A quantos ainda falta levar a palavra de Deus neste mundo? O crescimento populacional é incompatível com o crescimento dos sacerdotes. Alguém precisa fazer alguma coisa! Pois a messe aumenta a cada dia e os operários continuam os mesmo, para não dizer que eles diminuem. É um quadro pessimista, desanimador, muito triste se não apelarmos para a graça de Deus que pode tudo, e que prometeu estar com a sua Igreja até o fim dos tempos.
Precisamos vivenciar mais a nossa fé, confiar nas palavras de Jesus, arregaçar as mangas e irmos à luta, pela causa do Reino. Estamos falando da atuação leiga. O leigo que estuda, pratica e vai aos irmãos distantes ou desgarrados, levar a palavra de Jesus Cristo.
A quantos ainda precisamos levar o evangelho, e trazer de volta da fé perdida? E a quantos que ainda não conheceram o Evangelho, que foram criados longe dos ensinamentos de Jesus, muito pelo contrário, só aprenderam o que não presta, aquilo que é ensinado pelos amigos, pela mídia, pelo cinema e pela televisão?
Caríssimos! Temos de nos esforçar para que as pessoas se aproximem de Deus. Primeiro pelo nosso exemplo, depois aos que possuem o dom da palavra, dividir o nosso tempo parte pela sobrevivência e parte pela anunciação do Reino de Deus.
Para isso nós precisamos ser santos, devemos perseverar na prática das boas obras, mesmo durante as mais obscuras trevas interiores. É a prova do espírito, que somente pode ser superada num intenso exercício de fé. Sei que Deus me ama e me chama para evangelizar. Devemos repetir esta frase no pensamento diariamente: Sei que Deus me chama e isso basta!
Precisamos ir em frente indicando o caminho ao próximo para que ele encontre o Messias Salvador como nós o encontramos. Por que somos o Sal da Terra. E se não fizermos nada, outros que não são convertidos como nós, com certeza não farão nada. E existem muitas maneiras de sermos o sal da terra. Primeiro, como já o dissemos, dando testemunho de Jesus Cristo. Isso na família, na Igreja e na sociedade. Depois, anunciando os seus ensinamentos.
Porque nós, cristãos escolhidos, temos que manifestar aos outros o sentido das suas próprias vidas através da consciência e da vivência do autêntico sentido da existência. Todos precisam saber o porquê e para que estão nesse mundo: para amar, adorar e glorificar, e anunciar a Deus, vivendo como irmãos, e não como animais predadores uns dos outros. Nós fomos criados para a felicidade. Deus quer que sejamos felizes também aqui na terra e, depois, no céu… para sempre!
Os dissabores desta vida e as contrariedades do nosso dia a dia são uma benção de Deus: Elas nos ajudam a amadurecer, nos fazem mais disponíveis, elas reduzem o nosso egoísmo, a nossa preguiça, nosso orgulho e faz crescer em nós a caridade. Tudo isso será possível pela graça de Deus aliada a nossa fé. Tudo isso pode ser real se deixarmos que Deus trabalhe conosco e em nós.
Meus irmãos. Vamos parar de dar desculpas dizendo que não temos tempo! Pois ter tempo é uma questão de preferência. Preferimos uma coisa que não outra. Escolhemos estar num certo lugar fazendo uma certa coisa em vez de outra. Aqueles que se amam, os namorados apaixonados, sempre arrumam um jeito de se encontrarem. Porque nós não nos organizamos, não arrumamos um tempo par Deus? Um tempo que se resultará na nossa própria salvação?
Um abraço a todos.
Sal.
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A Igreja não só dos padres
Há mais de vinte anos, lembro-me de ter escrito, com este mesmo título, pequeno artigo no saudoso “Compasso”. Para quem sabe que a Igreja é comunhão, a saber: união comum das pessoas que têm a mesma fé e vivem, à luz do Evangelho e do Espírito Santo sob a jurisdição do próprio bispo, é fácil compreender que a Igreja não é só dos padres.
Hoje, pela extensão territorial ou pela enormidade dos prédios de arranha-céus, fica difícil fazer da paróquia verdadeira comunidade de fé e de amor fraterno, sob a orientação pastoral do pároco.
A paróquia, pelo que a Igreja ensina e deseja, é comunidade de pessoas - uma família de Deus - não uma ignota massa humana. O ideal é transformá-la em colméia ativa, centro animador de agentes leigos, compenetrados de sua honrosa missão de apóstolos.
É sob este foco animador de tarefas bem distribuídas que o padre tem uma insubstituível função. Se a paróquia se renova ou já se renovou em necessária comunhão de pessoas, todas imbuídas de sua missão de apóstolos, isto é, de ministros não-ordenados, o papel do padre será o de animador e líder desta colméia alegre, laboriosa e diversificada. Parece-me este o ideal do Papa Paulo VI na “Evangelii Nuntiandi” (nos 70 e 73). Assim idealmente instalada, o padre tem seu nobre papel de inspirador, animador, testemunha e coordenador da comunidade de leigos.
Não sei se é necessário lembrar que os fiéis convictos de sua responsabilidade laical e de sua missão na messe de Senhor, não podem apresentar-se como donos da igreja, como também não o é o padre. Mas sim apóstolos por força do sacramento da crisma já recebida no e portanto apóstolos leigos no mundo. Assim colocada a doutrina eclesiológica, a resposta ao provocante título deste artigo se torna clara como o sol. O dono da Igreja só pode ser o Senhor Jesus.
Igreja viva, Igreja - comunhão não será só do padre. Só se pode sentir a vida de uma comunidade, se nela florescerem vários carismas, muitos apóstolos dedicados, sob a liderança do padre, que o bispo colocou à frente da comunidade enriquecida de carismas vários. É o esforço pastoral do padre que se vai exigir para este ideal eclesiológico atual: Igreja comunidade fraterna e apostólica, tendo à frente o padre servidor e dedicado.
Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
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Ano sacerdotal
Sempre que a Igreja renova suas energias missionárias ela se volta para seus padres como protagonistas da missão. Na história da Igreja foi assim. É só lembrar: o Papa Gregório Magno, São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, Santo Afonso Maria de Ligório, São Vicente de Paulo, dentre outros. A reforma do clero é uma página de ouro na história da Igreja e na vida dos santos.
O Concílio Vaticano II foi uma reviravolta missionária na Igreja. Logo em seguida houve sínodos centralizados na pessoa dos sacerdotes , 1967, 1971, 1974, 1990. O Papa João Paulo II escrevia uma “Carta aos Padres” por ocasião da Quinta-feira Santa. Bento XVI proclamou a celebração do Ano Sacerdotal (19.06.1009 a 19.06.2010).
A CNBB não ficou atrás. Promoveu dois Congressos Vocacionais, escreveu uma “Carta aos Presbíteros”, como fruto da 42ª Assembléia Geral (2004) onde o tema central foi: “Vida e Ministério dos Presbíteros”. A 47ª Assembléia Geral (2009) teve como tema central: “A Formação Presbiteral”. Nossos bispos ainda incentivaram a Pastoral Presbiteral, o Encontro Nacional de Presbíteros, a Organização dos Seminários, os Cursos de Formação Permanente do Clero.
O povo de Deus, é um povo sacerdotal. Os leigos e leigas recebem o sacerdócio bastimal. Para animar, servir, santificar o povo sacerdotal, Deus escolhe seus vacacionados para serem ministros de Cristo, Sacerdote Eterno e do povo sacerdotal. Deus, a Igreja, os santos e o povo amam, reverenciam e admiram seus padres. Por isso mesmo, os corrigem por amor. Quem ama cuida e corrige.
O Ano Sacerdotal chegou em boa hora. A Conferência de Aparecida impulsionou a missão permanente e continental. Toda esta proposta vai depender do ânimo missionário dos sacerdotes, como pastores, discípulos, profetas e missionários em favor do povo. A lei é esta: padre zeloso, povo ardoroso; padre bom, povo feliz; padre pastor, povo evangelizador; padre profeta, povo consciente; padre orante, povo fervoroso; padre santo, Igreja santa.
A Igreja caminha “com os pés dos padres”. Eles estão no coração da Igreja porque vieram do coração de Deus. “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jr 3, 15). Diz São João M. Vianney: “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”. Deus tem um coração sacerdotal. O padre é ferido de amor porque Jesus o chamou de amigo. A amizade com Jesus torna a vida do padre bela, grande e livre. É a amizade com Jesus, que arrasta o padre para o sacrário, para o lava-pés, para ação missionária. Tão grande é esta amizade, que Jesus se despede deste mundo dirigindo sua oração sacerdotal ao Pai (Jo, 17).
Da amizade com Jesus, o padre cultiva grande amizade com o presbitério da diocese e respeita seu colega padre como amigo de Jesus. Os padres dedicam-se ao povo, levados pela amizade de Jesus. “Tu me amas? Apascenta minhas ovelhas”. Toda pastoral é um ato de amor, um ofício de amizade. Três amizades marcam a vida do padre: amizade com Jesus, amizade com os colegas padres e amizade com o povo. A missão é uma experiência de amizade. Por outro lado, a amizade entre os sacerdotes cativa as vocações.
A renovação da Igreja se vincula à renovação do sacerdócio. Eis a grande esperança do Ano Sacerdotal. Precisamos de padres com quatro “s”: sadios, sábios, servos e santos. Nada melhor para a Igreja e para o mundo que a santidade do clero. Sabemos que 96% dos padres são fiéis à sua missão. Temos padres santos, profetas, missionários e pobres. Destes a imprensa não fala e são a grande maioria. O lema do Ano Sacerdotal é: Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote. Como é bom ser fiel em tudo. A fidelidade é a expressão concreta do amor e da verdade.
Nossa história pessoal é marcada pela pessoa de sacerdotes fiéis e santos. Muitos padres e vocacionados sentiram-se chamados ao sacerdócio pelo testemunho de um padre, um pároco que influenciou suas vidas e sua decisão. Ser padre não é uma honra, é dom e mistério. Todo padre é um milagre da graça divina, tirado do meio humano para as coisas que dizem respeito a Deus.
Dom Orlando Brandes
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