(Marcos 12,35-37)
Após a morte e ressurreição de Cristo, segundo a tradição, Lucas vai ter com Nossa Senhora e portanto consegue, à medida que ela relembrava a infância de Jesus, contar essa narrativa única a partir de sua testemunha ocular tão significativa para a história da Igreja. Aproveito para colocar outro adendo, agora de minha preferência. Alceu Valença escreve brilhantemente sobre a pessoa de Maria: A voz de um anjo sussurrou em meu ouvido, eu não duvido, já escuto os teus sinais. O duplo verso faz referência a esse Evangelho, onde Gabriel (que significa aquele que Deus enviou) encontra-se com Maria, ainda aos quinze anos e lhe confia a maternidade de Deus Filho. Pensemos na maturidade dessa jovem que, no auge de sua idade, já noiva de um rapaz, e morando num povoado costumeiramente pagão e de condições mínimas de vida, depara-se com um anjo que lhe pede para assumir tal missão. Que felicidade mundana e comum ela abriu a mão para ter que passar a maior parte de sua vida com esse segredo tão profundo? Vencer peripécias, aguentar o sofrimento, transpassar obstáculos cada vez maiores para acompanhar o filho em sua jornada, quando assim ele estivesse pronto. E ainda assim, sempre feliz. Sempre compreensiva, amorosa, realizada. Toda sua vida foi modificada com uma resposta, uma convicção ao chamado de Deus: ser mãe. Não irei me ater aos dogmas católicos marianos, mas apenas a coragem e obediência de uma pobre garota que aceita guardar no ventre - por intermédio miraculoso e inexplicável - o menino Deus. Aceitar o seu chamado, a sua vocação, é algo tão importante e que acredito que devamos seguir o 'sim' da galiléia ao Deus Amor para que possamos viver em contato com a felicidade plena. Amém.
LINCOLN SPADA
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