02 DE ABRIL –SEXTA FEIRA DA PAIXÃO -
A tarde da Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus, segundo o Evangelho de João, contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.
São João, teólogo e cronista da paixão nos leva a contemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é tão digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto.
A Mãe estava ali, junto à Cruz, como mãe e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradição como Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a mãe de todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu Filho.
A palavra de seu Filho que prolonga sua maternidade até os confins infinitos de todos os homens. Mãe dos discípulos, dos irmãos de seu Filho. A maternidade de Maria tem o mesmo alcance da redenção de Jesus. Maria contempla e vive o mistério com a majestade de uma Esposa, ainda que com a imensa dor de uma Mãe. São João a glorifica com a lembrança dessa maternidade. Último testamento de Jesus. Última dádiva. Segurança de uma presença materna em nossa vida, na de todos. Porque Maria é fiel à palavra: Eis aí o teu filho.
Leituras Primeira Leitura - Leitura do Livro do profeta Isaías (Is 52,13—53,12)
Na figura do Servo Sofredor está presente todo o sofrimento humano.
Segunda Leitura - Primeira Carta de São Paulo aos Hebreus ( Hb 4,14-16; 5,7-9)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 18,1-19,42)
Somos o povo da nova e eterna Aliança, nascido da oblação de Cristo.
“Elevado da terra, atrairei todos a mim”
Hoje avança a cruz, a criação exulta; a cruz, caminho dos errantes, esperança dos cristãos, prédica dos apóstolos, segurança do universo, fundamento da Igreja, fonte para os têm sede... Numa grande doçura, Jesus é conduzido à Paixão: é conduzido ao julgamento de Pilatos; à hora sexta, escarnecem dele; até à hora nona, suporta a dor dos cravos, depois, a sua morte põe fim à sua Paixão. À hora décima, é deposto da cruz: dir-se-ia um leão que dorme...
Durante o julgamento, a Sabedoria calou-se e a Palavra nada disse. Os seus inimigos desprezam-no e crucificam-no... Aqueles a quem, ontem, tinha dado o seu corpo em alimento, vêem-no morrer de longe. Pedro, o primeiro dos apóstolos, foi o primeiro a fugir. André também fugiu, e João, que repousou no seu lado, não impediu um soldado de furar esse lado com a lança. Os Doze desapareceram; não disseram uma palavra a seu favor, eles, por quem ele dá a sua vida. Lázaro não está lá, ele, a quem Jesus chamara à vida. O cego não chorou aquele que abrira os seus olhos à luz, e o coxo, que graças a ele podia caminhar, não correu para junto dele.
Só um malfeitor, crucificado a seu lado, o confessa e o chama seu rei. Ô ladrão, flor precoce da árvore da cruz, primeiro fruto do bosque do Gólgota...! O Senhor reina; a criação está na alegria. A cruz triunfa, e todas as nações, tribos, línguas e povos (Ap 7,9) vêem adorá-lo... A cruz ilumina o universo inteiro, afasta as trevas e reúne as nações...numa só Igreja, numa só fé, num só batismo no amor. Ela dirige-se ao centro do mundo, fixada no calvário.
José Cristo Rey Garcia Paredes
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