02 DE SETEMBRO QUARTA
Lc 4,38-44
Já viu o dilema de professor escolar (ou universitário, se quiser)? Esse alguém tem o sonho de dar aulas, concursa ou é convidado e acaba por trabalhar numa instituição de ensino como ele esperava. O professor, ele tem propriedade do assunto que discursará aos seus pupilos, o conteúdo programático em si não lhe é um problema.
A interrogação vem logo a calhar quanto à didática que ele tem de ter para que todos entendam o conteúdo. E o pior, não se pode dar atenção exclusiva a um ou dois alunos, porque ele é professor de vários. E conhecemos muito bem essa história, principalmente porque vivenciamos cenas contendo frases de 'puxa-saco' ou 'queridinho' daqui ou de acolá.
O professor é tido como exemplo, referência, e que às vezes só se ganha intimidade em sala de aula. Noutra vez, um amigo que também é professor, disse que foi a uma balada e acabou por encontrar duas de suas alunas. Talvez por ele não estar usando o famoso jaleco, quando foi cumprimentar as garotas, elas tiveram receio. Como se ele quisesse até ter algo a mais com elas apenas por cumprimentá-las.
Enfim, são os professores os responsáveis pela nossa construção científica, pela nossa experiência teórica sobre assuntos e indagações que nem possamos atravessar na vida real.
E Jesus pode ser analisado como um professor em sua época. Ele mal pode dar atenção a um caso ou outro, mal pode retribuir com todo o tempo disponível a quem já conhece, pois há de haver quem jamais ouviu seu nome ou sua ideologia do amor.
Portanto, Jesus andarilho sai entre as multidões para anunciar a Palavra a seus futuros discípulos. Tem pressa, tem responsabilidade. Sabe que precisa ensinar a quem ainda não aprendeu como ouvir a voz de Deus. Jesus vive seu 'dilema professoral', porém, vive com alegria ao saber que há de haver alguém que ainda jamais ouviu seu nome. E ele vai ao encontro dele. Mesmo que de forma breve.
Porque reconhece que a intensidade do momento que ele terá com seu querido aluno já será válida para toda uma eternidade. Que possamos não somente compreender o dilema de Jesus, contudo, de compreender o seu amor por nós nos momentos únicos que sentimos sua presença eterna, amém.
(Lincoln Spada)
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