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23 de ago. de 2010

Agosto(24-terça)2010 - Prof. Fernando

Agosto(24-terça)2010 Comentário à 1ª Leitura

(21ªsemana T.Comum - 22 a 28 agosto ( http://liturgiadiariacomentada.blogspot.com/

Ap 21,9b-14 doze alicerces e sobre eles escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

[ Evangelho Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade. João 1,45-51 ]

Comentários nesse Blog, em 15/07 e 6/08, traziam uma introdução geral ao gênero literário apocalíptico. Hoje no livro do Apocalipse sobre a Jerusalém celeste – o oposto da figura de Babilônia – que representa a realização social do reino do Cordeiro por oposição ao reino do Dragão. Todo o livro do Apocalipse traz as visões fantásticas de João e sua simbologia depende sempre das interpretações que podemos fazer. Pheme Perkins – professora numa universidade católica em Boston, especialista em teologia bíblica – compara a luta entre o bem e o mal que aparece em filmes atuais como Guerra nas Estrelas às angústias vividas pelos cristãos do final do século I , quando o Império Romano perseguia (às vezes até o martírio) os que se recusavam a adorar o imperador. Os filmes modernos refletem um mundo tecnológico e até futurista mas a angústia do pequeno grupo dos que são gente “do bem” como se diz, é semelhante.

Em todo o livro apresentam-se pares opostos. De um lado, o Ser divino, de outro, o poço do abismo infernal; o Bem está com o Filho do Homem contra Shatan, o adversário; o Cordeiro tem como inimigo o Dragão; os Viventes opõem-se aos cavaleiros da morte e a figura da Mulher à grande prostituta enquanto vemos a Criança e a Besta. Finalmente, opõem-se a nova Jerusalém e Babilônia que é símbolo das das relações sociais (a Cidade) corrompidas.

O Apocalipse apresenta muitas dificuldades de interpretação, a começar pela eventual fusão de outros textos anteriores, já que se encontram muitas passagens repetidas e rupturas na sequência das visões. O livro, no entanto, é uma espécie de poema sobre a esperança cristã e deve ser lido como o canto do triunfo final das comunidades perseguidas: afinal Cristo já derrotou Shatan.

No trecho de hoje, o número doze, símbolo da totalidade das tribos de Israel, serve também para indicar os fundamentos da nova Cidade construída sobre os nomes dos 12 apóstolos. É nessa cidade que as promessas divinas serão cumpridas plenamente. Grande parte das metáforas derivam de Ezequiel (cap.40; 43; 48) e funde a imagem da “noiva” com a arquitetura da cidade. A própria Cidade se torna a esposa do Cordeiro. Por contraste podemos também compreender o que será essa Jerusalém “que desce do céu” se acompanhamos com atenção a destruição da “Babilônia”, cidade em que os habitantes são objetos ou coisas em vez de serem respeitadas como pessoas.

O anúncio evangélico do dia traz uma cena do cap.1 do Evangelho segundo João. O autor desse 4º evangelho começa, como o livro do Gênesis, com as palavras “No início”. A segunda parte do capítulo e parte do cap.2 trazem sete testemunho sobre Jesus distribuídos ao longo de 7 dias, como uma nova semana da Criação de Deus. 1) João Batista afirma que ele não é o Messias; 2) “no dia seguinte” – versos 29-34 – aponta Jesus como o cordeiro de Deus; 3) (versos 35-39) o Batista fala a dois de seus discípulos sobre esse Cordeiro de Deus; 4) André, irmão de Simão Pedro, lhe diz: “encontramos o Messias” (vv.40-42); 5) “no dia seguinte” (seria um quinto dia) será Felipe quem dará seu testemunho a Natanael sobre o Messias – vv 43-51; 6) Natanael, por sua vez, dá seu testemunho: “Rabí, tu és o Filho de Deus”; a conclusão da primeira semana de “recriação” se encerra com o milagre de Caná onde “ele manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele” (Jo2,11).

A esperança de ver concretizado o novo Reinado de Deus (Jerusalém, na visão final do Apocalipse da primeira leitura) é possível porque se iniciou uma “nova criação” (Jesus, tal como é apresentado na visão introdutória do evangelho de João).

A conclusão do verso 51 (“anjos subindo e descendo”) mostra o Filho do Homem como sendo, ele mesmo, a “Escada de Jacó” (figurada em Gen.28, 12 ), ou seja, ele é a possibilidade de conexão do “mundo celestial” com o mundo terreno de nossa história.

Natanael, segundo tradições judaicas, estudava a Lei sob uma figueira, procurando a verdade sem fingimento. Ele diria, como João (1, 17): A Lei nos foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade nos vieream por Jesus Cristo.

( prof.FernandoSM, Rio, fesomor2@gmail.com )

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