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11 de jul. de 2011

“Que queres de nós, Jesus Nazareno?

30 de agosto

 

O "homem com um espírito impuro" representa todos os homens e mulheres, de todas as épocas, cujas vidas são controladas por esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de medo, de exploração, de exclusão, de injustiça, de ódio, de violência, de pecado. É essa humanidade prisioneira de uma cultura de morte, que percorre um caminho à margem de Deus e das suas propostas, que aposta em valores efêmeros e escravizantes ou que procura a vida em propostas falíveis ou efêmeras. O Evangelho de hoje garante-nos, porém, que Deus não desistiu da humanidade, que Ele não se conforma com o fato de os homens trilharem caminhos de escravidão, e que insiste em oferecer a todos a vida plena.

rio

A profecia do Amor

Nosso Deus nos compreende. Sabe que o ser humano não é capaz de resistir à sua Presença infinita, de escutar sua Palavra de fogo, de agüentar seu Olhar penetrante. Nosso Deus sabe que -nas condições atuais de nossa existência- um encontro "cara a cara" com Ele seria para nós mortal. Se nossos olhos não podem suportar a luz direta do sol, se nossos tímpanos arrebentam ante um ruído forte, se nossa pele se abrasa na cercania do fogo, como tentar manter-nos ante a ardente Presença de nosso Deus? Como pretender escutar ao vivo sua Voz?

É um ídolo esse "deus" do qual alguns presumem estar tão próximo. É um "deus" sem mistério, vulgar, ritualista, que não estremece, nem emociona; que é o recurso fácil de homens e mulheres assim chamados "religiosos". Esse é um "deus" do qual se sabe tudo, cuja vontade se conhece e quem seus devotos se transmitem "ao vivo".

O Deus de nossa revelação não é assim. Nosso Deus é o Mistério de todos os mistérios. É o Invisível por excesso de claridade, o Inaudível por excesso de Voz e de Palavra, o Inatingível por excesso de imensidão e Presença. Por isso, bem entendeu sua essência o povo de Israel no Sinai, quando ante sua Presença se sentia morrer! O qual obrigou a Deus a dizer a Moisés: "Têm razão! Suscitarei um profeta entre teus irmãos... porei minhas palavras em sua boca.... Falará em meu nome" .

Que imensa é a condescendência de Deus! Como sabe abaixar-se, pôr-se à nossa altura, contextualizar-se em nossos limites! O profeta eleito não será um super-homem, nem um extraterrestre, mais "um de nossos irmãos". Ele será a voz de Deus, seu sacramento vivente, sua presença tangível e audível. Nele encontramos a "abreviatura de Deus", com Ele o mistério de Deus está ao nosso alcance.

Esse irmão nosso, esse profeta de Deus é JESUS . Assombrava com sua doutrina "do tudo especial", com sua forma de ensinar com autoridade, e não como os escribas e fariseus. Suas palavras e gestos eram eficazes, transformadores. Não era profeta de diagnósticos de morte, mais também de curas e ressurreições. Não pedia coisas impossíveis, senão que lhe seguíssemos e que confiássemos na força milagrosa de seu Espírito. Não era só um detector de demônios, mais um exorcista que os vencia em qualquer circunstância.

Compartilhar a missão profética de Jesus é uma honra, um presente concedido a quem se incorpora ao seu Corpo pelo Batismo e a Eucaristia. Também nós podemos ser presença e manifestação acessível de Deus para nossos irmãos e irmãs. Também nós recebemos o dom profético que consiste mais em salvar do que em condenar, mais em fazer viável o caminho que em detectar os obstáculos, mais em anunciar a Graça que em denunciar o pecado. No entanto, somos profetas "sem autoridade" quando exercemos o ministério do "blá-blá-blá", falando por falar e sem ter nada especial que dizer, quando criticamos a sociedade, a Igreja, aos nossos, sem oferecer soluções factíveis e viáveis.

O pior, no entanto, é suplantar a Deus. Dizer em seu nome o que Ele não disse. Daí nascem religiões idolátricas, as ditaduras religiosas, as profecias que brotam da violência interior e que geram contextos de profunda amargura. Quem fala em nome de Deus sem o impulso de Deus é um idólatra de si mesmo, um demônio. Por isso, cuidado com a profecia! Não queiramos ser profetas tão facilmente. Proclamemos a Palavra com temor e tremor e não com auto-suficiência. Falemos quando já não podemos encerrar no coração o Fogo. E então deixemos que o Verbo de Deus utilize nossa boca, que o Espírito de Deus gema em nosso ser. Só então seremos profetas do Único Profeta!

A encíclica primeira do Papa Bento XVI me parece como um gemido do coração, como uma mensagem de Graça de um humilde porta-voz da Voz. É um canto ao Amor que todos precisamos para que nossa profecia indique que ali está Deus. O amor condescendente, que se abaixa e que utiliza nossa linguagem é a forma como Deus chega a nós.

José Cristo Rey Garcia Paredes

 

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