Sexta27/08/2010
As dez moças
Mt 25,1-13
O noivo está chegando: ide ao seu encontro!
Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola das dez jovens que foram, com suas lamparinas acesas, esperar o noivo para a festa nupcial. Cinco delas eram imprevidentes e não levaram reserva de óleo, caso o noivo atrasasse. As outras cinco levaram. Aconteceu que o noivo atrasou e as cinco imprevidentes, com suas lamparinas apagadas, não puderam entrar para a festa! Vemos que a parábola trata da vigilância, isto é, do cuidado constante que devemos ter a fim de que estejamos sempre preparados para o encontro com o Senhor. Jesus mesmo fala no final da parábola: “Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.
Esta parábola era facílima de entender pelo povo daquele tempo, porque trata de um procedimento comum nos casamentos: Eles geralmente eram celebrados à noite, e no mesmo local da festa. A noiva ficava ali esperando, e era o noivo que chegava de forma festiva. Um grupo de moças o recebia do lado de fora, segurando lamparinas acesas, e o levavam em cortejo até a sua noiva. As moças tinham de esperar já com as suas lamparinas acesas, porque não dava tempo de acendê-las na hora. O atraso do noivo era comum, assim como hoje o atraso da noiva. Mas, quando ele chegava, o cortejo já devia estar pronto, com suas lamparinas acesas. As moças o recebiam e entravam com ele no local da festa. Era certamente muito bonito ver o noivo cercado de luzes e de garotas bonitas. Mas neste casamento aconteceu um problema: O noivo atrasou muito e a metade das moças não haviam levado reserva de óleo, contando com esse possível atraso. Elas foram comprar e chegaram atrasadas, sendo impedidas pelo porteiro de participarem da festa.
Aqui a parábola muda de tom. As atrasadas chamam o noivo de Senhor: “Senhor, abre-nos a porta!” Na verdade, não se trata mais do noivo, mas de Deus. O sentido da parábola é claro: As jovens somos nós, e o casamento é o nosso encontro definitivo com Deus.
As lamparinas acesas representam a graça de Deus em nós. Deus virá ao nosso encontro para a grande festa nupcial, que acontecerá no céu. O seu atraso é a duração da nossa vida, que pode chegar a cem anos. Não sabemos quando ele vai chegar, por isso é melhor providenciar muita reserva de óleo. Esta reserva são as virtudes cristãs e as boas obras, que alimentam em nós a graça de Deus. Se alguém se descuidar, de uma hora para outra pode perder a graça de Deus, e “dormir”, aí pronto: Cristo chega de repente e estaremos sem a graça, sendo portanto excluídos do céu!
No batismo, nós recebemos a luz da fé e da graça de Deus. Mas precisamos estar com esta luz acesa na hora do encontro definitivo com ele. E como não sabemos o dia nem a hora, precisamos estar sempre preparados. Não podemos brincar com coisa séria. Podemos cometer imprudências em tudo na vida, menos neste ponto, pois aí está em jogo a nossa eternidade!
Encontrar-nos com Deus é tão bom que Jesus comparou esse encontro com uma festa, um encontro nupcial. Entretanto, Jesus conhece a nossa fraqueza e a importância de estarmos preparados para esse encontro, por isso nos adverte: “Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”. Vigiar é estar atento, permanecer acordado. Muitas coisas acontecem em nossa vida. Mas existe uma que ganha em importância: um dia vamos morrer. E ali não haverá mais tempo de rever a vida, isto tem de ser feito agora! A maioria das pessoas se esquece disso. Não precisamos ter medo da morte, e sim estarmos sempre preparados para ela.
A nossa vida é uma luta, pois os mais variados apegos são oferecidos a nós. E esses apegos nos levam a deixar de lado o principal. Mas quem ama a Deus sobre todas as coisas, faz tudo em função desse amor.
Hoje celebramos a memória de Santo Agostinho, filho de Santa Mônica, que celebramos ontem. Como jovem, morando em Cartago, longe da família, Agostinho afunda-se nos vícios e na devassidão, seguindo o exemplo do pai. Entretanto, ele sentia um grande desejo de procurar a verdade. Terminado o curso de retórica, fez a faculdade de filosofia, mas não encontrou a verdade. Havia em Cartago uma seita chamada maniqueísmo, baseada na separação entre alma e corpo. Segundo eles, o corpo nos puxa para o mal e a alma para o bem, produzindo uma luta interna. Por muito tempo Agostinho seguiu a seita, mas não se convenceu.
Mudou-se para Roma, e lá, graças à oração da mãe, se converteu ao cristianismo. Ele mesmo descreve, em seu livro chamado Confissões, como foi a sua conversão:
“Um dia eu estava chorando, debaixo de uma figueira, debatendo-me entre sentimentos e forças opostas. Resolvi abrir a Bíblia e ler o que estivesse na frente. Li o seguinte:
‘Caminhemos como de dia. Nada de desonestidades nem de contendas. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não procureis satisfazer os desejos da carne’ (Rm 13,13-14). Eu não quis ler mais nada. Fechei a Bíblia. Ali estava a verdade que sempre procurei na vida”.
Agostinho levantou-se, procurou o seu amigo Dom Ambrósio, bispo de Milão, hoje Santo Ambrósio, e pediu o batismo. A partir daí foi crescendo na fé, na sabedoria e em todas as virtudes, tornando-se um dos maiores teólogos da Igreja.
“Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça” (2Tm 3,16).
Peçamos a Maria Santíssima e a Santo Agostinho que nos ajudem a seguir o exemplo das cinco jovens previdentes.
O noivo está chegando: ide ao seu encontro!
Padre Queiroz
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