Se me permitem, as Bem-Aventuranças é o texto mais profundo que conheço da Bíblia. E vou-me apropriar de um compilado dito por Bento XVI em sua teologia para transmitir tal conhecimento a vocês:
~> Bem-aventurados são vocês, os pobres, pois o Reino de Deus é de vocês “Pobres em Espírito”: a humildade e simplicidade da pobreza é o que leva a estar próximo de Deus (a piedade dos pobres fazem que eles se reconheçam como verdadeiro Israel, como é o caso de: Maria e José, Simeão e Ana, Zacarias e Isabel, pastores de Belém e os doze discípulos);
~> Bem-Aventurança: Felizes os simples (mansos), porque terão a terra como herança Essa bem-aventurança é praticamente a citação sálmica: os mansos (simples) herdarão a terra; A expressão mansos-simples é na Bíblia grega a tradução da palavra hebraica anawim, com que os pobres de Deus são caracterizados na primeira bem-aventurança; A palavra manso-humilde é cristológica e eclesiológica, revelando a essência do Reino de Cristo; A esperança da terra prometida (por Abraão, Moisés e no Exílio) pertence ao núcleo mais íntimo da promessa a Israel como lugar de liberdade de adoração e obediência a Deus; Na verdade, aprofundando essa promessa e a profecia de Zacarias, vemos que a criação é um espaço feito por Deus para a resposta ao seu amor, com obediência e liberdade; Os humildes são mais persistentes do que os violentos – os invasores vêm e vão.
~> Bem-Aventurança: Felizes os construtores da paz, porque serão chamados Filhos de Deus No contexto da época, apenas César Augusto era o grande construtor da Paz de todo o mundo; Em Crônicas, o Senhor promete a Davi um reino de paz e tranqüilidade na chegada de seu Filho (Jesus é o Filho de Davi e, portanto, Senhor da paz); Construir a paz pertence à essência da filiação – a bem-aventurança nos convida para sermos e fazermos o que o Filho faz, sermos filhos de Deus; A reconciliação com Deus é a condição fundamental para construir a paz no mundo; Que haja paz na terra é a vontade de Deus e, ao mesmo tempo, uma tarefa entregue aos homens.
~> Bem-Aventurança: Felizes os que choram, porque serão consolados Existem duas tristezas: a tristeza que perdeu a esperança (como foi o caso de Judas, que, desesperado, enforca-se) e a tristeza dum abalo emocional (tristeza curável, pois ensina o homem a acreditar e amar de novo, como foi o caso de S. Pedro ao chorar quando vê o olhar de Jesus); S. Bernardo de Claraval: Deus não pode sofrer, mas pode compadecer-se; Deus consola a tristeza (não-curável) que é o não-conformismo com o mal, com a injustiça.
~> Bem-Aventurança: Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino de Deus; Na opinião de S. Mateus, há um sentido profético: a Igreja será a igreja perseguida pela justiça (Deus promete consolo à Igreja); Aos tristes (quem serão consolados) perseguidos por causa da justiça, é prometido o Reino de Deus – colocar-se sob a proteção de Deus e estar escondido no seu amor: a verdadeira consolação; Só quem chora e sofre será consolado realmente; Justiça = fidelidade à Palavra de Deus; A fé é caminhar com Cristo, no qual a lei é plenamente cumprida, ela nos une com a justiça de Cristo – assim o homem perseguido por causa da justiça, vive da justiça de Deus (=da fé); Também Cristo é o justo perseguido, sendo, em si mesmo, a chegada do Reino de Deus; Cristo promete alegria, júbilo, grande recompensa àqueles que, por sua causa, forem insultados, difamados e perseguidos: ser fiel a Jesus é critério de justiça e salvação; Em tal bem-aventurança, Jesus já se reconhece como salvador do mundo.
~> Bem-Aventurança: Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados Daniel, o Profeta, é a síntese da atitude desses bem-aventurados, ele é citado como vir desideriorum (homem do desejo), que procura o caminho (Jesus) para o amor divino;
~> Bem-Aventurança: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus O órgão com o qual o homem pode ver a Deus é o coração (o simples entendimento não basta); A vontade de ver Deus deve ser pura, base afetiva da alma, entendimento e o querer (unidade do corpo e da alma) que oferece a direção; A condição para estar próximo de Deus é: mãos limpas e coração puro (ética social = honestidade e justiça para com todos os irmãos), juntamente buscá-lo (ter fome e sede de justiça); Veremos Deus se entrarmos no pensamento de Cristo: a pureza do coração acontece no seguir os passos de Cristo, no ser um com Ele (coração puro = coração amante); A subida para Deus age precisamente na descida ao amor (força purificadora, que nos capacita).
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