26 de Abril
Evangelho - Jo 10,1-10
Deus afirmou, através do Profeta Jeremias, que ele daria ao seu povo pastores segundo o seu coração e, mais tarde, pela boca do Profeta Ezequiel, que ele mesmo seria o pastor do seu povo. O Evangelho de hoje nos mostra que Deus está cumprindo a sua promessa, pois o Filho, segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é quem afirma: Eu sou o bom pastor. É o próprio Deus que se coloca a serviço das pessoas com a finalidade de reuni-las num único rebanho. E hoje a Igreja, o Corpo Místico de Cristo, é a continuadora da obra do Pastor, de modo que nela o ser humano é convidado a participar da divina missão do pastoreio. (CNBB)
MINHAS OVELHAS CONHECEM A MINHA VOZ
A liturgia deste IV Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe hoje à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objetivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.
A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. O catequista que escreve este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. No contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir “o Pastor” é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.
A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser batizado (isto é, aderir a Jesus e segui-l’O) e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).
Um só pastor, uma comunidade de iguais.
Chegamos ao IV domingo da Páscoa e nos toca o Evangelho do Bom Pastor. Jesus diz de si mesmo que é o bom pastor, que conhece às ovelhas por seu nome. Traduzido a nossa linguagem: Jesus é nosso pastor e conhece-nos à cada um por nosso nome. Mais traduzido: nele temos nome, rosto, identidade; nele nos reconhecemos como pessoas livres e responsáveis.
Mais ainda: ante Jesus reconhecemos-nos como filhos de Deus. O Senhor ressuscitado converte-se em nosso irmão maior. Convoca-nos e nos senta à mesa dos filhos, em torno do Pai, seu Abbá, o que nos criou e nos cria, nos mantém na vida e nos abre a um futuro de Vida Plena, nos enche de esperança e de sentido.
Assim o compreenderam, no Evangelho da semana passada os dois de Emaús. Por isso mudaram de direção e de espírito. Da decepção passaram ao entusiasmo e os que se afastavam de Jerusalém voltaram a Jerusalém.
Só um pastor, só um Senhor
As palavras de Jesus têm-nos que fazer pensar duas coisas. Em primeiro lugar, não há mais que um pastor. Jesus é o único pastor e todos os demais somos membros de seu rebanho. Mas estes exemplos não devem ser tomar ao pé da letra. Que sejamos parte do rebanho não quer dizer que sejamos exatamente como as ovelhas (animais mais bem tontos, guiados pelos latidos dos cães pastores e pela voz e as pedras do pastor, preocupados apenas remoer a erva do campo pelos quais são levadas).
Se em Jesus nos reconhecemos como filhos, se em Jesus nos reconhecemos como pessoas livres, então somos membros de uma comunidade de homens e mulheres livres, voluntariamente irmãos e irmãs desde a fé no Abbá de Jesus. Uma comunidade fraterna de iguais. Com um só Pastor e um só Senhor: Jesus.
Todos somos pastores
Em segundo lugar, todos somos pastores de nossos irmãos (na carta aos Hebreus se diz que todos somos sacerdotes, profetas e reis!). Todos somos responsáveis uns pelos outros e pela comunidade. Se fôssemos ovelhas, então não teríamos essa responsabilidade. Mas somos filhos, somos pessoas adultas e responsáveis.
Por isso a fraternidade é mais que uma fonte de direitos, origem de obrigações e deveres. O bem-estar e a felicidade de meus irmãos e irmãs, de toda a humanidade, são de minha responsabilidade.
Meu próprio bem-estar e felicidade dependem de que meus irmãos se sintam bem e sejam felizes. Assim é a família de Deus, assim é como Deus nos quer. Esse foi o sonho de Jesus. Isso era o que queria dizer quando falava do Reino.
Orar pelos “pastores”
Na comunidade cristã existem também os que têm uma verdadeira responsabilidade: sacerdotes, bispos, cardeais, o Papa, mas também agentes de pastoral, responsáveis de comunidades, catequistas, educadores... Todos eles formam, e também nos formamos parte do mesmo rebanho. Somos “ovelhas” como os demais. Fomos chamados a fazer um serviço.
Hoje imploramos a oração de nossos irmãos e irmãs para que não usemos mal a responsabilidade que nos tem confiado, para que sejamos para valer servidores, para que não nos sintamos superiores nem vejamos aos demais como “ovelhas” no pior dos sentidos, para que trabalhemos sem descanso pelo bem da comunidade e da cada um dos filhos e filhas de Deus, que são todos os homens e mulheres deste mundo, para que todos se cheguem a reconhecer em Jesus, o único pastor - não o esqueçamos -, como filhos de Deus, como pessoas livres e responsáveis, chamadas a dar sua própria resposta ao chamado de Deus.
Fonte: Fernando Torres, cmf
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