Segunda-feira, 25 de Julho de 2011
Evangelho - Mt 20,20-28
O Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por uma multidão. Cristo para encerrar um triste incidente que se deu entre os Apóstolos. Vale a pena recordá-lo: A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Queres ver a fé desta mulher? Considera o momento em que faz o seu pedido. Quando apresenta sua súplica, quais são as circunstâncias de sua petição? A cruz estava preparada, a paixão se aproximava a milícia dos judeus já organizara suas fileiras. O Senhor fala de sua morte, os discípulos se agitam à vista da paixão, tremem ao seu anúncio, perturbam-se com o que ouvem, sua coragem vacila. É então que aquela mãe aparece e penetra no meio dos apóstolos. Tenta captar o favor real, implorando um trono para seus filhos.
Fazendo uma leitura positiva deste episódio poderíamos dizer que com os olhos da fé a mulher vê o futuro e antecipa as palavras do ladrão. Na cruz, este dizia: Lembra-te de mim, quando entrares em teu Reino (Lc 23, 42). Ela, antes da cruz, suplica em vista do Reino. Aquela mulher via a paixão, mas, em espírito, percebia a ressurreição. Via erguer-se a cruz, mas também abrir-se o céu. Via os cravos e contemplava já o trono de glória.
A mãe adotou um ar solene, um olhar suplicante: Prostrou-se diante de Jesus, para lhe fazer um pedido. E que pediu? O melhor para os filhos, como é próprio de uma mãe: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. Nada menos! Pedia os dois primeiros lugares naquele Reino que tanto ela como os filhos ainda imaginavam como um reino terreno.
Jesus olhou-a, imagino que carinhosamente divertido. Sorrindo, dirigiu-se aos dois que tinham vindo com a mãe, e disse-lhes: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Cristo ia ser, Rei, mas o seu Reino seria conquistado pela Cruz, por meio da sua entrega redentora. Eles não sabiam ainda o que isso significava, saberiam mais tarde; mas, mesmo assim, com simplicidade inconsciente, respondem sem hesitar: Podemos! Como que a dizer: Estamos dispostos a tudo, contanto que nos tenhas, no Reino, como homens de confiança, bem perto de ti.
Foi aí que irrompeu o conflito. Os dez outros Apóstolos, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. Pronto, já estava armada a briga. O Evangelho não a descreve com detalhes, mas todos sabem as caras que fazemos, as palavras que pronunciamos e o tom com que falamos quando estamos morrendo de raiva. No caso, morrendo de inveja: Quem pensam que são esses dois, que querem passar à frente de todos nós, e ainda por cima com intercessão materna?
Jesus, calmo e entristecido pelo espetáculo, chamou-os, e disse-lhes: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós faça-se vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro faça-se vosso escravo. Assim como o Filho do homem – o próprio Jesus – veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por uma multidão.
A ambição dos dois irmãos, e a explosão irritada dos outros dez, deram ensejo ao Senhor para expor uma das lições mais belas do Evangelho: o espírito de serviço. Não nos podemos comparar, para ver se um é mais do que o outro; não nos devemos deixar arrastar pela inveja e uma competitividade vaidosa; pelo contrário, a nossa ambição deve ser dar-se totalmente e servir, por amor, como Jesus faz. Aí encontraremos a felicidade. Porque é dando que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se ressuscita para a vida eterna.
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