10 de Abril – sábado
Evangelho - Mc 16,9-15
O que ocorreu com Maria Madalena para ser a primeira em reconhecer o Senhor ressuscitou? O quarto evangelho nos apresenta Maria Madalena como a agraciada com a primeira aparição de Jesus.
Há pessoas que se lamentam de que nos falte um relato da “primeira aparição” que seria obviamente a de Jesus à sua mãe Maria. Tão pouco é falado de uma aparição particular de Jesus ao discípulo amado - que havia acolhido Maria como mãe espiritual e presença essencial em sua vida -. Do discípulo amado é dito que chegou antes de Pedro ao sepulcro e “viu e creu”. Há no evangelho deste dia uma série de referências ao “ver e crer”. Porém, Jesus ressuscitado disse a Tomé: “Bem-aventurados os que sem ver creram”. Necessitava a mãe de Jesus uma aparição - ver -, quando nela a fé nunca cessou, porque sempre creu? "Bem-aventurada minha mãe, porque sem ver, creu”. Jesus nunca desapareceu de sua vida. Em seu coração morreu e ressuscitou. O Abbá não ia excluí-la neste acontecimento paterno-materno em que Jesus recupera sua vida para sempre.
Maria Madalena havia se aproximado à cruz de Jesus, junto com Maria, Maria de Cleófas e o Discípulo Amado. Ela o procura ao amanhecer do primeiro dia da semana e, ao constatar a ausência e desaparecimento do corpo corre para dizê-lo aos discípulos. Isto origina uma busca. A ela Jesus reserva a primeira aparição, mesmo "antes de subir ao Pai". Ela encontra-se com Jesus que está “desaparecendo” e antes quer transmitir uma mensagem. Maria é agraciada com a chamada, a primeira vocação pascal. E quando ela quer abraçar ao seu Senhor, este a impede e lhe encomenda uma fantástica missão: que anuncie aos discípulos que Jesus vive e está completando sua volta ao Pai, a Deus. Acrescenta também algo decisivo: o Abbá de Jesus e o Abbá de todos. E a partir deste momento se estabelece uma comunidade cristã como “a comunidade dos irmãos e irmãs de Jesus”.
Deste relato tão belo poderíamos deduzir algumas conseqüências praticas:
| As aparições de Jesus têm lugar ali onde a fé cambaleia. Jesus aparece para confirmar, para chamar de novo, para enviar. Quando nossa fé cambaleia, também nos necessitamos de uma “aparição pascal”. Não podemos exigi-la, porém podemos esperá-la. |
| Jesus aparece a quem mais apaixonadamente o busca: não aos indiferentes, não aos curiosos, nem aos que tudo sabem e o dão como suposição. O aparecimento é o presente concedido à ardente espera, para quem não acreditava que "tudo aquilo que aconteceu com Jesus do Nazaré" seja uma mentira. Esta é a dimensão trágica da fé. |
| A aparição a Maria Madalena está intimamente conectada com sua presença audaciosa e amorosa no Calvário, quando da hora da morte de Jesus. Quem se aproxima dos calvários de nosso mundo, quem se sente acolhido pela compaixão, recebe o dom da sensibilidade ante a Presença. “Bem-aventurados os compassivos porque eles irão ver o Senhor Jesus” e serão enviados a testemunhar sua experiência. Sem compaixão ante o sofrimento de nossos irmãos, somos anestesiados para poder contemplar a Presença do que nos parece ausente. |
| A aparição de Jesus a Maria Madalena a converte em mensageira de um Jesus que se mostra “irmão”. Jesus não lhe fala: “Vá e diz a meus discípulos”, mais diz: “a meus irmãos”. Da Páscoa surge uma grande fraternidade que devemos cultivar, sabendo que Jesus é nosso Irmão maior. Se Ele nos trata como irmãos, também nos devemos nos tratar uns aos outros como irmãos. E dentro da fraternidade não devemos subestimar nossas irmãs. Jesus contou e muito com elas! |
José Cristo Rey Garcia Paredes
CONCLUSÃO:
Para que possamos conhecer verdadeiramente Jesus, duas coisas são necessárias. A primeira é a atuação da graça divina que nos revela quem é Jesus na sua divindade e na sua atuação messiânica e a segunda é a nossa abertura a essa graça para que possamos acolher a atuação divina em nós. A partir desses dois elementos, podemos compreender melhor qual é o papel do evangelizador e qual a essência da nossa missão. Movidos pelo grande protagonista da missão que é o Espírito Santo, somos chamados a ser canais de graça na vida das pessoas e ao mesmo tempo a preparar os corações das pessoas para que sejam terreno fértil para o evangelho e acolham a Cristo em suas vidas. (CNBB)
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