30 de Setembro
Evangelho - Lc 10,1-12
A vossa paz repousará sobre ele.
Este Evangelho narra Jesus enviando os setenta e dois discípulos em missão e lhes dando orientações. Eles representam, hoje, os cristãos leigos e leigas que, a partir do batismo e da crisma, são chamados a serem missionários. O motivo do envio Jesus apresenta logo no início do Evangelho: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”.
Tudo indica que havia ali uma grande plantação, já madura e pronta para a colheita. Jesus compara a lavoura com o povo, pronto para ser evangelizado, disponível à conversão, mas sem ninguém que os evangelize. É um forte apelo a todos nós, cristãos batizados.
A vocação da Igreja é evangelizar. Ao contrário do povo israelita que via como destinatários da evangelização apenas o povo de sua raça, Jesus vê todos os povos do mundo inteiro. E os discípulos entenderam bem isso, ao se espalharem pelo mundo, logo após a subida de Jesus ao céu.
“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.” O pecado torna o povo hostil à evangelização. Mas sempre há alguns que acolhem, para alegria dos evangelizadores. O missionário não deve preocupar-se muito com críticas, pois elas são, muitas vezes, um mecanismo inconsciente de rejeição ao próprio Cristo e ao seu Evangelho.
“Não leveis bolsa...” O estilo deve ser itinerante e desinstalado, baseado na pobreza e na gratuidade.
“A paz esteja nesta casa.” O próprio anuncio do Reino já traz consigo a paz. Quando o povo sabe que Deus está próximo deles e os ama, sentem paz e alegria. A paz bíblica é a síntese de todas as bênçãos de Deus. Cristo é o príncipe da paz. “Cristo é a nossa paz: de dois povos fez um só povo, em sua carne, derrubando o muro da inimizade que os separavam” (Ef 2,14).
Jesus, em suas aparições após a ressurreição, sempre saudava os discípulos com a paz, pois ela é fruto do Espírito Santo que ele nos presenteou pela sua vitória pascal. A paz se confunde com o “amor de Deus derramado em nossos corações” pelo batismo. O fruto dela é a justiça, a solidariedade, a verdade, a não violência. A nossa missão hoje e sempre é ser mensageiros da paz.
“Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele.” Em todos os lugares existem amigos da paz. Não podemos ser pessimistas.
“Se não houver, ela repousará sobre vós.” O cristão, em seu testemunho, sempre aprende um pouco mais, até quando não é bem acolhido.
“Não passeis de casa em casa.” Isto tornaria o trabalho muito superficial, apenas uma “casca” de evangelização. Além disso, o povo não teria oportunidade de conhecer a vida dos evangelizadores, para ver se eles vivem o que falam. A “evangelização verniz” não funciona. S. Paulo sempre visitava as Comunidades que ele criava.
“Comei do que vos servirem.” O evangelizador precisa aculturar-se ao povo onde trabalha. Não pode ser uma pessoa diferente, a não ser em relação ao pecado.
“Curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: o Reino de Deus está próximo de vós.” O Reino de Deus está ali bem próximo, nas palavras e no modo de viver dos evangelizadores. A cura dos doentes completa o testemunho. Veja que é curar “doentes” e não “doenças”. As doenças pode ser que continuem, mas pode deixar de ser um mal para a pessoa e ser um trampolim para o bem e a felicidade.
Certa vez, um pároco quis saber quantos católicos de verdade havia na sua paróquia. O censo do IBGE apresentou quantos se declaram católicos, mas existem os católicos de verdade e os católicos relaxados.
Então ele contratou uma equipe especializada em pesquisa para fazer o trabalho.
Mas os pesquisadores perguntaram a ele: “Sr. padre, como vamos distinguir os católico verdadeiros dos relaxado?” O pároco abriu a Bíblia, em Jo 13,35, e leu: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”.
O padre fechou a Bíblia e disse: “Pronto, está aí o critério que vocês vão usar.Vão procurar ver, na vida de cada paroquiano, quem ama o próximo e quem não ama”.
E se essa equipe chegasse até você, que se diz católico, de que lado iam classificar você: como católico relaxado ou verdadeiro?
O Reino de Deus, de que Jesus fala no Evangelho de hoje, não é nada mais que o amor ao próximo organizado.
Também Maria Santíssima foi enviada por Deus para uma missão muito especial: gerar o nosso Salvador. Rainha dos missionários, rogai por nós!
A vossa paz repouse sobre ele.
Padre Queiroz
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