(Lc 9,18-22)
O Evangelho de ontem narra a reação de Herodes ante as notícias que se espalhavam sobre Jesus. Após esse episódio, Lucas narra a multiplicação dos pães (que não entrou nessa seqüência da Liturgia Diária), e hoje continua com o versículo 18, onde Jesus pergunta o que falam dEle, e o que os discípulos pensam dEle. E o interessante disso tudo é que os discípulos escutavam os mesmos comentários que chegaram aos ouvidos de Herodes... que Jesus era ou João Batista, ou Elias, ou algum dos profetas antigos, que ressuscitou. Mas o que Jesus realmente queria saber era o que os seus discípulos pensavam a respeito dEle. E nesse momento é Pedro quem se adianta, dizendo: "Tu és o Cristo de Deus!"
A palavra "Cristo" vem do grego, é uma tradução literal de "Messias", e significa "ungido". Esta resposta de Pedro tem todo um significado, e é sobre isso que vamos refletir hoje.
Os livros proféticos do Antigo Testamento falam da vinda do Messias, o Salvador. E atribui a Ele o poder de curar os doentes, expulsar demônios, e trazer a paz ao povo. João Batista sabia disso. E é por isso que quando ele mandou seus discípulos perguntarem a Jesus se Ele era o Messias (ou se ainda viria outro), Jesus pediu que os discípulos de João o acompanhassem durante aquela tarde enquanto Ele realizou a cura de cegos e aleijados. Depois disso, Jesus disse aos discípulos de João que voltassem para dizer o que tinham visto. Jesus não queria dizer, neste momento, que Ele era o Messias, pois muitas coisas ainda precisavam acontecer antes do seu martírio. João Batista, como conhecedor das escrituras, sabia desses sinais. Se Jesus já afirmasse desde esse momento que era a Promessa de Deus, o alvoroço e a polêmica seriam ainda maiores do que este que já estava acontecendo. E isso poderia encurtar a sua trajetória no meio de nós.
Mas então as pessoas da época não sabiam que Ele era o Ungido de Deus? O Filho de Deus? Que não deveriam esperar que viesse outro? Pois é, não sabiam. Somente os discípulos sabiam disso. E foram SEVERAMENTE PROIBIDOS de comentar isso com alguém até que Ele passasse pelo martírio, morte e ressurreição.
Ainda hoje os judeus esperam a primeira vinda do Messias. Para eles, Jesus foi apenas mais um profeta, que teve a sua importância, mas que não libertou o povo, como eles esperavam. O entendimento deles não permite que vejam a libertação que Jesus veio trazer... A libertação da escravidão do pecado. Essa libertação vai muito além da libertação que eles esperavam, que era a libertação da servidão aos romanos da época, e depois a tantos outros povos ao longo da história. A libertação que Jesus veio trazer é de dentro pra fora. Você pode estar acorrentado numa prisão, e ser livre. Você pode estar doente em um leito de hospital, rejeitado pelos seus pais e estar em um orfanato ou um asilo, pode ter perdido a saúde, a dignidade, o dinheiro, a liberdade de ir e vir... e ainda ser livre. Parece contraditório, mas é a Verdade. E "a Verdade vos libertará". Nem a morte causa medo a quem tem essa liberdade. E essa é a maior prova de fé: não temer a morte.
Tem uma música de Roupa Nova que diz assim: "Lá no final, há um lugar... ondas de puro amor vão nos envolver... feito o mar..." Esse é o nosso destino. Somos rios, e quando o rio pensa que vai morrer, ele se encontra com o mar... e é envolvido pelo mar, se mistura a ele, e passam a ser um só... o mar é Deus.
Jailson Ferreira
jailsonfisio@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário