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17 de set. de 2010

Não sabeis quando será a vinda do Senhor - Ciudad Redonda

20 de outubro

Sem adentrarmos em caminhos teológicos, distinguimos “três vindas do Senhor”: a vinda primeira para fazer-se carne entre nós; a vinda ao final da história; a vinda da cada hora e a cada acontecimento da graça.

No primeiro domingo de Advento, adquire relevo a vinda que chamamos do “final dos tempos”. Fica, todavia velado o gozo da vinda no Natal. Duas imagens - o ladrão e o tempo de Noé - ilustram a necessária atitude de vigilância ante a vinda: o momento é incerto e estamos a caminho. Os tempos de Noé, na Bíblia, eram exemplos de despreocupação, de frivolidade, de geração corrompida. Enquanto, o alerta ante o ladrão ilumina o tempo de preparação, de vigilância, de preocupação. Estar sempre vigilantes nos permite ter bom tino em nossas decisões vitais.

De São Paulo recebemos a sacudida. “É hora de despertar, como em pleno dia”. O motivo é insistente: “a salvação está perto”. E o rubrica o profeta: “Ao final dos dias, estará firme a casa do Senhor”. Tão feliz será tudo que “das espadas forjarão arados e das lanças, foices”. Que reconfortante resulta contemplar estas palavras de Isaías na porta do edifício central da ONU. Cabe utopia mais sugestiva?

Para a vida

Toda uma mensagem de esperança.

Por que a agonia, o tempo final, tem dado suporte à pregação do medo, do temor, da angustia? Porém se o que esperamos é o que nos foi prometido pelo Senhor. Se Cristo já veio, e está conosco; se caminhamos para um momento último que já possuímos e para o qual já nos dirigimos, em esperança, para o êxito total.

Como Maria, ouvimos que nos é dito: “O que te disse o Senhor cumprir-se-á”. Ou escutamos do Mestre: “Quero que onde eu estou estejam também os que me deste”. Como não esperar que Deus nos diga ao final: “Vinde, benditos”?

Esta graça não é graça barata

Como na espreita do ladrão, devemos estar vigilantes. Vigiar é estar acordado, procurar, cair em conta. O contrário é cansar, adormecer, cair na preguiça, na frivolidade. Não estamos na apatia de uma “sala de espera” senão na tensão prazerosa do encontro, a ponto de tocar às pessoas queridas, tão desejadas.

Não basta passar a vida, mais passá-la bem: sempre atentos na oração, na escuta dos que sofrem, sabendo discernir o que Deus quer de nós. Como não nos vai molestar, por exemplo, que tantos filhos de Deus estejam naufragados na dor, na solidão, na exploração, na miséria? Não podemos permanecer como abatidos enquanto cresce a maré dos que se afastam de Deus, às vezes, até, entre os nossos. Não é possível que sigamos adormecidos - ou procurando explicações ideológicas - quando as pesquisas produzem dados arrepiantes: a Igreja, em países do ocidente, está no nível mais baixo de credibilidade.

Diz-nos São Paulo: “É hora de despertar”.

Apesar de tudo, é hora de utopias.

Claro que o mal, a morte, o medo, o fracasso nos acossam por todas as partes. Desde outro ângulo, inclusive nos os cristãos estamos, com freqüência, metidos em preocupações frívolas ou em inquietudes legítimas, sim, mas elementares: o trabalho, a economia, os meus, a saúde.

No entanto, a esperança cristã no Advento se lança acima: procura o excelente, o que mais se adapta ao que Deus quer. No cristão, as utopias tornam-se possíveis; há muitos crentes que sonham e lutam, que confiam num futuro mais justo. Que instituição pode apresentar, como a Igreja, um plantel de pessoas generosas, entregues, lutadoras, mártires? Quem disse que não é possível sonhar e alargar a esperança? Diz a Palavra e repete a liturgia: “Se aproxima nossa salvação”.

Vamos celebrar a Eucaristia. Vinda real, misteriosa, do Senhor a nós. E o faremos como nos indica São Paulo: “até que o Senhor volte”, até o final da história.

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