27 DE SETEMBRO – DOMINGO
XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM – PARA CELEBRAÇÃO DA PALAVRA
COMENTÁRIO SOBRE A PRIMEIRA LEITURA
Leitura (Números 11,25-29)
Profetismo na Bíblia? O livro dos Números é um dos que compõem o Pentateuco, escrito séculos depois provavelmente por Esdras e Neemias - registrando as tradições herdadas por Moisés. Se em Gênesis existe a reconstrução da genealogia do Pai das Religiões e do principal personagem do Primeiro Testamento - Moisés -, o Êxodo revela a experiência desse herói. Levítico e Números reconstituem as peripécias que atravessaram gerações do povo semita até ao solo sagrado e o livro de Deuteronômio basicamente repassa as regras populacionais. Para entender essa passagem, é necessário ter como subsídio a essência da Santíssima Trindade. Receber o Espírito sacrossanto faz referência ao atual rito do batismo que muitas pessoas passam logo depois de nascer, ainda na primeira infância. A tradição judaica sempre narra que as montanhas eram o ponto de encontro entre Deus e o homem - pela aproximação do cume do monte e do céu em seu plano de fundo. Para estar em contato com Deus, a tradição permitia que os mais sábios - experientes, já que não havia formação acadêmica - assumissem os maiores cargos. E esse respeito etário dava privilégios aos anciãos. Uma grande gama de senhores, a passagem contabiliza o número de setenta, lideradas por Moisés, foram ter com o Senhor. Na segunda pessoa da Trindade, a teofania se apresenta numa nuvem e a terceira pessoa atua em forma de Espírito. Um inicial Pentecostes se revela, porém, dessa vez, apenas para dois homens: Eldad e Meldad. O profetismo é dom de Deus, e esse é o pioneiro relato sobre a ação profética na Bíblia e na Torá. Assustado, até o jovem Josué pede para que Moisés impeça o evento, mas o dom precisa ser multiplicado. O profetismo é retransmitir as visões de Deus. Que o Senhor salveguarde os profetas e também aos povos seus, nós, amém. (Lincoln Spada)
COMENTÁRIO SOBRE A SEGUNDA LEITURA
Leitura (Tiago 5,1-6)
Na concepção bíblica, reflitamos sobre a quem Tiago Menor ataca. Ele remete uma agressão aos assassinos do Justo, pela conduta ardilosa dos pecadores. Mas do que adiantaria ler e reler quantas vezes seguidas uma carta, se ela interessa a outros destinatários? Talvez porque o destinatário também exige de nós uma transcendência espiritual. Afinal, não somos todos assassinos do Justo Cristo? Quantas vezes nos deixamos valer pela preguiça ou nos fazemos preguiçosos para saciar as nossas vontades e não ao bem coletivo tão sonhado e anunciado por Deus? Sabe aquele cara que tá precisando de sua ajuda e, naturalmente, chega até a lhe perturbar telefonando em sua casa? E você, preguiçoso, omisso, não quer se dar ao luxo de atender a tal ligação, nem que seja pra pelo menos dar uma orientação à pessoa? E a mesquinhez ou vaidade, aliás, quantas vezes não queremos ficar deitados na cama e deixar nossos afazeres domésticos ou profissionais a desejar? E se fizer o que lhe é pedido, você é envolto pelo monólogo: Pô, eu não sou pago pra isso. Cada vez que nos deixamos de abster de nossas habilidades para o bem do próximo, matamos e renunciamos o pedido-missão de Jesus, cessamos com o que aprendemos com Ele. Que o Senhor Deus possa nos dar coragem para que vençamos nossos males internos e não desprezemos a missão de amar que Ele nos confiou, amém. (Lincoln Spada)
COMENTÁRIO SOBRE O EVANGELHO
Evangelho (Marcos 9,38-43.45.47-48)
João disse-lhe: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos.
Esse alguém que expulsava demônios em nome de Jesus não pertencia ao grupo dos 12 e, portanto, segundo eles, não poderia fazer aquilo. Uma demonstração de ciúmes por parte de Pedro de do grupo seguidor direto do Mestre. Aquele exorcismo, feito por um desconhecido, para os apóstolos estava mais parecendo com uma forma de concorrência. Os discípulos se sentiram enciumados como acontece às vezes nas comunidades, quando vem alguém de fora e quer se entrosar, partilhar, participar, e nem sempre a acolhida é do tipo daquela feita por Jesus. Os discípulos talvez se julgassem detentores exclusivos da missa de expulsar demônios, não admitindo a participação de outros.
Já vi esse filme antes. Infelizmente, no meio de nós que pregamos a inclusão, que denunciamos a exclusão, que incentivamos a acolhida, sem o perceber, podemos ter ciúmes de algum cristão ou cristã talentosa que aparece, assim do nada em nossa comunidade, e se destaca de forma impressionante.
Por que isso? Por que isso acontece? Porque somos humanos, ridículos e limitados que só usamos 10% da nossa cabeça animal e uns 45% da nossa vocação religiosa, no nosso dia-a-dia.
Mais a atitude do mestre diante da explicação de João, foi como sempre: serena, tranqüila, firme, justa e de extrema tolerância em relação ao exorcista anônimo que usou o seu nome para fazer o bem. Jesus não está vendo aquele ocorrido pelo lado da concorrência, mais sim, pelo lado da confluência do bem, muito embora aquele referido indivíduo não tenha sido catequizado ou recrutado por Ele. Por isso Jesus desaprova a proibição que lhe fora imposta pelos seus discípulos. Porque se alguém de fato, foi capaz de realizar um milagre, invocando o nome de Jesus, é porque esse alguém está em sintonia com Jesus.
Prezados irmãos. Se Jesus hoje aparecesse de repente em uma de nossas comunidades, certamente iria fazer um inflamável discurso corrigindo muitas coisinhas indevidas para não dizer erradas que andam acontecendo no nosso convívio. Uma delas é o modo fechado com que nossas comunidades operam, dificultando o ingresso de novos cristãos de boa vontade que querem partilhar seus talentos dados por Deus para o crescimento da Igreja e para o bem do reino de Deus.
“E quem vos der de beber um copo de água porque sois de Cristo, digo-vos em verdade: não perderá a sua recompensa.”
Não vamos perder a oportunidade de acolher, alimentar e dispor tudo o que possuímos para contribuir com os sacerdotes, pois além de ser a nossa obrigação, teremos a nossa recompensa, que é garantida e prometida por Cristo no evangelho de hoje.
Jesus nos adverte para que não escandalizemos os pequenos, ou seja, as crianças. “Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar!”
Não se desespere! Se você já fez isso, sem querer ou mesmo intencionalmente praticou algum ato imoral, por exemplo, na presença de uma criança, é só se arrepender sinceramente, prometer que nunca mais vai fazer isso, e procurar um sacerdote para fazer uma boa confissão. Não se esqueça que nem tudo está perdido em sua vida. Deus é Pai, Deus nos perdoa,
“Se a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível”
Que dureza! Jesus mais uma vez joga pesado. Já pensou? Quantos de nós que estariam andando por aí agora sem mãos? Sem olhos?
Quais os pecados que cometemos com as mãos? Pegar as coisas alheias, bater nos irmãos, se auto-acariciar buscando o prazer de forma egoísta, para não dizer, masturbar-se, fazer gestos que ofendem maltratam os outros, que mais?
Jesus exagerou em sua explicação, para nos mostrar três coisas básicas e muito importantes para a nossa salvação:
Primeiro, o tamanho da gravidade do pecado para o futuro da nossa alma. Pois na verdade é melhor ter uma mão só, do que ter as duas e ir para o inferno;
Segundo, aqui Cristo nos deixa bem claro que mesmo que sejamos cristãos praticantes, daqueles que comunga quase que diariamente, mesmo que sejamos evangelizadores, até mesmo sacerdotes, não merecemos a salvação eterna, por que por mais que nos esforcemos, nunca seremos perfeitos sem nenhum defeitinho. Portanto, é bom que continuemos a nos esforçar em busca da aproximação da perfeição, mais a NOSSA SALVAÇÃO ACONTECERÁ PELA GRAÇA DE DEUS e não, necessariamente, pelo nosso merecimento.
Terceiro. O inferno existe moleque! É Jesus quem está dizendo. Aí. Se liga na parada! Digo, se liga na palavra: “...melhor te é entrares coxo na vida eterna do que, tendo dois pés, seres lançado à geena do fogo inextinguível”
Está aí, a afirmação de Jesus Cristo, para rebater aqueles que se desculpam dizendo: Que nada! O inferno não existe! Inferno é isso aqui mesmo. Aqui se faz, aqui se paga!
Como acabamos de ver, o Evangelho de hoje é muito rico em ensinamentos que o Mestre nos dá para que não sejamos merecedores um dia daquele fogo que não se apaga. Porque Jesus não nos condena. Nós é que nos condenamos.
Sal.
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