06 de dezembro - Terça Feira
Evangelho Mateus 18, 12-14
Perguntei ao nosso grupo de "Teólogos" da Comunidade, com quem sempre debatemos alguns textos do evangelho, se eles se lembravam da Dona Maria que era da Acolhida, e que de uma hora para outra, simplesmente "tomou doril", como se diz quando a pessoa some.
___Dona Maria ? Ah ...pelo nome assim é difícil dizer se lembro...---- disse Julião, zelador da igreja.
__ Como ela era? Lembro de uma "magrona" e loira, se for essa, parece que ela mudou de igreja...--- informou a Celeste, ministra da Pastoral dos Enfermos.....
___Será que ela morreu, ou está doente ? - tornei a perguntar.
___Difícil saber, a comunidade aqui é tão grande, a gente não conhece as pessoas direito, a não ser aquelas que atuam nas pastorais e movimentos, e mesmo assim, é difícil da gente lembrar.
Eis o grande problema de nossas comunidades urbanas, principalmente as das grandes metrópoles...Somos uma massa de anônimos, ninguém se conhece, não sabe sequer o nome, onde mora, o que faz, e no caso apresentado, por que se afastou da comunidade e o ue é ainda bem pior, as vezes nem se nota que a pessoa sumiu da comunidade
Na comunidade apresentada nesse evangelho de São Mateus o Pastor conhecia a todos e todos se conheciam, por isso em uma celebração dominical, alguém deu o alarme: a Dona Chica não veio hoje, daí alguém lembrou que na quarta feira ela também não apareceu na reunião da pastoral, e uma outra pessoa se lembrou que no último domingo percebeu que ela estava muito quieta e até parecia triste...A pastoral fez uma reunião de emergência logo após a missa e decidiram ir a procura da Dona Chica, para ver o que estava acontecendo.
O esposo de uma das mulheres, membro da pastoral, fez uma crítica a esposa que logo após o almoço ia sair com as demais, conforme o combinado
___Nem no domingo a tarde você tem sossego? Por que essa preocupação com essa mulher, ela não veio porque não quis vir, a comunidade está lá na igreja, quem quiser ir vai e quem não quiser não vai, e está acabado!
___Olha, a Dona Chica não é uma qualquer, ela é nossa irmã que ajudou a fundar a comunidade, nunca perdeu uma reunião das quartas e nem faltou na celebração do domingo, a gente não sossega enquanto não for ver o que está acontecendo....
O grupo encontrou Dona Chica com um dos braços enfaixado, e um inchaço no rosto, o Filho drogado havia sido preso naquela semana, mas antes de ir, deu uma surra na mãe, porque esta se recusara a dar-lhe dinheiro, Dona Chica tinha vergonha de ir na comunidade daquele jeito, pois julgava-se culpada pelo Filho ser daquele jeito....As mulheres passaram aquela tarde com ela em sua casa modesta e na quarta Feira, alguém do grupo se dispôs a ir buscá-la de carro. Na reunião alguém levou um bolo e refrigerantes para se alegrarem pela volta da Dona Chica.
Na missa do domingo, o Padre, informado sobre o que acontecera, chamou Dona Chica á frente e todos rezaram por ela uma Ave Maria e depois, como ela era Mineira, a coordenadora do grupo cantou aquele refrão " Oh Minas Gerais....Oh Minas Gerais......" e a comunidade em coro cantou junto e no final bateram palmas para acolher a que havia voltado.
Por onde andam nossas "ovelhas desgarradas", alguém aí se lembra delas, sabe o nome, onde moram e por que se foram? Confesso envergonhado que na minha comunidade ninguém se lembra delas....
Nenhum comentário:
Postar um comentário