Agosto(20-sexta)2010 Comentário à 1ª Leitura
(20ªsemana T.Comum-
Ez 37,1-14 Ossos ressequidos, escutai a palavra do Senhor! Vou abrir as vossas sepulturas
e conduzir-vos para a terra de Israel.
[Evangelho Amarás o Senhor teu Deus, e ao teu próximo como a ti mesmo.Mateus 22,34-40 ]
O cap. 37 é a narrativa da visão de Ezequiel em que um enorme campo de ossadas ressequidas readquire vida. Essa imagem em Ezequiel não se refere à ressurreição individual, que será, no cristianismo, o divisor de águas apresentado por Jesus como a grande esperança humana. Na profecia de Ezequiel os ossos ressequidos são imagem do povo exilado, humilhado e sem esperança e, por isso são como mortos. A descrição da visão profética encontra-se no contexto dos oráculos que anunciam um novo começo coletivo para Israel, como nação e como povo que retorna à terra natal de onde fora exilado.
Em Mateus 22, 34-40 assistimos à cena dos fariseus que se acham mais espertos que os saduceus, grupo que não tinha conseguido vencer a polêmica com o Mestre nazareno. O trecho de Mateus situa-se dentro de um conjunto de narrativas de conflito com os adversários. A pergunta é feita para servir de armadilha nessa polêmica. Jesus no entanto cita a famosa oração mais famosa dos judeus (citada no comentário de ontem) tirada de Deuteronômio 6, 5 e, depois de Levítico 19,18.
O grande mandamento é bem conhecido dos interlocutores: amarás teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, (de todo teu pensamento – termo que se encontra só na versão grega da Septuaginta à época de amplo uso entre os judeus).
A grande originalidade dessa resposta de Jesus encontra-se na síntese que ele propõe para toda a Lei e os Profetas. Os dois mandamentos eram conhecidos por todos. Mas o Mestre os reúne nessa proposta do Primeiro mandamento fundamental com um “Segundo” e na importância igual que lhes dá. O segundo é “semelhante” ao primeiro. A semelhança não é de identidade de suas naturezas (como se amar o próximo fosse a mesma coisa que amar a Deus e vice-versa). Mas a semelhança está na igual importância dos dois mandamentos. Na prática, quem observa o mandamento fundamental não irá abandonar o próximo. É necessário amar o outro “como um si mesmo” (não significa primeiro amar-se e depois amar o próximo, mas como um sujeito que deve ser amado em si mesmo, de novo, “de todo o coração”, de verdade, sem fingimento). Ora isso, na prática também só acontece quando se é movido pelo Espírito (ver parábola do juízo final e MT 25, 40).
( prof.FernandoSM, Rio, fesomor2@gmail.com )
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