03 DE ABRIL-SÁBADO
Comentário
O Triunfo da Vida
Estamos no centro do ano litúrgico. Hoje é o dia em que a vida de Jesus adquire validade, o selo que garante tudo o que ocorreu anteriormente, não foi um sonho, Jesus não foi um louco sonhador igual a tantos que nos encontramos pelos caminhos da vida.
Seu sonho foi referendado pela ação do Pai, de seu Abbá. O que começou na Galiléia, tal e como nos recorda a leitura do livro dos Atos dos Apóstolos, teve seu ápice neste momento que escapa a nosso entendimento, que é a Ressurreição. O que tinha terminado mal, completamente mal, na cruz, na solidão da morte, se converte em luz deslumbrante que nos deixa quase sem capacidade de reação.
Aleluia! Aleluia!
Faz alguns anos contaram-me de um religioso que, naqueles tempos em que se fazia a oração da manhã em comum, os demais que estavam na capela, num dia como estes, não lhe ouviram durante os três quartos de hora que durava a meditação senão repetir uma e outra vez: “Aleluia! Aleluia!”.
Era uma forma de expressar a admiração ante o fato inesperado, surpreendente, assombroso, difícil de introduzir em nossos esquemas de vida ordinária, a Ressurreição de Jesus. Hoje seria a primeira recomendação para este dia: deter-nos um tempo em silêncio, fora da eucaristia, longe dos cantos e da confusão da festa, para contemplar e deixar que o mistério da vida que triunfa sobre a morte nos chegue profundamente dentro de nós.
Não se trata de tirar conseqüências morais, de pensar que então deveríamos nos comportar de outra maneira ou evitar aquelas ações. Não há mais que fazer memória de Jesus, o de Galiléia, o que passou fazendo o bem e curando aos oprimidos, o que enfrentou sem medo aos poderosos e por isso terminou pendurado no madeiro. Há que passar pelo mistério da cruz recém celebrado para nos deixar cair no abismo do mistério da Ressurreição. E aí, padecer sem pressa.
É a vida que triunfa. É o Pai que se manifesta recriando, levantando, refazendo e todos os verbos que queiramos pôr parecido. É possível que ao final, como aquele religioso, também nós como uma jaculatória, repitamos: “Aleluia! Aleluia!”.
Um dia para celebrar
Hoje é um dia, pois, para celebrar e festejar, para fazer festa com os irmãos. Dentro e fora da Igreja. Que a celebração litúrgica não seja mais que um momento da festa porque o Espírito dá asas aos crentes e lhes faz viver no espírito da ressurreição não só o breve tempo da Eucaristia dominical senão todas as horas do dia. As de festa e as de silêncio. Porque é uma alegria que brota da fé no Deus da Vida. Porque temos a segurança de que para além da morte nos espera a vida de Deus.
Hoje é dia para viver comunicando esperança em que a morte não poderá com a vida e que esta sempre brotará de novo porque Deus está conosco, porque o Abbá de Jesus é nosso Deus. E ponto. Esta é a razão mais profunda de nossa fé e de nossa esperança.
Por isso, somos capazes de amar e de nos entregar ao serviço dos demais. Cremos no Deus da vida e isso nos faz ser cultivadores, guardiões, protetores da vida e da fraternidade. Hoje é dia para sair ao mundo e gritar com nosso estilo de vida e com nossa forma de comportar-nos: “Aleluia! Aleluia!”.
Fonte: Fernando Torres, cmf
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